27/12/2009

Família é ícone de Deus, indica o Papa



Durante a recitação do Angelus deste domingo, 27, o Papa Bento XVI afirmou que a família humana é ícone da Santíssima Trindade. Neste dia, a Igreja celebra a Festa da Sagrada Família.


"Deus escolheu revelar-se nascendo em uma família humana e, por isso, a família humana se tornou ícone de Deus! Deus é Trindade, é comunhão de amor, e a família, mesmo com toda a diferença entre o mistério divino e a criatura humana, é uma expressão que reflete o mistério insondável do Deus amor".


Nesse sentido, Bento XVI também apontou qual seria a verdadeira educação cristã: "é o resultado de uma colaboração próxima entre os educadores e Deus", destacou. O Pontífice também disse que as famílias não podem considerar os filhos como propriedade particular, e sim ajudar na realização dos desígnios de Deus.


"A família cristã está ciente de que os filhos são um dom e um plano de Deus. Portanto, não podem considerá-los como propriedade sua, mas, servindo aos planos de Deus, é chamada para educá-los na maior liberdade, que é própria daquele que diz 'sim' a Deus para fazer Sua vontade", destacou.


Ao comentar o Evangelho de São Lucas, que narra a perda e encontro de Jesus no Templo, o Papa destacou de onde surgiu a decisão de Jesus em permanecer no Templo. "De onde tinha ouvido Jesus sobre o amor pelas 'coisas' do Pai? Certamente, como Filho, teve um conhecimento íntimo de Deus, uma profunda relação pessoal, permanente com seu pai, mas na sua cultura concreta certamente aprendeu a oração, o amor ao Templo e às instituições de Israel com seus pais".


Ao final da oração, o Papa se digiriu aos fiéis reunidos em Madri, capital espanhola, na festa da Sagrada Família. "Deus, vindo ao mundo no seio de uma família, manifesta que esta instituição é caminho seguro para encontrá-lo e conhecê-lo, bem como faz um chamamento permanente a trabalhar pela unidade de todos em torno do amor".


Bento XVI concluiu suas reflexões afirmando que "um dos maiores serviços que os cristãos podemos prestar a nossos semelhantes é o testemunho serene e firme da família fundada no matrimônio entre um homem e uma mulher, salvaguardando-a e promovendo-a, pois ela é de suma importância para o presente e o futuro da humanidade. Com efeito, a família é a melhor escola para se aprender a viver aqueles valores que dignifican a pessoa e tornam grandes os povos".

(Fonte site Canção nova)

07/12/2009

Papa diz que a Bíblia deve ser interpreta pela Igreja Católica



O Papa Bento XVI reiterou com firmeza, em um encontro com estudantes e professores do Pontifício Instituto Bíblico, em 26 out 2009, que apenas a Igreja Católica pode interpretar "autenticamente" a Bíblia. "À Igreja é destinado o trabalho de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita e transmitida, exercitando a sua autoridade em nome de Jesus Cristo", defendeu o papa, ao se reunir com cerca de 400 estudantes, funcionários e docentes em comemoração aos cem anos da fundação da entidade pontifícia.

É o que está na Dei Verbum do Concílio Vaticano II:
“O ofício de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou transmitida15 foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja,16 cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo. Tal Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a seu serviço, não ensinando senão o que foi transmitido, no sentido de que, por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo religiosamente ausculta aquelas palavras, santamente a guarda e fielmente a expõe. E deste único depósito da fé o Magistério tira tudo aquilo que nos propõe como verdade de fé divinamente revelada.”
O Papa também destacou que, sem a fé e a tradição da Igreja, a Bíblia torna-se um livro "lacrado". "Se as exegeses querem ser também teologia, é preciso reconhecer que a fé da Igreja é aquela forma de simpatia, sem a qual a Bíblia torna-se um livro selado: a tradição não fecha o acesso à Escritura, mas, sobretudo, o abre", disse.
  De acordo com o pontífice, "por outro lado, é da Igreja, nos seus organismos institucionais, a palavra decisiva na interpretação da Escritura", sendo esta "uma única coisa a partir de um único povo de Deus, que tem sido seu portador através da história". "Ler a Escritura com união significa lê-la a partir da Igreja como seu lugar vital e creditar na fé da Igreja como a verdadeira chave da interpretação".
O papa relembrou que o aumento do interesse pelo livro sagrado católico no decorrer deste século ocorreu graças ao Concílio Vaticano II, especificamente à Constituição dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina.

