25/07/2010

Frei Antônio de Santana Galvão


Frei Galvão, que viveu excepcionais 83 anos para sua época, passava a maior parte do tempo em viagens de peregrinação e atendimento aos necessitados. É provável que ele deve ter caminhado centenas de milhares de quilômetros ao longo de sua vida, uma vez que o transporte na época era precário, geralmente realizado a pé ou, no máximo, em lombo de burro.



A palavra Guaratinguetá, nome da cidade onde nasceu Frei Galvão, vem do Tupi-Guarani e significa "abundância de garças brancas". Mas a cidade que leva este nome deu ao país muito mais do que garças brancas. Além de Frei Galvão, Guaratinguetá foi o berço de outro ilustre personagem: Rodrigues Alves, o primeiro presidente civil da república.


Com apenas 13 anos de idade, o jovem Antonio Galvão iniciou sua vida religiosa sendo enviado a um seminário jesuíta na Vila de Cachoeira na Bahia. Utilizando-se rotas atuais, essa cidade dista exatamente 1575 quilômetros de Guaratinguetá, cidade onde nasceu. Imagine essa distância sendo percorrida por um menino em lombo de burro ou a pé e que deixava para trás, pela primeira vez, toda sua família. Frei Galvão iniciava ai sua missão de fé.


O nome religioso de Frei Antonio de Sant'Ana foi inspirado na padroeira de toda sua família: Santa Ana, bem como em sua devoção à mesma.


Frei Galvão era um homem alto para os padrões da época. Uma exumação de seu corpo realizada durante o processo de beatificação indicou uma altura ao redor de 1,90 metros.


No período da vida de Frei Galvão, diversos acontecimentos históricos importantes ocorreram no Brasil, tais como a mudança de colônia para Império em 1808 e a independência do Brasil de Portugal no ano de seu falecimento em 1822.


A devoção à Frei Galvão iniciou-se já na época em que foi enterrado no mosteiro da Luz, em dezembro de 1822. Os devotos costumavam retirar pequenos pedaços de sua sepultura, de sorte que, em março de 1906, foi necessária a substituição da cobertura por uma peça de mármore que é a mesma encontrada até hoje no local. Como parte do processo de beatificação, em fevereiro de 1991 foi feita a exumação dos restos mortais de Frei Galvão que foram colocados em uma urna mantida no convento.


Frei Galvão teve uma vida Belissima de trabalho, dedicação e amor ao próximo que serve de exemplo para todos nós. Conheça a biografia completa de Frei Galvão através do ebook: Frei Galvão: a vida do primeiro santo nascido no Brasil

19/07/2010

A intercessão dos Santos

Desde os tempos apostólicos a Igreja ensina que os que morreram na amizade do Senhor, não só podem como estão orando pela salvação daqueles que ainda se encontram na terra. Tal conceito é conhecido como a intercessão dos santos.


A Doutrina

Sobre a doutrina da intercessão dos santos, o Catecismo da Igreja Católica ensina:

"Pelo fato que os do céu estão mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a toda a Igreja na santidade... Não deixam de interceder por nós ante o Pai. Apresentam por meio do único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, os méritos que adquiriram na terra... Sua solicitude fraterna ajuda, pois, muito a nossa debilidade." (CIC 956)

Por tanto para a Igreja Católica, os santos intercedem por nós junto ao Pai, não pelos seus méritos, mas pelos méritos de Cristo Nosso Senhor, o único Mediador entre Deus e os homens.

Objeções


Os adeptos do fundamentalismo bíblico normalmente apresentam uma série de objeções à doutrina da intercessão dos santos. Neste artigo iremos confrontar as principais:

1a. objeção: Cristo é o único mediador entre Deus e os homens.

Esta é a principal objeção à doutrina da intercessão dos Santos. Os adeptos desta objeção fundamentam sua posição em 1 Tim 2,5 onde lemos: "Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus". Para eles, a Sagrada Escritura não deixa dúvidas de que só Jesus pode interceder pelos homens junto a Deus.

Se isto é verdade, por que São Paulo ensinaria que nós cristãos devemos dirigir orações a Deus em favor de outras pessoas? Vejam 1Tim 2,1: "Acima de tudo, recomendo que se façam súplicas, pedidos e intercessões, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda a piedade e honestidade."

