18/04/2012

SBB publica a Septuaginta e acaba mentira protestante

Por Fernando Nascimento

Era praxe no meio protestante, sacarem do seu paiol de mentiras estratégicas a afirmação que: “a Igreja Católica colocou sete livros na bíblia em 1546, no concílio de Trento, para em seguida bradarem chamando tais livros de “apócrifos”, “espúrios”, "escondidos", "secretos", "obscuros", com mera intenção de completar a diabólica mentira contra a Igreja.
Recentemente a SBB – Sociedade Bíblica do Brasil, que publica as bíblias protestantes no Brasil, acabou com mais de 450 anos de mentira protestante, quando para a surpresa de todos, publicou a Septuaginta, ou seja, uma bíblia que reúne os livros do Velho testamento usada pelos apóstolos de Jesus e que contém os sete livros que eles, os protestantes, alegavam que a Igreja Católica havia “acrescentado”.

De sorriso amarelo, a SBB publicou o seguinte texto confuso que promovia a obra:

“Septuaginta (ou Tradução dos Setenta)


Esta foi a primeira tradução. Realizada por 70 sábios, ela contém sete livros que não fazem parte da coleção hebraica, pois não estavam incluídos quando o cânon (ou lista oficial) do Antigo Testamento foi estabelecido por exegetas israelitas no final do Século I d.C.
A igreja primitiva geralmente incluía tais livros em sua Bíblia. Eles são chamados apócrifos ou deuterocanônicos e encontram-se presentes nas Bíblias de algumas igrejas.

Esta tradução do Antigo Testamento foi utilizada em sinagogas de todas as regiões do Mediterrâneo e representou um instrumento fundamental nos esforços empreendidos pelos primeiros discípulos de Jesus na propagação dos ensinamentos de Deus.” http://www.sbb.org.br/interna.asp?areaID=45
Vamos por partes, fazer as devidas correções no despistador texto da SBB:

1- Diz a SBB: “Esta foi a primeira tradução. Realizada por 70 sábios, ela contém sete livros que não fazem parte da coleção hebraica, pois não estavam incluídos quando o cânon (ou lista oficial) do Antigo Testamento foi estabelecido por exegetas israelitas no final do Século I d.C.”

Correção: os sete livros não fazem parte da coleção hebraica, porque essa tal “coleção hebraica” é posterior a coleção cristã, é do final do primeiro século e foi feita pelos judeus que perseguiram Jesus e queriam extirpar os livros cristãos do meio judaico. Confirmando isso diz a SBB em vergonhosa contradição: ” A igreja primitiva geralmente incluía tais livros em sua Bíblia”. Detalhe: a “Igreja primitiva” é a Igreja de Jesus, a mesma e milenar Igreja Católica.

2- Diz a SBB: “Eles são chamados apócrifos ou deuterocanônicos e encontram-se presentes nas Bíblias de algumas igrejas.”

Correção: os sete livros são chamados “apócrifos” pelos inimigos de Cristo que os arrancaram de seu cânon judaico, feito só no final do primeiro século. Deram-lhes malandramente o nome de “apócrifos” para desclassificá-los e os protestantes engoliram e se acomunaram aos escarnecedores de Jesus.

<> sempre significou: [escritos de assunto sagrado não incluídos pela Igreja no Cânon das Escrituras autênticas e divinamente inspiradas,] (Dicionário Enciclopédia. Encarta 99).

Ou seja, “apócrifos” são os livros que ficaram fora do Cânon da Igreja, e os que estão na Septuaginta, estão sim no Cânon da Igreja, e a SBB provou isso dizendo: ” A igreja primitiva geralmente incluía tais livros em sua Bíblia”.

3- Diz a SBB: Esta tradução do Antigo Testamento foi utilizada em sinagogas de todas as regiões do Mediterrâneo e representou um instrumento fundamental nos esforços empreendidos pelos primeiros discípulos de Jesus na propagação dos ensinamentos de Deus.”

Ou seja: a SBB está simplesmente confessando que a Septuaginta, que é o velho Testamento da bíblia católica “foi utilizada em sinagogas de todas as regiões do Mediterrâneo e representou um instrumento fundamental nos esforços empreendidos pelos primeiros discípulos de Jesus na propagação dos ensinamentos de Deus.”

Isso explica o porquê de tais livros já se encontrarem, inclusive, na Bíblia de Gutemberg, impressa cerca de 100 anos antes da Reforma Protestante.

A Bíblia de Gutemberg pode ser acessada e integralmente consultada na Biblioteca Britânica, neste link:

http://molcat1.bl.uk/treasures/gutenberg/search.asp

Lutero traduziu para o alemão os livros deuterocanônicos. Na sua edição alemã datada de l534 o catálogo é o mesmo dos católicos. A sociedade Bíblica protestante até o sec. XIX incluíam os deuterocanônicos em suas edições da Bíblia.

Depois disso os excluiu, e para justificar essa grave blasfêmia, criaram um mar de calúnias contra a Igreja Católica. Até hoje os protestantes costumavam levianamente pregar uma justificativa mentirosa para cada livro que arrancaram.

Logo, o que o protestantismo usa não é a bíblia, mas o cânon farisaico do Velho Testamento, junto ao cânon católico do Novo Testamento. Logo o que o protestantismo prega não é a verdade, mas a Mentira, esse instrumento do Diabo.
“Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira”. (Jo 8,44).

12/04/2012

Mensagem de um médico aos Ministros do Supremo Tribunal Federal

Aos Excelentíssimos Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF),

Respeitosamente, informo-lhes como cidadão brasileiro, natural do Rio de Janeiro, RJ, que o direito à vida é sagrado, não tendo nenhum de nós o direito de determinar quem deve viver e quem deve morrer, não importando se o ser humano em questão tem ou não malformações.

A vida humana verdadeiramente começa no momento da concepção, a qual se dá no terço superior da trompa uterina, quando surge o zigoto pelo encontro do espermatozóide com o óvulo. O zigoto vai sofrendo mudanças num processo contínuo, até a sua nidação no endométrio uterino. Todos nós, sem exceção, começamos a nossa existência a partir da fase de zigoto (primeiros quinze dias da fecundação até a nidação), que é seguida pela de embrião (da terceira até a sétima semanas de gestação, quando todos os nossos órgãos são formados), que é seguida pela fase fetal (do início da oitava semana até as 37-39a semanas de gestação, quando se dão o crescimento e o desenvolvimento dos órgãos e sistemas já formados). Da fase fetal vem a de recém-nato lactente, depois a de criança, depois a de adolescente, a de adulto jovem, a de adulto maduro, e por fim a de adulto idoso. Negar tudo isso é negar a Verdade biológica.