Fonte:  http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,papa-reafirma-que-so-igreja-catolica-pode-interpretar-a-biblia,456614,0.htm

04/12/2009

DOIS MIL ANOS DE IGREJA


  Pela História da Igreja podemos ver com clareza a sua transcendência e divindade. Nenhuma instituição humana sobreviveu a tantos golpes, perseguições, martírios e massacres durante 2000 mil anos; e nenhuma outra instituição humana teve uma seqüência ininterrupta de governantes. Já são 266 Papas desde Pedro de Cafarnaum. Esta façanha só foi possível porque ela é verdadeiramente divina; divindade esta que provém Daquele que é a sua Cabeça, Jesus Cristo. Ele fez da Igreja o Seu próprio Corpo (cf. Cl 1,18), para salvar toda a humanidade.



Podemos dizer que, humanamente falando, a Igreja, como começou, tinha tudo para não dar certo. Ao invés de escolher os "melhores" homens do Seu tempo, generais, filósofos gregos e romanos, etc., Jesus preferiu escolher doze homens simples da Galiléia, naquela região desacreditada pelos próprios judeus. "Será que pode sair alguma coisa boa da Galiléia?" Isto, para deixar claro a todos os homens, de todos os tempos e lugares, que "todo este poder extraordinário provém de Deus e não de nós" (2Cor 4,7); para que ninguém se vanglorie do serviço de Deus.


Aqueles Doze homens simples, pescadores na maioria, "ganharam o mundo para Deus", na força do Espírito Santo que o Senhor lhes deu no dia de Pentecostes. "Sereis minhas testemunhas... até os confins do mundo"(At 1, 8). Pedro e Paulo, depois de levarem a Boa Nova da salvação aos judeus e aos gentios da Ásia e Oriente Próximo, chegaram a Roma, a capital do mundo, e alí plantaram o Cristianismo para sempre. Pagaram com suas vidas sob a mão criminosa de Nero, no ano 67, juntamente com tantos outros mártires, que fizeram o escritor cristão Tertuliano de Cartago (†220) dizer que: "o sangue dos mártires era semente de novos cristãos". Estimam os historiadores da Igreja em cem mil mártires nos três primeiros séculos. Talvez isto tenha feito os Padres da Igreja dizerem que "christianus alter Christus" (o cristão é um outro Cristo), que repete o caminho do Mestre.


Mas estes homens simples venceram o maior império que até hoje o mundo já conheceu. Aquele que conquistou todo o mundo civilizado da época, não conseguiu dominar a força da fé. As perseguições se sucederam com os Césares romanos: Décio, Domiciano, Trajano, Dioclesiano, Valeriano, etc..., até que Constantino, cuja mãe se tornara cristã, Santa Helena, se converteu ao Cristianismo. No ano 313 ele assinava o edito de Milão, proibindo a perseguição aos cristãos, depois de três séculos de sangue. E nem mesmo o imperador Juliano, o apóstata, conseguiu fazer recuar o cristianismo, e no leito de morte exclava: "Tu venceste, ó galileu!".


O grande Império se curvou diante da Cruz, disse Daniel Rops. A marca impressionante desta Igreja invencível e infalível, esteve sempre na pessoa do sucessor de Pedro, o Papa. Os Padres da Igreja cunharam aquela frase que ficou célebre: "Ubi Petrus, ibi ecclesia; ubi ecclesia ibi Christus" (Onde está Pedro, está a Igreja; onde está a Igreja está Cristo). "Tu és Pedro; e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja... e as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela" (Mt 16,18).


Depois da perseguição romana, vieram as terríveis heresias. Já que o demônio não conseguiu destruir a Igreja, a partir de fora, tentava agora fazê-lo a partir de dentro. De alguns patriarcas das grandes sedes da Igreja, Constantinopla, Alexandria, Antioquia, Jerusalém, e outras partes , surgiam as falsas doutrinas, ameaçando dilacerar a Igreja por dentro. Eram o gnosticismo, o pelagianismo, o maniqueísmo, o macedonismo, nestorianismo, jansenismo, quietismo, etc.. Mas o Espírito Santo incumbiu-se de destruir todas elas, e o barco da Igreja continuou o seu caminho até nós.


Os grandes defensores da fé e da sã doutrina, foram os "Padres" da Igreja: Inácio de Antioquia (†107), Clemente de Roma (†102), Ireneu de Lião (†202), Cipriano de Cartago(† 258), Hilário de Poitiers (†367), Cirilo de Jerusalém (†386), Anastácio de Alexandria (†373), Basílio Magno (†379), Gregório de Nazianzo (†394), Gregório de Nissa (†394), João Crisóstomo de Constantinopla (†407), Ambrósio de Milão (†397), Agostinho de Hipona (†430), Jerônimo (420), Éfrem (†373), Paulino de Nola (†431), Cirilo de Alexandria (†444), Leão Magno (†461), e tantos outros que o Espírito Santo usou para derrotar as heresias nos diversos Concílios dos primeiros séculos.