No exposto acima não está São Paulo nos pedindo para que sejamos intercessores (mediadores) junto a Deus por todas as pessoas da terra? Estaria então o Santo apóstolo se contradizendo? É claro que não. A questão é que a natureza da mediação tratada no versículo 1 é diferente da do versículo 5.

A mediação tratada em 1Tm 2,5 refere-se à Nova e Eterna Aliança. No AT a mediação entre Deus e os homens se dava através da prática da Lei. No NT, é Cristo que nos reconcilia com Deus, através de seu sacrifício na cruz. É neste sentido que Ele é nosso único mediador, pois foi somente através Dele que recuperamos para sempre a amizade com Deus, como bem foi exposto por São Paulo: "Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão justos." (Rom 5,19)

Por tanto, a exclusividade da medição de Cristo refere-se à justificação dos homens. A mediação da intercessão dos santos é de outra natureza, referindo-se à providência de Deus em favor do nosso semelhante. Desta forma, o texto de 1Tm 2,5 dentro de seu contexto não oferece qualquer obstáculo à doutrina da intercessão dos santos.

2a. objeção: os santos não podem interceder por que após a morte não há consciência

Os defensores desta objeção usam como fundamento as palavras do Eclesiastes: "Com efeito, os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem mais nada; para eles não há mais recompensa, porque sua lembrança está esquecida" (Ecl. 9,5) e ainda "Tudo que tua mão encontra para fazer, faze-o com todas as tuas faculdades, pois que na região dos mortos, para onde vais, não há mais trabalho, nem ciência, nem inteligência, nem sabedoria" (Ecl. 9,10).

Já que a Bíblia é um conjunto coeso de livros, não podemos aceitar a doutrina da ?dormição? ou ?inconsciência? dos mortos simplesmente pelo fato de que há versículos claros na Sagrada Escritura que mostram que os mortos não estão nem "dormindo" e nem "inconscientes" (cf. Is 14, 9-10; 1Pd 3,19; Mt 17,3; Ap 5,8; Ap 7,10; Ap 6,10); o que faria alguém pensar que há contradições na Bíblia.

A questão é que os versículos citados do Eclesiastes não fazem referência a um estado mental dos mortos, mas sim ao infortúnio espiritual em que se encontram por causa do lugar onde estão. Os mortos os quais os textos se referem são aqueles que morreram na inimizade de Deus, e não a qualquer pessoa que morreu. Vejamos os versículos abaixo:

"Ignora ele que ali há sombras e que os convidados [da senhora Loucura] jazem nas profundezas da região dos mortos" (Prov 9,18)

"O sábio escala o caminho da vida, para evitar a descida à morada dos mortos" (Prov 15,24)

Os versículos acima mostram que a região dos mortos é um lugar de desgraça, onde são encaminhados os inimigos de Deus. Isto é ainda mais evidente em Prov 15,24. O sábio é aquele que guarda a ciência de Deus, este quando morrer não vai para a "morada dos mortos?. As expressões ?morada dos mortos? ou ?região dos mortos? fazem alusão a um lugar de desgraça, onde os inimigos de Deus estão privados da Sua Graça.

Voltando aos versículos do Eclesiastes, o escritor sagrado ao escrever que para os mortos ?não há mais recompensa?, ?não há mais trabalho, nem ciência, nem inteligência, nem sabedoria?, refere-se unicamente ao infortúnio que existe ?na região dos mortos, para onde? eles vão. Eles quem? Os que estão mortos para Deus.

Por tanto, dentro de seu contexto, os versículos do Eclesiastes também não oferecem qualquer imposição à doutrina da intercessão dos santos.

3a. objeção: os santos não podem ouvir as orações dos que estão na terra porque não são oniscientes e nem onipresentes

São Paulo nos ensina que a Igreja é o corpo de Cristo . Desta forma, os que estão unidos a Cristo através de seu ingresso na Igreja, são membros do Seu corpo. Isso quer dizer que tantos nós que estamos na terra, quanto os que já morreram na amizade do Senhor, todos somos membros do Corpo Místico de Cristo, onde Ele é a cabeça. Vejam:

 São Paulo ensina que a Igreja é corpo de Cristo: "Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja" (Col 1,24)

 São Paulo ensina que somos membros do corpo de Cristo e por isto os cristãos estamos ligados uns aos outros: "assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um do outro" (Rom 12,5)

Ø São Paulo ensina que Cristo é a cabeça do seu corpo que é a Igreja: "Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja" (Col 1,18)

Isso quer dizer que nós e os santos (que estão na presença de Deus) estamos ligados, pois somos membros de um mesmo corpo, o corpo de Cristo, que é a Igreja.