Todos nós erramos e a capacidade que temos de buscar justificativas para os nossos erros (pecados) é ilimitada! Quantos tratados são escritos buscando-se justificar o que é moralmente, intrinsecamente mal! As justificativas escritas e faladas são múltiplas, geralmente bem elaboradas, e envolvem sempre uma visão parcial dos problemas complexos da vida, podendo ser justificativas jurídicas e/ou políticas e/ou sociológicas e/ou psicológicas e/ou filosóficas e/ou circunstanciais e/ou econômicas e/ou históricas, etc, etc.

A Verdade por ser a Verdade é perene, não muda! Nenhum problema complexo, que envolve o viver humano, realmente se resolve por meio de soluções simples como a aprovação de uma Lei que torna lícito o moralmente ilícito, o intrinsecamente mal. Problemas complexos exigem soluções complexas.

Toda questão polêmica, pelo simples fato de ser polêmica, ao gerar posições moralmente contraditórias, já mostra ser, em si, intrinsecamente, um mal moral, que se quer aprovar como sendo aceitável ou como sendo moralmente indiferente. Dito de outro modo: A polêmica surge quando se quer tornar moralmente lícito o que é intrinsecamente, naturalmente, um mal moral.

Nenhuma Lei consegue transformar a mentira em verdade. Sabemos que nem tudo o que é legal na Lei é moralmente lícito.

É dever do Estado defender sempre a vida, especialmente a do mais fraco, principalmente de quem não tem voz, devendo o nascituro ser incluído neste grupo, independentemente de ele ser ou não malformado, e desde o momento da concepção, pelo que foi explicado acima.

Somente a Verdade nos torna verdadeiramente humanos, verdadeiramente livres e verdadeiramente felizes. Onde o Amor prevalesce todos os problemas, por mais complexos que sejam, encontram a sua solução. Lembrem-se do exemplo da madre Teresa de Calcutá, que sempre defendeu a prevalência do Amor na solução dos problemas complexos da vida. Ela, aparentemente sem nada, no seu testemunho de Amor ao próximo, incluindo as crianças não-nascidas, não-queridas, conseguiu com a ajuda de Deus, o humanamente impossível.

Os Senhores e Senhoras Ministros do STF, como Doutores da Lei, devem lembrar-se que o Dono da Verdade está acima de nós. Sem Ele não somos nada e facilmente trocamos os pés pelas mãos.


Atenciosamente.

Fernando Colonna Rosman
Professor Adjunto
Departamento de Patologia
Faculdade de Medicina
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Médico Patologista
Serviço de Anatomia Patológica
Hospital Municipal Jesus
Rio de Janeiro-RJ
Av. Borges de Medeiros 3181
CEP 22470-001 Rio de Janeiro, RJ
Tel: (21) 2539-8769

fonte 
http://www.veritatis.com.br/inicio/blog/1370-mensagem-de-um-medico-aos-ministros-do-supremo-tribunal-federal

03/04/2012

Jeová e suas testemunhas

Os hereges entendem sempre de forma distorcida tudo o que a Igreja faz com retidão.” (S. Gregório Magno, Moralia in Job, Libro VI, 41)