Cristo deixou a Sua Igreja na terra como "a coluna e o sustentáculo da verdade" (1Tm 3,15). Todas as outras igrejas cristãs são derivadas da Igreja Católica; as ortodoxas romperam em 1050; as protestantes em 1517; a anglicana, em 1534, etc. E a lista vai longe e se multiplica em nossos dias.


Depois que desabou o Império Romano do ocidente, coube à Igreja o papel de mãe destes filhos abandonados nas mãos do bárbaros. S.Leão Magno, Papa e doutor da Igreja, enfrentou Átila, rei dos hunos, às portas de Roma, e impediu que este bárbaro, o "flagelo da História", destruísse Roma; o mesmo fez depois com Genserico. Aos poucos a Igreja foi cristianizando os bárbaros, até que o rei e a rainha do francos, Clovis e Clotilde, recebessem o batismo no ano 500. Era a entrada maciça dos bárbaros no cristianismo. Papel importantíssimo nesta conquista lenta e silenciosa coube aos monges e seus mosteiros espalhados em toda a Europa, especialmente os beneditinos, que preservaram a cultura do ocidente.


Mais adiante, no Natal do ano 800, na Catedral de Reims, na França, o rei franco Carlos Magno era coroado pelo Papa, e restabelecia-se o Império Romano, mas agora Sagrado. Os bárbaros se renderam à fé de Cristo. Isto foi possível graças aos milhares de envangelizadores que percorreram toda a Europa anunciando a salvação trazida por Jesus ao mundo: S. Patrício, S. Columbano, S. Bonifácio, e tantos outros gigantes da fé. E onde a semente do Evangelho ia sendo lançada, logo em seguida, em toda parte, era regada com o sangue dos mártires.


. Em toda a Idade Média imperou a marca do cristianismo na Europa. Aspirava-se e respirava-se a fé. Surgiram as Catedrais como a bela expressão da fé e do louvor a Deus; as Cruzadas ao Oriente no zelo de libertar a Terra Santa profanada; as Universidades cristãs, Bolonha, Sorbonne, Oxford, Cambridge, Salamanca, Coimbra, etc, todas fundadas pela Igreja de Cristo.


Mas a fé sempre esteve ameaçada; nos tempos modernos levantaram-se contra a Igreja as forças iluminismo deista, do materialismo, do comunismo, do nazismo, e todos eles fizeram milhares de mártires cristãos, especialmente neste triste século vinte que chega ao fim marcado por tantas ofensas ao Criador.


Stalin, o ditador soviético, responsável por cerca de 30 milhões de mortos, para desafiar a Igreja, perguntou quantas legiões de soldados tinha o Papa; é pena que não sobrevivesse para ver o que aconteceu com o comunismo e com o seu Muro de Berlim. Mas a Igreja continua como nunca, até o final da História, quando Cristo voltará para assumir a Sua Noiva. Será as Bodas definitivas e eternas do Cordeiro com a Sua Igreja.


Nenhuma Instituição humana nesses dois mil anos cuidou tanto da humanidade, fez e faz tanta caridade, espalhou e espalha tanto amor. Nunca uma Instituição cuidou tanto das ciências, das artes, da música, da arquitetura, do direito, da economia, da medicina, da astronomia, da matemática, etc.


Então, é de se perguntar: por que, voltam-se contra ela tantas forças tenebrosas, num laicismo anti-católico indisfarçável? Penso que seja porque ela continua pregando com coragem os Mandamentos do seu Senhor: não matar, não roubar, não prostituir, não voltar aos tempos de Sodoma e Gomorra... As trevas não suportam o brilho da Luz.
(fonte site Cleofas)

16/11/2009

Seita-Os adventistas de Sétimo dia

  O fundador da denominação adventista é William Miller (1782-1849), camponês nascido de pais piedosos batistas. Em 1816, comparando os textos sagrados entre si, chegou à conclusão de que a segunda vinda de Cristo se daria em 1843. Com efeito, os 2300 dias mencionados em Dn 8,5-11 deveriam ser tidos como anos, que ele começava a contar a partir do retorno de. Esdras a Jerusalém, ou seja, a partir de 457 a.C. Donde 2300 - 457 = 1843. O fim do mundo, portanto, haveria de se dar, precisamente, entre 21/3/1843 e 21/3/1844; nesse período de tempo, Cristo reapareceria sobre a terra e reinaria com os santos pelo espaço de mil anos, durante os quais se daria a exaltação dos bons e a condenação dos maus, como parecia sugerido por Ap 20,6s.

