Cidade do Vaticano, 02 jun (Lusa) -- O papa Bento XVI efetua sábado e domingo uma visita à Croácia onde vai defender a identidade cristã da Europa num país designado pelo Vaticano por "pequena Polónia" devido à sua tradicional devoção católica.
Durante os dois dias, onde apenas permanecerá na capital Zagreb, Bento XVI vai contactar com uma população 90 por cento católica que assimila os valores nacionais e receia a diluição na Europa, num período em que decorrem num ritmo lento as negociações para a adesão da ex-república jugoslava à União Europeia (UE).
O papa vai encontrar um país confrontado com uma grave crise económica, bloqueado nas negociações finais para a entrada no clube dos 27 e onde o euroceticismo e a eurofobia ganham terreno, sobretudo entre os meios católicos, refere a agência francesa AFP.
No domingo, durante uma missa ao ar livre por ocasião da "festa das famílias", e na véspera perante os jovens e o mundo da cultura, Bento XVI deverá afirmar a vocação natural da Croácia no seio da Europa, mas sem renegar os seus valores cristãos e a sua cultura.
Em Zagreb, Bento XVI deverá recordar a mensagem que emitiu quando recebeu em abril Filip Vucak, o novo embaixador croata na Santa Sé.
Na ocasião, criticou os europeus "amnésicos" que recusam a "realidade das raízes religiosas do continente" e exortou Zagreb a "não ter medo de reivindicar com determinação a sua própria identidade religiosa e cultural" e evitar "os escolhos contrários ao direito natural, à família". Uma referência às leis (aborto, eutanásia, divórcio, bioética) adotadas em diversos países europeus.
De acordo com a AFP, aguarda-se que o papa também se refira aos direitos dos croatas da Bósnia, no contexto da crise institucional que se prolonga há meses no país vizinho.
Em abril e perante Vicak, Bento XVI exprimiu a sua "satisfação" pelo "interesse" demonstrado por Zagreb para que "consigam preencher a função que lhes corresponde enquanto um dos três povos constitutivos do país".
A Santa Sé e a Croácia mantêm uma relação particular. À semelhança da Polónia, a igreja manteve-se a guardiã da identidade nacional quando a nação não existia por motivos históricos e numa zona da Europa partilhada durante largo período pelos extintos impérios austro-húngaro, alemão e russo.
O papa polaco João Paulo II deslocou-se por três vezes à Croácia. Em janeiro de 1992, e três dias antes dos países da UE, o Vaticano decidiu reconhecer o novo Estado croata, que tinha promovido a sucessão unilateral da ex-Jugoslávia.
Por sua vez, o alemão Joseph Ratzinger, que deve ainda encontrar-se com o presidente social-democrata Ivo Josipovic e a primeira-ministra conservadora Jadranka Kosor, efetua a sua primeira visita ao país católico do norte dos Balcãs.
fonte: http://sicnoticias.sapo.pt/Lusa/2011/06/02/vaticano-bento-xvi-visita-croacia-no-fim-de-semana
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