Gostaria de começar a elucidar um pouco mais sobre esta seita com esta bela frase acima citada, pois acolhe perfeitamente o que ocorre de forma direta e indireta através de sua “metodologia evangelizadora”. Nesta breve contextualização abordativa (mas com extrema objetividade e de foco reflexivo) será salientado o histórico desta seita que hoje ainda continua a atacar a Santa Sé com sua “doutrina”.
O Fundador das Testemunhas de Jeová foi um rico comerciante americano: Sr. Charles Tase Russel (1852 – 1917). O nome porém, é de autoria do imediato sucessor: o Sr. Rutherford.
É bom que se diga logo de início: a seita não é cristã, pois, além de muitas verdades do credo cristão, nega a própria divindade de Cristo.
Russel, de família presbiteriana, aos 20 anos passou aos adventistas, encantado com a idéia de que o inferno não existia. Talvez na tentativa de abafar mais conscientemente a voz da consciência, uma vez que, na vida privada não era flor que se cheirasse. Para começo de conversa, a esposa o fez condenar por adultério e acabou separando-se dele. O homem devia passar-lhe uma mensalidade mas encontrou um jeito de esquivar-se à obrigação. Inventou também um trigo “milagroso”, cujas espigas atingiriam o tamanho das espigas de milho, e o vendeu a preço majorado…Homem de muita criatividade, enfim.
Iniciou suas investigações bíblicas, juntamente com um grupo de discípulos, que apelidou de “estudiosos da Bíblia”. Esperando ter mais sorte do que o mestre William, atirou-se ao estudo de números e datas, em busca do dia exato em que findaria este mundo mau, para iniciar um “paraíso terrestre de dois mil anos…” e soltou a primeira profecia; outubro de 1874. Como era previsto nada aconteceu.
Completamente leigo em assuntos bíblicos, chega a escrever bem sete volumes de comentários, são de dar enfarte num elefante. Famosa a do IV Volume. Para conseguir o número da “besta” (666), a ser aplicado ao Papa, somou números, subtraiu outros, acrescentou os dos navios da frota dos EUA e… pronto! E ninguém se atrevesse a contradizer: O que ele dizia era revelação divina.
Sempre baseado na Bíblia, arriscou a segunda profecia: o ano de 1914 marcaria o início dos 1000 anos de felicidade… E arrebentou a primeira guerra mundial (fico imaginado ele tentando explicar isso em casa…)! “Ele tinha culpa – explicava, a cada fiasco – se a misericórdia do bom Deus dava mais um prazo para os pecadores se converterem?” Muitos discípulos deram parte contra ele, pois, na certeza do fim, tinham vendido seus bens. Mas o Sr. Russel, assistido pelo advogado Rutherford (futuro sucessor… acho que já havia certo interesse a partir desse momento, e vocês?), ganhou a parada, provando que ele só tinha falado do fim do mundo: não os tinha obrigado a vender os bens.
Terceira profecia: o fim do mundo cairia, com certeza absoluta (dessa vez ele tinha certeza), em 1918. E adivinha… Realmente acabou, pra ele, que morreu um ano antes de ver que sua tentativa profética mais uma vez havia falhado (acho que “alguém” das profundezas não gostou muito dessas tentativas), bom, uma coisa ficou certa: que o Sr. Russel era um falso profeta.
John Rutherford é o sucessor. Ele também profeta – que hilariante. Para reanimar os adeptos desiludidos, interpondo prudentemente um prazo de tempo mais amplo, fez um anúncio sensacional: em 1925 voltariam Abraaão, Isaac e Jacó, para o governo dos 1000 anos!… aiai, eles estão atrasados até hoje, pois não vieram nenhum dos três… mais uma vez mentira.
O homem, por medo de ser linchado, sumiu. Voltou depois de um bom tempo e, sempre culpando do atraso a misericórdia divina, jurou que os três patriarcas estavam a caminho. Para confirmar, mandou-lhes construir, em São Diego da Califórnia, uma grandiosa mansão. Um carro de super luxo, com motorista, estava de prontidão, aguardando a chegada da “nobreza”, tudo que o Sr. Rutherford conseguiu foi morrer na dita mansão, em 1942.
Terceiro sucessor Nathan Knorr. Ensinado por tantas garfes, doravante, as testemunhas de Jeová se tornam mais prudentes. Como primeiro ato, o Sr. Knorr vendeu a famosa mansão: era um monumento à mentira. Mas também ele não resistiu a tentação da profecia. No grande Congresso de 1960, marcou o fim do mundo para 1975. Alguém viu alguma coisa?
Apesar de tantas mancadas, as Testemunhas de Jeová continuam arrumando seguidores. O método de conquista é baseado na persistência e na organização comercial do trabalho. São vendedores de religião (a religião deles), de porta em porta ganham muitíssimo dinheiro, à custa dos simplórios. Resulta, do Anuário das Testemunhas de Jeová de 1983, página 30, que só para remunerar seus milhares de propagandistas a tempo pleno, gastaram 20.843.248,53 dólares.
Naturalmente para a sua propaganda que eles chamam de Evangelização, as Testemunhas de Jeová se baseiam na Bíblia. Mas cuidado, muito cuidado! Nos primeiros encontros, eles podem apresentar uma Bíblia Católica, se for necessário, até com a fotografia do Papa, mas logo em seguida a substituem com uma bíblia deles intitulada “Novo Mundo das Sagradas Escrituras”. Dita Bíblia diz tudo o que eles querem e como querem, pois a esse fim foi oportunamente retocada e manipulada. E o povinho cai na armadilha.
Quem deseja conhecer mais a fundo sobre as heresias e contradições das Testemunhas de Jeová, leiam o interessante livro “Eu era Testemunha de Jeová” de Gunter Pape (sugiro também este Testemunho incrível aonde pode-se encontrar mais detalhes sobre as heresias desta seita, disponível em: http://www.pr.gonet.biz/kb_mainframe.php?num=450), um pastor deles que passou ao Catolicismo. Mais ainda: leiam o livro “Crise de Consciência” (mais detalhes em: http://testemunhas.wikia.com/wiki/Crise_de_Consci%C3%AAncia) de Raymondo Franz, sobrinho do atual presidente das Testemunhas de Jeová, com sede em Brooklin – EUA – O rapaz, diante das barbaridades da sua seita, entrou em crise e foi posto no olho da rua. No seu livro conta tudo detalhadamente.
Não considera-se as Testemunhas de Jeová como um seguimento protestante, pois existem desvios gravíssimos na doutrina por eles ensinadas, os pontos principais são:
1. Negam a Trindade, isto é, que haja um só Deus em três Pessoas;
2. Negam a Divindade de Jesus Cristo, isto é, Jesus Cristo não é Deus, mas uma criatura, a primeira criatura feita por Deus e usada como instrumento de tudo, e mais, quando se fez homem, a sua natureza foi completamente mudada de Angélica e Espiritual em humana e material, de Miguel Arcanjo virou o homem Jesus Cristo, quando morreu na cruz, acabou-se de uma vez, negam também a Pessoa do Espírito Santo;
3. Negam que a alma humana seja espiritual e imortal, quando o corpo do homem morre, a sua alma cessa de existir;
4. Negam a possibilidade de todos se salvarem;
5. São contrários à transfusão de sangue;
6. Têm aversão para com todas as denominações Protestantes e em particular contra a Igreja Católica, não aceitam o culto a Nossa Senhora e aos Santos, a veneração cristã da cruz…;
7. Rejeitam os dados da ciência, pois para eles o mundo existe há 48.000 anos e o homem foi criado no outono do ano 4.026 antes de Cristo;
8. Como os Adventistas, também as Testemunhas de Jeová esperam a iminente vinda de Cristo. Quando Ele vier, salvará somente as Testemunhas de Jeová. Não acreditam no Inferno nem no Purgatório;
9. Rejeitam toda autoridade, civil e religiosa. Não aceitam o serviço militar nem o serviço civil correspondente. Nas eleições negam-se a votar;
A analisar por nota conclusiva deixo-vos uma bela frase que adéqua-se a esta seita assim como seu seguidores:

“Aquele que não crê conforme a tradição da Igreja católica, coloca-se de acordo com o diabo.” (S. João Damasceno, Exposición de la Fe, IV, 10[83])

Martinho Lutero sobre os crucifixos, imagens de santos e o Sinal da Cruz

Artigo traduzido do livro Martinho Lutero: Analise Crítica Católica e Louvor. Contem uma série de citações de Lutero a respeito do crucifixo e imagens.

CRUCIFIXOS

O costume de segurar um crucifixo diante de uma pessoa que esteja morrendo tem mantido muitos na comunidade Cristã e permitiu-lhes morrer com uma Fé confiante no Cristo crucificado. (Sermão sobre João, Capítulos 1-4, 1539; LW, Vol. XXII, 147)

Foi uma prática boa segurar um crucifixo de madeira diante dos olhos dos moribundos ou pressionar nas mãos deles. Isto trouxe o sofrimento e a morte de Cristo a mente, e confortava os moribundos. Mas para os outros, que arrogantemente se basearam em suas boas obras, entraram num céu que continha um fogo crepitante. Pois eles foram afastados de Cristo e falharam em impressionar a Paixão e morte vivificante de Jesus, em seus corações.(Sermão sobre João, Capítulo 6-8, 1532; LW, Vol. XXIII, 360)

Quando eu escuto falar de Cristo, uma imagem de um homem pendurado numa cruz toma meu coração, assim como o reflexo de meu rosto aparece naturalmente na água quando eu olho nela. Se não é pecado, mas sim bom em ter uma imagem de Cristo em meu coração, porque deveria ser um pecado de tê-lo em meus olhos? (Contra os Profetas Celestiais, 1525; LW, Vol. 40, 99-100)

IMAGENS E ESTATUAS DE SANTOS

Agora, nós não pedimos mais do que gentileza em considerar um crucifixo ou a imagem de um santo, como testemunha, para a lembrança, como um sinal, assim como foi lembrado à imagem de César. (Contra os Profetas Celestiais, 1525; LW, Vol. 40, 96)

E eu digo desde já que de acordo com a lei de Moises, nenhuma outra imagem é proibida, do que uma imagem de Deus no qual se adora. Um crucifixo, por outro lado, ou qualquer outra imagem santa não é proibida. (Ibid., 85-86)

Onde, porém, imagens ou estatuas são produzidas sem idolatria, então a fabricação delas não é proibida.