Em 1842-1843 Miller realizou 120 assembléias nos campos, com a parti¬cipação global de 1500 ouvintes. A comunidade batista o excomungou. Miller tinha cinco mil discípulos em 22/10/1843.

Na verdade, porém, o prazo previsto passou sem novidade alguma... Então, o discípulo de Miller, S.S. Snow, refez o cálculo, alegando que o ano hebreu não correspondia ao ano cristão; por conseguinte, o termo exato da segunda vinda do Senhor seria o dia 22/10/1844. Foi por esta ocasião que os seguidores de Miller tomaram o nome de "adventistas". Todavia, também esta nova data decorreu sem alteração da história, e o entusiasmo de muitos discípulos se arrefeceu.

Surgiu então a figura ardorosa da sra. Ellen Gould White. Era metodista, quando aderiu à pregação de Miller e esperou a vinda de Cristo em 1844. Ellen dizia ter revelações que ela assim explicava: em 1844 se deu realmente algo de novo, não na terra, mas no céu. O santuário de que fala Dn 8,14 é o santuário celeste, do qual trata também Hb 9,11s; Jesus, naquele ano, entrou no "Santo dos santos" do céu. A sra. White dizia tê-lo visto com seus próprios olhos: podia atestar que, a partir de 22/40/1844, Jesus Cristo estava a exami¬nar os homens defuntos, aprovando ou reprovando cada um deles. Quando essa obra gigantesca acabasse, os vivos passariam por semelhante julgamen¬to, e o fim do mundo estaria próximo.

A tese, assim proposta pela "vidente", conseguiu convencer muita gente. Depois que Miller morreu (1848), tornou-se Ellen White a grande mestra do adventismo. Outra tese que a profetisa incutiu aos adventistas foi a da obser¬vância do sábado... Entre 1840 e 1844, alguns grupos batistas passaram a observar o sábado em lugar do domingo.

Os adventistas do sétimo dia (sabatistas) exigem a fé não somente nas Escrituras, mas também no espírito de profecia de Ellen Gould White. Eis a pergunta decisiva feita a todo candidato: "Aceita o espírito de profecia tal como se manifestou no seio da Igreja escatológica pelo ministério e os escri¬tos de E. G. White?"

Impunha-se também aos novos crentes a abstinência de fumo e álcool, sob pena de excomunhão da Vida Eterna. A Ceia do Senhor era celebrada com suco de uva, sem álcool. Este rigorismo contribuiu para que os adventistas do sétimo dia se tornassem uma comunidade de elite, exigente e fanática, à semelhança das seitas.

À medida que os adventistas foram se organizando, as cisões se multi¬plicavam em seu âmbito, originando ramos diversos: adventistas evangélicos, cristãos adventistas, a Igreja de Deus, a União da Vida e do Advento, os adventistas da era vindoura...

Traços doutrinários

Os adventistas acreditam em Deus uno e trino. Aceitam Jesus como Deus e homem (à diferença das testemunhas de Jeová).

O homem é por si mortal. Mas a morte física não é senão um sono das almas. Os mortos, inconscientes como estão, ignoram por completo o que ocorre na terra. Todos os defuntos, bons e maus, permanecerão em seus túmulos até a ressurreição Os santos receberão o dom da imortalidade quan¬do Cristo voltar, ao passo que os ímpios serão aniquilados.

O batismo é conferido, por imersão, somente aos adultos. É símbolo da conversão realizada anteriormente; não é meio eficaz de santificação.

Os adventistas do sétimo dia promovem campanhas em favor da higiene e da saúde do corpo. Chegam a distribuir livros de dietética e revistas de arte culinária ou de higiene. Tais impressos, às vezes, precedem os livros religio¬sos que os adventistas oferecem; servem, portanto, para abrir caminho ao proselitismo adventista. São banidos a carne de porco, o álcool, o café, o chá, os produtos excitantes, os narcóticos; o regime vegetariano é fortemente recomendado. O adventista que não se conforma com essas normas é excluído da comunidade; dizem-lhe que não poderá obter a Vida Eterna.

Em Síntese: a propaganda adventista é muito marcada por preceitos de higiene e pela notícia insistente de que o fim do mundo está próximo.