Assim como minha mão direita não pode se comunicar com a esquerda sem que esse comando tenha sido coordenado pela minha cabeça (caso contrário seria um movimento involuntário), da mesma forma, no Corpo de Cristo os membros não podem se comunicar sem que essa comunicação aconteça através da cabeça que é Cristo. Desta forma, quando nós pedimos para que os santos intercedam por nós junto a Deus (comunicação de um membro com o outro no corpo de Cristo), isso acontece através de Cristo. Assim como a nossa cabeça pode coordenar movimentos simultâneos entre os vários membros de nosso corpo, Cristo que é a cabeça da Igreja e é onisciente e onipresente possibilita a comunicação entre os membros do Seu corpo.

Por tanto, a falta de onipresença e onisciência dos santos não apresenta qualquer impedimento para que eles conheçam ou recebam nossos pedidos e então possam interceder por nós junto a Deus.

4a. objeção: nós não podemos dirigir nossa orações aos santos pois isto caracteriza evocação dos mortos que é severamente proibida na Bíblia.

Esta objeção baseia-se principalmente nos versículos abaixo:

"Não se ache no meio de ti quem pratique a adivinhação, o sortilégio, a magia, o espiritismo, a evocação dos mortos: porque todo homem que fizer tais coisas constitui uma abominação para o Senhor" (Dt 18, 9-14) (grifos nossos).

"Se uma pessoa recorrer aos espíritos, adivinhos, para andar atrás deles, voltarei minha face contra essa pessoa e a exterminarei do meio do meu povo. (...) Qualquer mulher ou homem que evocar espíritos, será punido de morte" (Lev 20, 6 - 27). (grifos nossos).

Conforme vimos, Deus abomina a evocação dos mortos. No entanto, há uma diferença tremenda entre evocar os mortos e dirigir nossos pedidos de orações aos santos.

A evocação dos mortos é caracterizada pelo pedido de que o espírito do defunto se apresente e então se comunique com os vivos como se ainda estivesse na terra. Esta prática é condenada por Deus, pois em vez de confiarmos na Providência Divina quanto ao futuro e às coisas que necessitamos, deseja-se confiar nas instruções dos espíritos. Conforme a Sagrada Escritura dá testemunho em I Samuel 28.

Na intercessão dos santos, não estamos pedindo que o santo se apresente para ?bater um papo? a fim obter qualquer tipo de informação, mas sim, dirigimos a eles nossos pedidos de oração, como se estivéssemos enviando uma carta solicitando algo (o que é bem diferente de evocar mortos). Na intercessão dos santos continuamos confiando na Providência Divina, pois os santos são apenas mediadores, logo, quem atende aos nossos pedidos é Deus.

Desta forma, as proibições divinas quanto à prática de espiritismo não se aplicam à doutrina da intercessão dos santos.

5a. objeção: não há sequer uma única referência bíblica em relação à intercessão dos santos

Há diversos versículos bíblicos que mostram que os santos oram na presença de Deus. Vejamos:

"Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra? Foi então dada a cada um deles uma veste branca, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que estavam com eles para ser mortos" (Ap 6,9-11).

No trecho acima, os santos estão clamando a Deus por Justiça. Alguém poderia dizer: ?mas eles estão intercedendo por eles mesmos e não pelos que ficaram na terra?. Ora, e o que impede que o façam pelos que estão na terra? São Paulo mesmo não recomenda que oremos pelos outros? (cf. 1Tm 2,1). Por alguma razão estariam os santos incapazes de continuarem orando pelos que estão na terra? Ora, alguém que esteja no seu juízo perfeito, há de convir que, o fato dos santos estarem na presença de Deus, não é motivo impeditivo para que intercedam pelos outros, muito pelo contrário, não há melhor lugar e momento para fazê-lo. Veja ainda:

"Os quatro viventes e os vinte e quatro anciões se prostraram diante do Cordeiro. Tinha cada um uma cítara e taças de ouro cheias de perfumes, que são as orações dos santos" (Ap 5,8). "A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus.? (Ap 8,4).