Meus confinadores devem também deixar-me ter, usar, e olhar para um crucifixo ou uma Madonna… Contanto que eu não os adore, mas apenas os tenha como memoriais. (Ibid., 86,88)

Porém, imagens para memoriais e testemunho, como crucifixos e imagens de santos, são para ser tolerados… E não são apenas para ser tolerados, mas por causa do memorial e testemunho eles são louváveis e honrados… (Ibid., 91)

SINAL DA CRUZ

Oração da Manhã

De manhã, quando você levantar, faça o sinal da santa cruz e diga:

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém…

À noite, quando fores dormir, faça o sinal da santa cruz e diga:

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

(Pequeno Catecismo, 1529, Seção II: Como o Chefe da Família Deve Ensinar a Sua Família a Orar Pela Manha e Noite, 22-23)

Assim se originou e continua entre nós o costume de dizer a graça e retornando graças às refeições, e outras orações de manhã e à noite. Da mesma fonte veio a prática com crianças de benzer-se a visão ou audição de ocorrências aterrorizantes… (Grande Catecismo, 1529, O Segundo Mandamento, seção 31, p.57)

Se o diabo coloca na sua cabeça que em você falta a santidade, a piedade e o merecimento de Davi e por essa razão não podem ter certeza que Deus escutará você, faça o sinal da cruz e diga a si mesmo: “ Deixe ser piedosos e dignos aqueles que serão!! Eu sei com certeza que eu sou uma criatura do mesmo Deus que criou Davi. E Davi, independente de sua santidade, não tem um Deus nem melhor nem maior do que eu.” (Salmo 118, LW, Vol. XIV, 61)

Se você tiver um poltergeist ou espírito tocando em sua casa, não vá e discuta sobre isso aqui e ali, mas saiba que não existe um espírito bom ao qual não procede de Deus. Faça o sinal da cruz quietamente e confie em sua fé. (Sermão do Festival da Epifania, LW, Vol. 52, 178-79)


BIBLIOGRAFIA E FONTES PRIMÁRIAS
 Grande Catecismo, 1529, traduzido por John Nicholas Lenker, Mineapolis: Augsburg Publishing House, 1935.
Os Trabalhos de Lutero (LW-Luther’s Work), Edição Americana, editado por Jaroslav Pelikan (volumes 1-30) e Helmut T. Lehmann (volumes 31-55), São Luis: Concordia Pub House (volumes 1-30); Filadelfia: Fortress Press (volumes 31-55), 1955.
Armstrong, Dave. Martinho Lutero sobre os crucifixos, imagens de santos e o Sinal da Cruz. [Traduzido pela colaboradora Ana Paula Livingston]. Disponível em: http://socrates58.blogspot.com/2008/04/martin-luther-on-crucifixes-images-and.html. Acesso em : 05/03/2011

Calvinismo

“A causa e a raiz de todos os males que, por assim dizer, envenenam os indivíduos, os povos e as nações, e tantas vezes perturbam o espírito de muitos, está na ignorância da verdade. E não só na ignorância, mas às vezes até no desprezo e no temerário afastamento dela. Daqui erros de toda a espécie, que penetram como peste nas profundezas da alma e se infiltram nas estruturas sociais, desorganizando tudo, com grave ruína dos indivíduos e da sociedade humana.” – CARTA ENCÍCLICA DE JOÃO XXIII AD PETRI CATHEDRAM
Seguidores de Calvino. João Calvino nasceu na França, em 1509: uns 25 anos depois de Martinho Lutero. Influenciado por este, Calvino tomou, como ponto de partida para sua teologia, a total corrupção do gênero humano, pelo pecado original, com a perda da liberdade e, portanto, incapacitado de fazer o bem. Daí, a salvação somente pela fé: as boas obras, porém, deviam ser praticadas, pois indicariam que tinham fé. Para melhor explicar isso trarei um estudo feito pelo Rev. André do Carmo Silvério em seu artigo intitulado João Calvino e “Os Cinco Pontos do Calvinismo”:
Os Cinco Pontos do Calvinismo foram formulados em resposta a um “documento que ficou conhecido na história como ‘Remonstrance’ ou o mesmo que ‘Protesto’”, [2]apresentado ao Estado da Holanda pelos “discípulos do professor de um seminário holandês chamado Jacob Hermann, cujo sobrenome latino era Arminius (1560-1600). Mesmo estando inserido na tradição reformada, Arminius tinha sérias dúvidas quanto à graça soberana de Deus, visto que era simpático aos ensinos de Pelágio e Erasmo, no que se refere à livre vontade do homem”. [3] Este documento formulado pelos discípulos de Arminius tinha como objetivo mudar os símbolos oficiais de doutrinas das Igrejas da Holanda (Confissão Belga e Catecismo de Heidelberg ), substituindo pelos ensinos do seu mestre. Desta forma, a única razão pela qual Os Cinco Pontos do Calvinismo foram elaborados era a de responder ao documento apresentado pelos discípulos de Arminius.
3. Porque Cinco Pontos?
Este documento formulado pelos alunos de Jacob Arminius tinha como teor cinco principais pontos, conhecidos como “Os Cinco Pontos do Arminianismo”. E como já dissemos logo acima, em resposta a este Cinco Pontos do Arminianismo, o Sínodo de Dort elaborou também o que conhecemos como “Os Cinco Pontos do Calvinismo” ao invés de sete ou dez. Estes pontos do calvinismo são conhecidos mundialmente pela palavra TULIP, um acróstico popular que na língua inglesa significa:
T otal DepravityTotal Depravação
U nconditional ElectionEleição Incondicional
L imited AtonementExpiação Limitada
I rresistible GraceGraça Irresistível
P erseverance of SaintsPerseverança dos Santos
4. Os Cinco Pontos do Arminianismo Versus Os Cinco Pontos do Calvinismo [4]
Arminianismo
Calvinismo
1. Vontade Livre – O arminianismo diz que a vontade do homem é “livre” para escolher, ou a Palavra de Deus, ou a palavra de Satanás. A salvação, portanto, depende da obra de sua fé. 1. Depravação Total – O calvinismo diz que o homem não regenerado é absolutamente escravo de Satanás, e, por isso, é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se), dependendo, portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem, antes que este possa crer em Cristo.
2. Eleição Condicional – O arminianismo diz que a “eleição é condicional, ou seja, acredita-se que Deus elegeu àqueles a quem “pré-conheceu”, sabendo que aceitariam a salvação, de modo que o pré-conhecimento [de Deus] estava baseado na condição estabelecida pelo homem. 2. Eleição Incondicional – O calvinismo sustenta que o pré-conhecimento de Deus está baseado no propósito ou no plano de Deus, de modo que a eleição não está baseada em alguma condição imaginária inventada pelo homem, mas resulta da livre vontade do Criador à parte de qualquer obra de fé do homem espiritualmente morto.
