Uma avaliação

O adventismo pretende basear suas doutrinas sobre as Escrituras Sagra¬das, dando, porém, certa ênfase a proposições do Antigo Testamento, proposições estas que o cristianismo elucidou e reformulou.

Tenhamos em vista os seguintes pontos:
1) A tese de que as almas adormecem, pela morte, e se tornam inconscientes na outra vida, equivale à crença judia no cheol, região subterrânea onde se encontrariam inconscientes os bons e os maus (cf. Sl 87,11-13; Is 38,18s...). O Novo Testamento, ao contrário, ensina que, logo após a morte, o homem entra na sua sorte definitiva; os bons verão a Deus face a face (cf. FI 1,21-23; 2Cor 5,6-10; 1Jo 3,1-3... ).

2) O cálculo adventista da data do fim do mundo (1844) se apóia em interpretações fantasistas cio Livro de Daniel... Cristo não precisa de 151 anos para fazer o discernimento dos bons e dos maus (estamos em 1995!). O mundo pode durar ainda muitos séculos. O próprio Jesus se recusou a revelar aos apóstolos a data do Juízo Final; apenas quis incutir nos homens vigilân¬cia, a fim de que possam, a qualquer momento, receber o Juiz de toda a humanidade (cf. Mt 25,2;24,42.44; Mc 13,32). Por conseguinte, não é de se crer que a data do Juízo Final possa ser deduzida das Escrituras.

3) A crença num reinado milenar de Cristo sobre a terra tem suas raízes na literatura apocalíptica judaica, tendo sido professada por alguns escritores cristãos Mas, sem demora, a Igreja Católica a abandonou, consciente de que não corresponde à pregação de Cristo. Com efeito, o texto de Ap 20,6s, que faz alusão a esse reino milenar, há de ser lido sob a luz de Jo 5,25-29 (São João é o autor tanto do quarto Evangelho como do Apocalipse). Ora, naquela passagem do Evangelho, Jesus fala de duas ressurreições (cf vv. 25 e 28-29): a primeira se dá imediatamente (“já veio...”); a segunda é futura. Essas duas ressurreições correspondem à ressurreição primeira e à ressurreição segunda de Ap 20,5-7.

Significam a passagem da morte para a vida que se dá pelo batismo e pela graça santificante (ressurreição primeira) e a que ocorrerá no fim dos tempos, quando os corpos ressuscitarão, para que o homem - em corpo e alma possua a sua sorte eterna(ressurreição segunda). Entre uma e outra ressurreição, existe um intervalo de mil anos, conforme Ap 20,5-7... O número mil, aqui, designa bonança, vida... E com razão, pois viver em graça é viver desde já a Vida Eterna é, pois, viver mil anos (segundo o simbolismo dos antigos).

4) Quanto á observação do sábado, notemos: a palavra hebraica "shabbath” significa sete e repouso, de incido que qualquer sétimo dia (na seqüência dos dias do ano) consagrado ao repouso é sábado. Os cristãos deslocaram, de um dia, a observância do repouso ou do Sétimo dia, porque foi no dia posterior ao sábado - ou no domingo - que o Senhor Jesus ressuscitou dos mortos, apresentando ao mundo a nova criatura. Observemos que esse deslocamento se deve aos próprios apóstolos, como atestam 1 Cor 16,2; At 20,7 e Ap 1,40. O próprio Deus, colocando a ressurreição de Cristo no dia seguinte ao sábado, deu a entender que o dia do Senhor, por excelência, ou o sábado dos cristãos, deveria ser deslocado de um dia.

5) A proibição de certos alimentos também é vestígio do Antigo Testamento, ultrapassado pelos textos do Novo Testamento. Estes recomendam sobriedade e mortificação, mas já não proíbem os alimentos que a Lei de Moisés, por motivos de higiene e de pureza ritual, prescrevia. Diz, por exemplo, o Senhor Jesus: "Não percebeis que tudo quanto entra de fora no homem não o pode tornar impuro, porque não penetra no coração...?" (Mc 7,18s). São Paulo, por sua vez, escreve: "Alguns impostores proíbem o uso de alimentos que o Senhor criou paia que, com ação de graças, participem deles os fiéis e aqueles que conhecem a verdade. porque tudo o que Deus criou é bom e não é para desprezar, contanto que se tome com ação de graças, pois é santificado pela palavra de Deus e pela oração” (1Tm 4,2-5).

Vemos, pois, quanto os adventistas estão longe de representar o autêntico cristianismo!