Nos versículos acima os santos oram para Deus. Por que estariam orando, já que estão salvos e gozando da presença do Senhor? Oram em nosso favor, para que os que estão na terra também possam um dia estar com eles na presença do Senhor.

No livro do profeta Jeremias lemos:

"Disse-me, então, o Senhor: Mesmo que Moisés e Samuel se apresentassem diante de mim, meu coração não se voltaria para esse povo. Expulsai-o para longe de minha presença! Que se afaste de mim!? (Jr 15,1).

No tempo do profeta, ambos Moisés e Samuel estavam mortos. Que sentido teria este versículo caso não fosse possível que os dois intercedessem por Israel?

O Testemunho dos primeiros cristãos

Vejamos agora o que professava os cristãos no tempo em que não havia divisão na Cristandade, em relação à doutrina da intercessão dos santos:

"O Pontífice [o Papa] não é o único a se unir aos orantes. Os anjos e as almas dos juntos também se unem a eles na oração" (Orígenes, 185-254 d.C. Da Oração).

"Se um de nós partir primeiro deste mundo, não cessem as nossa orações pelos irmãos" (Cipriano de Cartago, 200-258 d.C. Epístola 57)

"Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos anjos nem a proteção dos santos". (Santo Hilário de Poitiers, 310-367 d.C).

"Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires, para que Deus, por suas intercessões e orações, se digne receber as nossas." (São Cirilo de Jerusalém, 315-386 d.C. Catequeses Mistagógicas).

"Em seguida (na Oração Eucarística), mencionamos os que já partiram: primeiro os patricarcas, profetas, apóstolos e mártires, para que Deus, em virtude de suas preces e intercessões, receba nossa oração" (São Cirilo de Jerusalém, 315-386 d.C. Catequeses Mistagógicas).

"Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, ainda podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, um só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil homens armados; e Estevão, para seus perseguidores. Serão menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens, que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. E depois de sua morte, cessará sua boca e não pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?" (São Jerônimo, 340-420 d.C, Adv. Vigil. 6).

"Portanto, como bem sabem os fiéis, a disciplina eclesiástica prescreve que, quando se mencionam os mártires nesse lugar durante a celebração eucarística, não se reza por eles, mas pelos outros defuntos que também aí se comemoram. Não é conveniente orar por um mátir, pois somos nós que devemos encomendar suas orações" (Santo Agostinho, 391-430 d.C. Sermão 159,1)

"Não deixemos parecer para nós pouca coisa; que sejamos membros do mesmo corpo que elas (Santa Perpétua e Santa Felicidade) (...) Nós nos maravilhamos com elas, elas sentem compaixão de nós. Nós nos alegramos por elas, elas oram por nós (...) Contudo, nós todos servimos um só Senhor, seguimos um só Mestre, atendemos um só Rei. Estamos unidos a uma Cabeça; nos dirigimos a uma Jerusalém; seguimos após um amor, envolvendo uma unidade" (Santo Agostinho, 391-430 d.C. Sermão 280,6)

"Por vezes, é a intercessão dos santos que alcança o perdão das nossas faltas [1Jo 5,16; Tg 5,14-15] ou ainda a misericórdia e a fé" (São João Cassiano. 360-435 d.C. conferência 20

Bispos Protestantes?


Com o surgimento do Protestantismo Pentecostal, os fundadores de suas denominações resolveram intitular-se Bispos. É verdade que já no protestantismo histórico (Anglicanismo e Luteranismo), este título já era usado por alguns de seus presbíteros. No Brasil os exemplos mais conhecidos são do “Bispo” Macedo e do “Bispo” Marcelo Crivella, ambos da Igreja Universal do Reino de Deus; o “Bispo” Rodovalho da Sara Nossa Terra e agora os “Bispos” Hernandes da Renascer em Cristo. Será que os “Bispos” pentecostais são Bispos de fato ou praticam falsidade ideológica?

2. A Origem da Hierarquia na Igreja


Nos escritos da Igreja Primitiva do início do séc. II é possível observarmos que a mesma já estava organizada hierarquicamente em bispos, presbíteros e diáconos.