3. Expiação Universal – O arminianismo diz que Cristo morreu para salvar não um em particular, porém somente àqueles que exercem sua vontade livre e aceitam o oferecimento de vida eterna. Daí, a morte de Cristo foi um fracasso parcial, uma vez que os que têm volição negativa, isto é, os que não querem aceitar, irão para o inferno. 3. Expiação Limitada – O calvinismo diz que Cristo morreu para salvar pessoas determinadas, que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade. Sua morte, portanto, foi cem por cento bem sucedida, porque todos aqueles pelos quais ele não morreu receberão a “justiça” de Deus, quando forem lançados no inferno.
4. A Graça pode ser Impedida – O arminianismo afirma que, ainda que o Espírito Santo procure levar todos os homens a Cristo (uma vez que Deus ama a toda a humanidade e deseja salvar a todos os homens), ainda assim, como a vontade de Deus está amarrada à vontade do homem, o Espírito [de Deus] pode ser resistido pelo homem, se o homem assim o quiser. Desde que só o homem pode determinar se quer ou não ser salvo, é evidente que Deus, pelo menos, “permite” ao homem obstruir sua santa vontade. Assim, Deus se mostra impotente em face da vontade do homem, de modo que a criatura pode ser como Deus, exatamente como Satanás prometeu a Eva, no jardim [do Éden]. 4. Graça Irresistível – O calvinismo entende que a graça de Deus não pode ser obstruída, visto que sua graça é irresistível. Os calvinistas não querem significar com isso que Deus esmaga a vontade obstinada do homem como um gigantesco rolo compressor! A graça irresistível não está baseada na onipotência de Deus, ainda que poderia ser assim, se Deus o quisesse, mas está baseada mais no dom da vida, conhecido como regeneração. Desde que todos os espíritos mortos (= alienados de Deus) são levados a Satanás, o deus dos mortos, e todos os espíritos vivos (= regenerados) são guiados irresistivelmente para Deus (o Deus dos vivos), nosso Senhor, simplesmente, dá a seus escolhidos o Espírito de Vida. No momento que Deus age nos eleitos, a polaridade espiritual deles é mudada: Antes estavam mortos em delitos e pecados, e orientados para Satanás; agora são vivificados em Cristo, e orientados para Deus.
5. O Homem pode Cair da Graça – O arminianismo conclui, muito logicamente, que o homem, sendo salvo por um ato de sua própria vontade livremente exercida, aceitando a Cristo por sua própria decisão, pode também perder-se depois de ter sido salvo, se resolver mudar de atitude para com Cristo, rejeitando-o! (Alguns arminianos acrescentariam que o homem pode perder, subseqüentemente, sua salvação, cometendo algum pecado, uma vez que a teologia arminiana é uma “teologia de obras” – pelo menos no sentido e na extensão em que o homem precisa exercer sua própria vontade para ser salvo). Esta possibilidade de perder-se, depois de ter sido salvo, é chamada de “queda (ou perda) da graça”, pelos seguidores de Arminius. Ainda, se depois de ter sido salva, a pessoa pode perder-se, ela pode tornar-se livremente a Cristo outra vez e, arrependendo-se de seus pecados, “pode ser salva de novo”. Tudo depende de sua continua volição positiva até à morte! 5. Perseverança dos Santos – O calvinismo sustenta muito simplesmente que a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo Senhor – e que o homem nada tem a fazer antes, absolutamente, “para ser salvo” -, é óbvio que o “permanecer salvo” é, também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal que o eleito possa praticar. Os eleitos ‘perseverarão’ pela simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou. Por isso, os cinco pontos de TULIP incluem a Perseverança dos Santos .

Vemos neste breve relato acima citado aquilo que permeou os pensamentos de Calvino.
Fonte de fé de Calvino e, por conseguinte, de seus seguidores: somente a Bíblia livremente interpretada. Mas Calvino não ficou somente nisto: para ele, visto que a fé é um dom, Deus a daria a quem quisesse. Resultado: cada criatura humana nasceria com o seu destino já marcado: a maioria para a condenação eterna; uns “poucos”, os que Jesus veio salvar, para a felicidade eterna. É a doutrina sombria da “predestinação”. O resultado era o seguinte: o marcado para a felicidade eterna, nem querendo poderia se perder, assim como para o condenado não haveria recurso para o arrependimento. Adotando quase toda a doutrina de Lutero, sua crença se espalhou na França, na Suíça, na Holanda e na Escócia e destes países passou para a África, a Ásia e a América. Porém, a lógica de Calvino é falha: com que justiça, Deus condenaria quem, sem a culpa, teria nascido sem a liberdade de escolher entre bem e o mal?
Ao contrário de Lutero, Calvino, que admitia uma igreja “invisível” só espiritual, organizou uma igreja “visível”, que seria a comunidade de seus seguidores. Nada de sacerdotes com o poder de consagrar pão e vinho, e perdoar os pecados: nada de bispos. Para Calvino, a Ceia era só uma representação: o encontro da comunidade num banquete simbólico. Negava a presença real de Jesus na Eucaristia, admitia só o sacerdócio comum de todos os batizados (o Batismo era o único sacramento que aceitava, além da Ceia) e deu especial destaque aos “presbíteros”, os “mais velhos” do Novo Testamento, que, para ele, eram simples representantes das comunidades sem poderes sacros, juntamente com pastores e doutores.
Seu quartel geral foi Genebra, na Suíça, aonde implantou uma igreja com terríveis poderes temporais e espirituais. A autoridade, na sua igreja, era exercida por um Consistório, que julgava os crimes contra sua religião, tal como dança, companhia co Católicos, críticas aos ensinamentos de Calvino, afirmar que o Papa era um bom homem… Nasceu disso o Puritanismo (moral exagerada).
A coisa funcionava assim: o Consistório julgava e o Estado devia punir. Além do caso do espanhol Miguel Servet, queimado vivo, a severidade era tão desumana que, por tipos de transgressões como as acima mencionadas, houve, de 1541 a 1546, 58 penas de morte e 76 desterros!
Calvino morreu em Genebra em 1564. Ele é pai espiritual da igrejas reformadas da Suíça, Holanda, França (Huguenotes) e, mais remotamente, do Presbiterianismo.