(fonte site www.Cleofas.com.br)

Os Cinco Mandamentos da Igreja

  Obrigações que todo católico tem de cumprirA+A-Uma coisa que muitos católicos não sabem – e por isso não cumprem – é que existem os "Cinco Mandamentos da Igreja", além dos Dez Mandamentos conhecidos. Eles não foram revogados pela Igreja com o novo Catecismo de João Paulo II (1992). É preciso entender que mandamento é algo obrigatório para todos os católicos, diferente de recomendações, conselhos, entre outros.

Cristo deu poderes à Sua Igreja a fim de estabelecer normas para a salvação da humanidade. Ele disse aos Apóstolos: "Quem vos ouve a mim ouve, quem vos rejeita a mim rejeita, e quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou" (Lc 10,16). E prossegue: “Em verdade, tudo o que ligardes sobre a terra, será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra, será também desligado no céu.” (Mt 18,18)

Então, a Igreja legisla com o "poder de Cristo", e quem não a obedece, não obedece a Cristo, e conseqüentemente a Deus Pai.

De modo que para a salvação do povo de Deus, a Igreja estabeleceu cinco obrigações que todo católico tem de cumprir, conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC). Este ensina: "Os mandamentos da Igreja situam-se nesta linha de uma vida moral ligada à vida litúrgica e que dela se alimenta. O caráter obrigatório dessas leis positivas promulgadas pelas autoridades pastorais tem como fim garantir aos fiéis o mínimo indispensável no espírito de oração e no esforço moral, no crescimento do amor de Deus e do próximo." (§2041)

Note que o Catecismo diz que isso é o "mínimo indispensável" para o crescimento na vida espiritual dos fiéis. Podemos e devemos fazer muito mais, pois isso é apenas o mínimo obrigado pela Igreja. Ela sabe que, como Mãe, tem filhos de todos os tipos e condições, portanto, fixa, sabiamente, apenas o mínimo necessário, deixando que cada um, conforme a sua realidade, faça mais. E devemos fazer mais.

1º – Primeiro mandamento da Igreja: "Participar da missa inteira nos domingos e outras festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho".

Ordena aos fiéis que santifiquem o dia em que se comemora a ressurreição do Senhor, e as festas litúrgicas em honra dos mistérios do Senhor, da santíssima Virgem Maria e dos santos, em primeiro lugar participando da celebração eucarística, em que se reúne a comunidade cristã, e se abstendo de trabalhos e negócios que possam impedir tal santificação desses dias (Código de Direito Canônico-CDC , cân. 1246-1248) (§2042).

Os Dias Santos – com obrigação de participar da missa, são esses, conforme o Catecismo: “Devem ser guardados [além dos domingos] o dia do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Epifania (domingo no Brasil), da Ascensão (domingo) e do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi), de Santa Maria, Mãe de Deus (1º de janeiro), de sua Imaculada Conceição (8 de dezembro) e Assunção (domingo), de São José (19 de março), dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo (domingo), e por fim, de Todos os Santos (domingo)” (CDC, cân. 1246,1; n. 2043 após nota 252) (§2177).

2º - Segundo mandamento: "Confessar-se ao menos uma vez por ano".

Assegura a preparação para a Eucaristia pela recepção do Sacramento da Reconciliação, que continua a obra de conversão e perdão do Batismo (CDC, cân. 989). É claro que é pouco se confessar uma vez ao ano, seria bom que cada um se confessasse ao menos uma vez por mês, pois fica mais fácil de se recordar dos pecados e de ter a graça para vencê-los.

3º - Terceiro mandamento: "Receber o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa da ressurreição" (O período pascal vai da Páscoa até festa da Ascenção) e garante um mínimo na recepção do Corpo e do Sangue do Senhor em ligação com as festas pascais, origem e centro da Liturgia cristã (CDC, cân. 920).

Também é muito pouco comungar ao menos uma vez ao ano. A Igreja recomenda (não obriga) a comunhão diária.

4º - Quarto mandamento: "Jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja" (No Brasil isso deve ser feito na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa). Este jejum consiste em um leve café da manhã, um almoço leve e um lanche também leve à tarde, sem mais nada no meio do dia, nem o cafezinho. Quem desejar, pode fazer um jejum mais rigoroso; o obrigatório é o mínimo. Os que já tem mais de sessenta anos estão dispensados da obrigatoriedade, mas podem fazê-lo se desejarem.

Diz o Catecismo que o jejum "Determina os tempos de ascese e penitência que nos preparam para as festas litúrgicas; contribuem para nos fazer adquirir o domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração (CDC, cân. 882)".