O Bispo era o chefe de uma diocese, isto é, o chefe de um conjunto de paróquias geograficamente organizadas. Cada paróquia tinha como ministro um presbítero. Este era o sacerdote responsável por ministrar os sacramentos e orientar os fiéis na doutrina. Ele normalmente era auxiliado por diáconos.

Tudo isto é testificado, por exemplo, nas sete cartas de Santo Inácio de Antioquia (1) datadas em 107 d.C. Santo Inácio foi Bispo de Antioquia e discípulo pessoal dos Apóstolos Pedro e Paulo.

3. O Episcopado tem origem na Sucessão dos Apóstolos
Episcopado é o nome que se dá ao ministério do Bispo.

O Episcopado tem origem no ministério dos Apóstolos, isto é, foi o próprio Cristo que instituiu os Apóstolos como Bispos da Sua Igreja. Com efeito, a Bíblia ensina que Nosso Senhor Jesus Cristo deu o governo da Igreja aos Santos Apóstolos: "Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou" (Lc 10, 16).

Eles eram aqueles que estariam agora sentados na Cadeira de Moisés, no lugar dos escribas e Fariseus (cf. Mt 23,2-3). Por isto, o próprio Cristo deu a eles a autoridade que outrora foi dada a Moisés: ligar e desligar. Isto significa: definir o que é Certo e o que é Errado (cf. Mt 18,18). Por esta razão São Paulo ensina que “a Igreja do Deus Vivo é a Coluna e o Fundamento da Verdade” (cf. 1Tm 3,15).

Como os apóstolos não permaneceriam na terra para sempre, nas várias regiões aonde o Evangelho ia sendo pregado, iam instituindo novos Bispos que deveriam cuidar do rebanho de Cristo na ausência deles.

Talvez o testemunho histórico mais antigo sobre isto, esteja na Primeira Carta de São Clemente aos Coríntios (2). Escrita pelo ano de 90 d.C, Clemente que então era o 4o. Bispo de Roma na sucessão de Pedro, assim se expressa:

"42. Os apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo, portanto vem de Deus, e os apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm da vontade de Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de Deus e com plena certeza dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam suas primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está escrito: ‘Estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé’".

"44. Nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por esse motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião da morte desses, outros homens provados lhes sucedessem no ministério".

Como se vê, segundo a o ensinamento que os Apóstolos comunicaram a seus discípulos, os Bispos da Igreja são sucessores diretos dos Apóstolos. Isto quer dizer que fora da sucessão dos apóstolos não há Episcopado, logo não há Igreja de fato.

4. Testemunhos Históricos da Sucessão dos Apóstolos

O Protestantismo alega que a Sucessão Apostólica é algo inventado pela Igreja Católica para sustentar que só ela possui Bispos e presbíteros verdadeiros.

Em primeiro lugar, a Igreja Católica não alega que só ela possui Bispos e presbíteros verdadeiros. Ela também reconhece a validade dos ministros da Igreja Ortodoxa. Afinal, todos os Bispos ortodoxos são sucessores dos apóstolos, assim como os Bispos católicos. A Igreja Católica não reconhece é licitude do ministério ortodoxo, pois para o Catolicismo a Igreja Ortodoxa está em cisma, isto é, não está em plena comunhão com o Papa.

Em segundo lugar, é muito interessante notar como o subjetivismo protestante é capaz de reinventar até o passado. Não é a Igreja Católica que está inventando a Sucessão Apostólica para provar ser a Única Igreja de Cristo, mas é o Protestantismo que inventa que a Sucessão dos Apóstolos é uma ficção, pois ela é a maior prova de que as igrejas protestantes não são Igrejas de fato.

Eusébio de Cesaréia, Bispo e Historiador da Igreja dos primeiros quatro séculos, em sua obra “A História Eclesiástica” (2) registra para a posteridade a realidade histórica da sucessão dos apóstolos.

Daremos uma pequena amostra da Verdade ao leitor, transcrevendo os testemunhos históricos sobre a sucessão regular dos Bispos em Roma, pois os protestantes alegam que o Papa não é sucessor de Pedro, pois nunca existiu sucessão dos apóstolos na Igreja Primitiva. Vejamos:

"No atinente a seus outros companheiros, Paulo testemunha ter sido Clemente enviado às Gálias (2Tm 4,10); quanto a Lino, cuja presença junto dele em Roma foi registrada na 2ª carta a Timóteo (2Tm 4,21), depois de Pedro foi o primeiro a obter ali o episcopado" (HE III,4,8).