A orientação sexual na adolescência

Ensinemos aos jovens o autocontrole de suas paixões
A orientação sexual na adolescência ganha cada vez mais importância. Mais do que transmitir que sexo por sexo é fuga e sexo com consciência é amor, discutir as formas de relacionamento entre adolescentes é também uma das grandes preocupações da sociedade. Causa estranheza observar o descaso e o desrespeito com que o assunto ainda é tratado. Nem é preciso ser um especialista para perceber a discrepância das atitudes.
A sociedade vem se preocupando em proporcionar segurança e liberdade sexual para os adolescentes, mas não consegue orientar adequadamente os representantes do futuro da nação sobre o assunto. Isso sem contar a forma com que o tema é tratado na mídia, principalmente em novelas, filmes nacionais e em programas de auditório. Sem contar que, associada à distribuição gratuita dos preservativos e da abortiva “pílula do dia seguinte”, a liberdade de atos sexuais entre adolescentes torna-se cada vez mais normal, como um incentivo à promiscuidade.
O ser humano não deve ser considerado apenas como um corpo. Sua alma necessita de afago. A simples promoção de sexo acintoso, sem responsabilidade e sem compromisso, também incita consequências trágicas como milhões de meninas gerando filhos, sendo violentadas, prostituindo-se à beira das estradas, crianças abandonadas por pais e mães despreparados para formar uma família e postadas em faróis à procura do sustento de cada dia. É claro, quem planta vento colhe tempestades.
A moral e a ética exigem que ensinemos aos jovens o autocontrole de suas paixões intensas. Que devem vencer a Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis com atos responsáveis e não pelo uso da camisinha. João Paulo II assim se expressou sobre a camisinha: “Além de o uso de preservativos não ser 100% seguro, liberar o seu uso convida a um comportamento sexual incompatível com a dignidade humana […]. O uso da chamada camisinha acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo […]. O preservativo oferece uma falsa ideia de segurança e não preserva o fundamental”.
Devemos incentivar a formação de famílias com conceitos, raízes e sentimentos puros e morais. Conservadora ou não, a família é o sustento do espírito e a fonte de conforto nos anseios individuais.
A sociedade, de maneira geral, deve ter mais cuidado com o que simplesmente “controla a transmissão de doenças e evita filhos indesejados”. Ela deve transmitir princípios e valores por intermédio da orientação, em busca do resgate das origens e do respeito à moral e à ética.
A satisfação do sexo não está restrita ao corpo, ela deve estar atrelada ao coração, espírito e mente.

fonte : blog Prof Felipe Aquino

A filosofia de santo Agostinho - parte 01

Uma das maiores personalidades da história universal, Santo Agostinho foi um grande retórico, um grande filósofo e um grande santo da Igreja. Sua obra, ao mesmo tempo vasta e profunda, exerceu e exerce muita influência em toda a cultura ocidental.
A sua vida, muito conhecida, torna-o inteligível também para muitos não-cristãos. Retórico, homem do mundo, carnal, fez um longo esforço para encontrar a chave da inquietação que o devorava. Primeiro maniqueu, depois platônico, finalmente convertido, num célebre momento que ele mesmo contou com um gênio inimitável.

Depois da conversão, e sem pretendê-lo, é ordenado sacerdote. Chega ao episcopado da mesma maneira. E desde esse momento, no meio de muitas vicissitudes críticas, carrega sobre si grande parte da responsabilidade da Igreja; assim, por exemplo, no auge da heresia de Pelágio ouem face do cisma dos donatistas. No momento da sua morte, é todo um símbolo. Morre em Hipona quando os vândalos sitiavam a cidade. Com ele, morre a cultura antiga e nasce outra nova. Porque Santo Agostinho foi um homem do seu tempo. Versado em todas as artes clássicas, foi sempre um retórico de grande habilidade, jogando com as palavras num malabarismo que conseguia sempre escapar à superficialidade. Diríamos que o seu pensamento é tão profundo que supera as habilidades do retórico.

Inicialmente, escreve filosofia, porém mais tarde dedica as suas forças à pregação, sem descuidar uma enorme correspondência. Escreve também muitos tratados teológicos, de exegese bíblica, etc.

Não citaremos aqui as obras teológicas; limitar-nos-emos às de caráter filosófico: Contra Acadêmicos, crítica do ceticismo; De beata vita, sobre a felicidade; De ordine, sobre a origem do mal: os Coliloquia, um apaixonado diálogo consigo mesmo sobre a imortalidade da alma; De immortalitate animae; De quantitate animae, sobre a mesma questão; De magistro, sobre a educação com um enfoque psicológico.

Santo Agostinho não construiu um sistema filosófico completo, ainda que as idéias básicas se mantenham constantes e acusem um claro predomínio platônico. Ele mesmo nos conta que começou a ler uma obra de Aristóteles e não pôde prosseguir. Talvez o tenha afastado o estilo entrecortado, desencarnado, a falta dessa alma que Santo Agostinho buscava em tudo. Santo Agostinho não parece feito para encerrar a realidade em categorias. A sua reflexão parte sempre da vida: das coisas que se passam ao seu redor, das idéias dominantes, dos ataques contra a fé, da interioridade da sua alma.

A BUSCA DA VERDADE
A filosofia agostiniana é uma constante busca da verdade, que culmina na Verdade, em Cristo. É um movimento incessante, uma paixão, e, precisamente, a paixão principal: o amor. “Amor meus, pondus meum”, o amor é o peso que dá sentido à minha vida. Verdade e Amor.“Fizeste-nos, Senhor, para Ti e o nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em Ti”, diz nas Confissões.