5º - Quinto mandamento: "Ajudar a Igreja em suas necessidades"
Recorda aos fiéis que devem ir ao encontro das necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades (CDC, cân. 222). Não é obrigatório que o dízimo seja de 10% do salário, nem o Catecismo nem o Código de Direito Canônico obrigam esta porcentagem, mas é bom e bonito se assim o for. O importante é, como disse São Paulo, dar com alegria, pois “Deus ama aquele que dá com alegria” (cf. 2Cor 9, 7). Esta ajuda às necessidades da Igreja pode ser dada uma parte na paróquia e em outras obras da Igreja.

Nota: Conforme preceitua o Código de Direito Canônico, as Conferências Episcopais de cada país podem estabelecer outros preceitos eclesiásticos para o seu território (CDC, cân. 455) (§2043).

Demos graças a Deus pela Santa Mãe Igreja que nos guia. O Papa Paulo VI disse que "quem não ama a Igreja não ama Jesus Cristo".

(Site Canção Nova escrita por Prof. Felipe Aquino, site do escritor http://www.cleofas.com.br/)





14/11/2009

Anglicanos, a saudade da casa paterna

  As orações dos anglicanos que desejavam entrar em plena comunhão com a Igreja Católica foram mais do que atendidas». Foi com essas palavras que o primaz da Comunhão Anglicana Tradicional, John Hepworth, arcebispo de Blackwood, na Austrália, comentou o anúncio feito por Bento XVI, no dia 20 de outubro, outorgando aos anglicanos desejosos de ingressar na Igreja Católica a liberdade de preservar a tradição espiritual e litúrgica de sua Igreja de origem.

A decisão do Papa foi a resposta a uma solicitação feita por dezenas de bispos e centenas de grupos de fiéis, inconformados com a decisão tomada por suas lideranças de conceder o sacerdócio e o episcopado às mulheres e aos homossexuais e de abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo. A maioria deles pertence à Comunhão Tradicional Anglicana, uma Igreja que se separou da Comunhão Anglicana original. Presente em vários países, compõe-se de aproximadamente 400.000 pessoas. Em 2008, ela pediu para voltar a fazer parte da Igreja Católica Apostólica Romana.

Como se lembra, a Igreja Anglicana nasceu de uma cisão na Igreja Católica, efetuada no século XVI, quando o Rei Henrique VIII, por razões políticas e pessoais, declarou que a Igreja na Inglaterra deixaria de estar unida ao Papa. Desde então, os anglicanos desenvolveram tradições litúrgicas próprias, diferentes mas nem sempre conflitantes com a doutrina católica. Hoje, a Comunhão Anglicana é formada por 80 milhões de fiéis, divididos em várias "províncias" independentes umas das outras, mas em comunhão entre si. É a terceira maior igreja cristã do mundo, depois da Católica e da Ortodoxa.

Referindo-se à futura constituição apostólica que legislará sobre o assunto, Dom Hepworth acrescentou: «Com ela, Bento XVI nos oferecerá os meios para que os anglicanos entrem em plena comunhão com a Igreja Católica. O Papa quer dedicar seu pontificado à causa da unidade. Este é um momento de graças, um momento histórico, não porque o passado se apagou, mas porque se transformou».

Rowan Williams, arcebispo de Canterbury e primaz da Igreja da Inglaterra, recebeu com serenidade a notícia da criação de uma estrutura canônica particular para os anglicanos que aderirem à fé católica. Foi o que expressou numa declaração conjunta com o arcebispo católico de Westminster, Vincent Gerard Nichols: «Este anúncio põe fim a um período de incertezas para muitos grupos que nutriam esperanças de novas formas de unidade com a Igreja Católica. A futura constituição é um reconhecimento da substancial convergência na fé, na doutrina e na espiritualidade entre a Igreja Católica e a tradição anglicana. Sem os diálogos dos últimos 40 anos, este reconhecimento não teria sido possível, nem tampouco se teria nutrido a esperança de uma plena e visível comunhão».

Em seu encontro com os jornalistas, o cardeal William Joseph Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, explicou as razões que levaram a Igreja Católica a tomar essa medida: «Os anglicanos que se puseram em contato com a Santa Sé expressaram claramente seu desejo de uma plena e visível comunhão na Igreja una, santa, católica e apostólica. Ao mesmo tempo, nos falaram da importância de suas tradições ligadas à espiritualidade e ao culto. O Papa pensa numa estrutura canônica formada por ordinariados pessoais, que permitirão aos fiéis ex-anglicanos de entrar na plena comunhão da Igreja Católica, conservando os elementos de seu patrimônio espiritual e litúrgico específico».