"A Vespasiano, depois de ter reinado 10 anos, sucedeu Tito, seu filho, como imperador. No segundo ano de seu reinado, o bispo Lino, depois de ter exercido durante doze anos o ministério da Igreja de Roma, transmitiu-o a Anacleto" (HE III,13).

"No décimo segundo ano do mesmo império [de Domiciano, irmão de Tito], Anacleto que foi bispo da Igreja de Roma durante doze anos, foi substituído por Clemente, que o Apóstolo [Paulo], na carta aos Filipenses, informa ter sido seu colaborador, nesses termos: 'Em companhia de Clemente e dos demais auxiliadores meus, cujos nomes estão no livro da vida'" (Fl 4,3).

"Relativamente aos bispos de Roma, no terceiro ano do reinado do supracitado imperador [Trajano], Clemente terminou a vida, passando seu múnus a Evaristo. No total, durante nove anos exercera o magistério da palavra de Deus" (HE III,34).

"Cerca do duodécimo ano do reinado de Trajano (...) Evaristo completado seu oitavo ano, Alexandre recebeu o episcopado em Roma, sendo o quinto na sucessão de Pedro e Paulo" (HE IV,1).

"No terceiro ano do mesmo governo [do imperador Aélio Adriano, sucessor de Trajano], Alexandre, bispo de Roma morreu, tendo completado o décimo ano de sua administração. Teve Xisto como sucessor" (HE IV,4).

"Ao atingir o império de Adriano já o duodécimo ano, Xisto, tendo completado o décimo ao de episcopado em Roma, teve Telésforo por sucessor, o sétimo depois dos apóstolos" (HE IV,5,5).

"Tendo ele [Aélio Adriano] cumprido sua incumbência, após vinte e um anos de reinado, sucedeu-lhe no governo do império romano Antonino, o Pio. No primeiro ano deste, Telésforo deixou a presente vida, no undécio ano de seu múnus e coube a Higino a herança do episcopado em Roma" (HE IV,10).

"Tendo Higino falecido após o quarto ano de episcopado, Pio tomou em mãos o ministério em Roma" (HE IV,11,6).

"E na cidade de Roma, tendo morrido Pio no décimo quinto ano de episcopado, Aniceto presidiu aos fiéis desta cidade" (HE IV,11,7).

"Já atingira o oitavo ano o império de que tratamos [Antonino Vero], quando Sotero sucedeu a Aniceto, que completara onze anos de episcopado na Igreja de Roma"(HE IV,19).

"Sotero, bispo da Igreja de Roma, chegou ao termo de sua vida no decurso do oitavo ano de episcopado. Sucedeu-lhe Eleutério, o décimo segundo a contar dos Apóstolos, no décimo sétimo ano do imperador Antonino Vero" (HE V,Introdução,1).

"No décimo ano do império de Cômodo, Vítor sucedeu a Eleutério, que havia exercido o episcopado durante treze anos [...]" (HE V,22).

Basta percorrer os vários escritos deixados pelos discípulos dos Apóstolos que não faltarão provas e testemunhos históricos da sucessão dos apóstolos.

5. Conclusão

Sair por aí criando “igrejas” e se intitulando Bispo é um grande embuste, que infelizmente engana a muitos que não tem conhecimento da Fé de Sempre, que não possuem conhecimento do nosso passado, de nossas raízes, da Memória Cristã.

Como se pode constatar nos pelos testemunhos dos antigos cristãos, fora da sucessão regular dos Apóstolos não há verdadeiro Episcopado, logo não há verdadeiro ministério, logo não há Igreja de Fato. Por esta razão, os “Bispos” protestantes não são Bispos, e suas “igrejas” não são Igrejas.

Já está mais que na hora dos irmãos protestantes saírem de sua “redoma bíblica” e procurarem conhecer a Fé dos primeiros séculos. Pois o que foi Verdade sempre, não pode ser mentira agora.

Peço todos dias a Deus que assim como eu, outros protestantes possam ser libertos do subjetivismo de Lutero. E que mais católicos busquem uma vida santa e que ao contrário de Esaú, saibam do tesouro que possuem na Igreja Católica

(fonte :veritatis.com.br)