Essa “passionalidade” da filosofia agostiniana não é em nenhum momento irracionalismo ou voluntarismo. Se incita a ter fé para entender, também anima a entender para crer melhor. Nada nos pode fazer duvidar da possibilidade de chegar à verdade. Nada valem os argumentos céticos. Si fallor, sum: se me engano, é uma prova de que sou, diz, antecipando-se, num contexto muito diferente, a Descartes. E com mais clareza: “Sabes que pensas? Sei. Ergo verum est cogitare te, logo é verdade que pensas”.

A verdade está no interior do homem. “Não queiras sair para fora; é no interior do homem que habita a verdade”. E há verdades constantes, inalteráveis, para sempre. Dois mais dois serão sempre quatro. Santo Agostinho tenta esclarecer de onde pode vir essa verdade. Não das sensações, diz, porque essas são e não são, são mutáveis, efêmeras. Tampouco do espírito humano, que, por profundo que seja, é limitado. Essas verdades eternas só podem ter por autor Aquele que é eterno: Deus. São reflexos da verdade eterna, que nos ilumina e nos permite ver. Nisso consiste o que depois ficou conhecido como “doutrina da iluminação”; porém, desde já é preciso dizer que Santo Agostinho não a apresenta nunca como uma “teoria”, mas como uma comprovação. Já no final da sua vida, diz nas Retractationes que o homem tem em si, enquanto é capaz, “a luz da razão eterna, na qual vê as verdades imutáveis”.

Como em Platão, conhecer verdadeiramente é estar em contato com o mundo inteligível. Porém, Santo Agostinho nunca dirá que vemos as verdades em Deus, mas que participamos da luz da razão eterna. Não se deve ignorar, por outro lado, que essa solução para o tema do conhecimento corre o risco de não distinguir de forma adequada o conhecimento natural do conhecimento sobrenatural. Mas essa é uma questão que só será levantada mais tarde, na Idade Média.

A BUSCA DE DEUS
Em Santo Agostinho, não existem provas formais para demonstrar a existência de Deus. Ainda que toda a sua obra seja uma espécie de itinerário em direção a Deus. Tudo fala de Deus; basta abrir os olhos. Ele é intimior intimo meo, mais íntimo ao homem que a própria intimidade humana. As coisas falam-nos todo o tempo de Deus. Perguntamos-lhes: “Sois Deus?” E respondem: “Não, fomos feitas. Continua a buscar”. De forma retórica – retórica de grande qualidade –, encontramos aí a prova da existência de Deus pela contingência das realidades humanas. A mutabilidáde exige o imutável; os graus de perfeição exigem o Ser perfeito. Em Santo Agostinho, como em outros filósofos de inspiração platônica, está claramente formulado o que será a quarta via de São Tomás de Aquino.

Qual é o melhor nome para Deus? O que se lê no Êxodo: “Aquele que é”. “Non aliquo modo est, sed est est” (Confissões). Santo Agostinho dará com freqüência a Deus o nome de Bem, de Amor, porém não desconhece que antes de tudo Ele é; e porque é o que é, é Amor, Bem, Infinito. São Tomás de Aquino não precisará modificar nada de substancial nesta metafísica agostiniana. Como exemplo das dezenas de textos agostinianos, temos este, das Confissões: “Eis que o céu e a terra são; e dizem-nos em altos brados que foram feitos, pois modificam-se e variam. Porque, naquilo que é sem ter sido feito, não há coisa alguma agora que antes não houvesse: que isso é modificar-se e variar. O céu e a terra clamam também que não se fizeram a si mesmos: somos porque fomos feitos; não éramos antes que fôssemos, de modo a termos podido ser por nós mesmos. Basta olhar para as coisas para ouvi-las dizer isso. Tu, Senhor, fizeste essas coisas. Porque és belo, elas são belas; porque és bom, são boas; porque tu és, elas são.”

Esta última afirmação (quia est: sunt enim) significava a definitiva superação por parte de Santo Agostinho do essencialismo platônico. Deus é causa do ser das coisas, porque é o Ser por essência. Se a fórmula de Santo Agostinho não é essa, a idéia é.

O MUNDO, CRIAÇÃO DE DEUS
Outro texto das Confissões situa de forma inequívoca a metafísica da criação: “Que eu ouça e entenda como no princípio fizeste o céu e a terra. Moisés escreveu isso; escreveu-o e ausentou-se. Daqui, onde estava contigo, passou a estar contigo, e por isso não o podem ver meus olhos. Se estivesse aqui presente, eu o agarraria, lhe rogaria e, por Ti, lhe suplicaria que me explicasse essas coisas [...]. Porém, como saberia que estava a dizer-me a verdade? A própria verdade, que está no interior da minha alma, e que não é grega, nem latina, nem bárbara, nem necessita dos órgãos da boca ou da língua, nem do ruído de sílabas, me diria: Moisés diz a verdade, e eu, no mesmo instante, com toda a segurança lhe diria: Verdade é o que me dizes”.

Voltemos à questão anterior. Deus é Aquele que é; as coisas são criadas. Deus é quem lhes deu o ser. Por quê? Por pura bondade. “Porque Deus é bom, somos.” A razão da criação é a bondade de Deus. Deus não pode ter, no seu querer, outro fim que não o seu próprio ser. Só em relação a si mesmo pode querer mais. A criação é gratuita. Não há nada preexistente. Santo Agostinho acaba com as dúvidas de Orígenes e com o universo grego, eterno.

Deus cria todas as coisas do nada. E todo o criado é composto de matéria. Santo Agostinho, que durante tanto tempo não conseguiu conceber uma substância espiritual, não deixa de atribuir uma certa materialidade mesmo às criaturas espirituais, aos anjos. A absoluta imaterialidade só cabe a Deus. Em Deus estão as idéias exemplares de todas as coisas, que são as formas. Ao criar, essas idéias ficam limitadas pela matéria, mas, ao mesmo tempo, nessa matéria já estão os germes de tudo o que será: as rationes seminales.

Santo Agostinho retoma aqui uma doutrina de origem estóica e, ao mesmo tempo, faz uma concessão ao “materialismo” que professou durante anos, embora talvez seja melhor empregar o termo de “corporeismo”.

A filosofia de santo Agostinho - parte 02

O ENIGMA DO HOMEM
“O homem que se espanta é ele mesmo grande maravilha”. “E dirigi-me a mim mesmo e disse: Tu quem és? E respondi-me: Homem. E eis que tenho à mão o corpo e a alma, um exterior e o outro interior. Porém, melhor é o interior”. “O homem é um ser intermediário entre os animais e os anjos”. “Nada encontramos no homem além de corpo e alma; isso é todo o homem: espírito e carne”. Essas são apenas algumas das numerosas referências que poderíamos dar sobre esta questão crucial. São os dois grandes temas agostinianos: “Deus e o homem”. “Que te conheça a ti e que me conheça a mim mesmo”. É o famoso princípio dos Soliloquia: “Quero conhecer Deus e a alma. Nada mais? Absolutamente nada mais”.

Também nesta questão Santo Agostinho trai a influência do platonismo. O homem é uma alma que usa um corpo; ou, uma alma racional, que se serve de um corpo terrestre e mortal; ou, “uma alma racional que tem um corpo”. Tudo indica que, para Santo Agostinho, o homem é a alma. E, contudo, há textos que parecem fugir ao platonismo: “Porque o homem não é só corpo ou apenas alma, mas o que é constituído de alma e de corpo. Esta é a verdade: a alma não é todo o homem, mas é a melhor parte do homem; nem todo o homem é o corpo, mas a porção inferior do homem; quando as duas estão juntas, temos o homem” (A Cidade de Deus). A questão ainda está sujeita a discussão, mas exagerou-se demais o platonismo de Santo Agostinho neste particular. De qualquer forma, Santo Agostinho supera a desvalorização do corporal, tão essencial no platonismo e no neoplatonismo. O corpo é matéria, criação de Deus, e por isso, bom. Não é o cárcere nem o túmulo da alma: “Não é o corpo o teu cárcere, mas a corrupção do teu corpo. O teu corpo, Deus o fez bom, porque Ele é bom”. Também aqui poderíamos multiplicar os textos: “Todo aquele que quer eliminar o corpo da natureza humana desvaira”. E de forma inequívoca, numa obra tardia, o Sermão 267: “Perversa e humana filosofia é a dos que negam a ressurreição do corpo. Alardeiam serem grandes depreciadores do corpo, porque crêem que nele estão encarceradas as suas almas, por delitos cometidos em outro lugar. Porém, o nosso Deus fez o corpo e o espírito; de ambos é o criador; de ambos o recriador”.

Examinemos uma dificuldade classicamente agostiniana. Deus é o criador da alma, mas como a criou? Com os nascimentos surgem constantemente homens, isto é, corpo e alma. Será que as almas estão nas “razões seminais”, na matéria, e são transmitidas pelos pais, na geração? Santo Agostinho assim o pensou por certo tempo, mas depois recusou que algo espiritual pudesse surgir da matéria. Pensou na criação imediata por Deus de cada alma, mas esse início no tempo de algo espiritual não combinava com o que ainda restava de platonismo nele. Acabou confessando que não sabia o que dizer. Era mais um elemento desse enigma que é o homem.

Fica claro que a alma é imortal, porque conhece as verdades imortais e eternas. Que conheçamos o que seja a verdade e que nunca deixará de sê-lo é, para Santo Agostinho, evidente. Como pode morrer ou desaparecer o que é a sede do indestrutível?

A alma será sempre um mistério. Muitas outras realidades sobre as quais pensamos também o são. O tempo. É famoso o dito agostiniano: “Se ninguém mo pergunta, sei; mas se quero explicá-lo a quem mo pergunta, não o sei”. Depois de uma análise do passado, do presente e do futuro – até hoje não superada –, Santo Agostinho concluí: “Não se diz com propriedade «três são os tempos: passado, presente e futuro»; talvez fosse mais apropriado dizer: «presente das coisas futuras, presente das coisas passadas, presente das coisas presentes». Porque essas três presenças têm algum ser na minha alma, e é somente nela que as vejo. O presente das coisas passadas é a memória; o presente das coisas presentes é a contemplação; o presente das coisas futuras é a expectação” (Confissões). O tempo é, assim, distensio animi, “uma espécie de extensão da nossa alma”. É preciso ler ao menos esse livro XI das Confissões para captar o tom da filosofia agostiniana: incerta às vezes, nada dogmática, em diálogo constante com Deus.

A COMPLEXIDADE DA HISTÓRIA
A Cidade de Deus é mais uma das grandes obras universais que Santo Agostinho legou à humanidade. Mas poucos escritos têm sido tão mal lidos, tão mal interpretados. A oposição entre Cidade de Deus e Cidade terrena foi vista como oposição entre Igreja e Estado. Nada mais falso. O texto célebre não deixa lugar a dúvidas. Dois amores criaram duas cidades: o amor próprio, que leva ao desprezo de Deus, a terrena; o amor de Deus, que leva ao desprezo de si mesmo, a celestial. Ou: “Dividi a Humanidade em dois grandes grupos. Um é o daqueles que vivem segundo o homem; o outro, o dos que vivem segundo Deus. Damos misticamente a esses dois grupos o nome de cidades, que quer dizer sociedades de homens”.

A prova fundamental de que essa divisão não é equivalente à divisão Igreja-Estado é a afirmação taxativa de que na Igreja podem existir homens que, na realidade, pertencem à cidade terrena; e, inversamente, entre as pessoas que ainda estão fora da Igreja podem-se encontrar predestinados à cidade celestial. Por outro lado, essas duas “cidades” acham-se misturadas, imbricadas. A “peneira” será feita só no final de cada história pessoal e no final da história de todo o gênero humano. Enquanto transcorre o tempo, com as suas variações, “porque não em vão são tempos”, a história é complexa. Não existe uma “lei da história”, não conhecemos o futuro. Só Deus conhece o final; o homem move-se às apalpadelas no campo da história. A história forma como que um belo poema, no qual intervêm Deus e o homem. O final só será conhecido quando soar a última nota.

Em uma palavra: a concepção de história é, em Santo Agostinho, uma concepção aberta. O seu “providencialismo” não é uma afirmação de “teocracia”. Não se pode extrair da filosofia-teologia da história de Santo Agostinho argumentos para o césaro-papismo ou para qualquer outra confusão do religioso com o político. A importância desta filosofia-teologia da história ressalta mais quando se tem em conta que em toda a história da filosofia será preciso esperar Hegel para encontrar outra concepção igualmente global e completa (embora em Hegel ela tenha um sentido panteísta).

Fonte: “História básica da filosofia”, Editora Nerman, São Paulo, 1988, págs. 70-74.
Tradução: Peter Pelbart
fonte: http://www.paraclitus.com.br/2012/veritas/teologia/a-filosofia-de-santo-agostinho/