Os ordinariados pessoais nos remetem a figuras jurídicas como a "Prelazia do Opus Dei", à "Administração Apostólica São João Maria Vianney" e aos "Ordinariados Militares", formadas por fiéis que não dependem de dioceses territoriais. Assim, os anglicanos que voltarem à Igreja contarão com bispos, sacerdotes e seminaristas próprios. A nova constituição permitirá aos pastores anglicanos casados que passem a ser presbíteros da Igreja Católica, acompanhados pela esposa e filhos. Esta exceção já estava em vigor desde o ano de 1994, quando, após a primeira ordenação de mulheres na Igreja Anglicana, vários sacerdotes pediram para entrar na Igreja Católica, conservando o estado clerical. Quanto aos bispos casados, serão recebidos na Igreja Católica como presbíteros. De acordo com as palavras do cardeal Levada, isso se deve a «razões históricas e ecumênicas», já que, tradicionalmente, o ministério episcopal está ligado ao celibato, inclusive na Igreja Ortodoxa e nas Igrejas Católicas Orientais.

13.Nov.2009

Dom Redovino Rizzardo, cs*
(Site do jornal O Progresso)

11/11/2009

Casamento gay?!Meu Deus é fim dos tempos,Igreja Evangélica permite casamento gay.


   Eduardo subiu primeiro ao altar. Paullo o alcançou depois de um atraso programado, buquê de flores nas mãos. Cantava “Uma Vez Mais”, tema da abertura da novela Alma Gêmea, da TV Globo. “Quando eu te vi, o sonho aconteceu”, entoou, lágrimas nos olhos. Eduardo Silva, de 27 anos, é ex-pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. Paullo Oliveira, de 31, é filho de um famoso pastor da Assembléia de Deus. Casaram-se há duas semanas pelas bênçãos da Igreja Contemporânea, uma denominação evangélica pentecostal criada há um ano no Rio de Janeiro para abrigar um rebanho sem lugar na maioria das denominações religiosas: os gays.
Quem celebrou a união foi o pastor Marcos Gladstone, fundador da Igreja Contemporânea. Ele também se prepara para casar-se em breve com um ministro do templo. Alguns convidados suspiram. “É inspirador. Espero que chegue logo a minha hora”, diz Leandro Machado, ex-obreiro da Universal que planeja o casamento com o namorado, Vanderson, ex-testemunha-de-jeová. A hora do beijo, a mais esperada, foi comemorada como um gol da Seleção Brasileira – quase uma surpresa, como se nunca fosse acontecer.
“Melhor ser dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque, se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se aquentará?” Essa passagem do Eclesiastes, na Bíblia, é usada pelo pastor Gladstone como “prova de que não existem diferenças de gênero perante Deus quando duas pessoas se amam”. Foi lida por ele pouco antes da troca de alianças entre Eduardo e Paullo nos dedos de unhas esmaltadas de branco.
No Brasil, os gays evangélicos que desejam um casamento religioso podem escolher entre pelo menos três igrejas: a Igreja Contemporânea, a Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM), denominação americana que tem filiais em sete Estados brasileiros, e a Comunidade Cristã Nova Esperança, de São Paulo. O fundador da Contemporânea, Marcos Gladstone, chegou a abrir uma filial da ICM, mas percebeu que no mercado religioso brasileiro havia espaço para uma igreja que acolhesse os gays, mas que não fosse militante. “A ICM é quase um movimento polí-tico em defesa da causa gay. Mas no Brasil os fiéis não gostam de misturar religião e militância”, diz Gladstone. “A Contemporânea não é uma igreja gay, mas que aceita gays. Os homossexuais estavam em busca de um lugar para professar a sua fé.”
Desde que mudou o nome – e as regras – de sua igreja, o número de adeptos saltou de 20 para cem. “Percebi que as pessoas queriam mais rigidez”, diz o fundador. Ele criou, então, regras severas como principal trunfo na disputa pela religiosidade do público homossexual: é proibido consumir álcool e cigarros e não é permitido fazer sexo fora do namoro ou casamento. O dízimo de 10% da renda familiar é obrigatório.
Na ICM, a principal “concorrente”, o fiel segue suas próprias regras morais. “Eu jamais direi o que o fiel deve ou não fazer. Os valores de cada um é que vão dirigir suas atitudes. Se fosse importante para Jesus definir regras de conduta sexual, ele teria dito isso”, diz o pastor Gelson Piber, do templo da ICM em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. O templo existe há dois anos, conta com 40 fiéis e tem 12 casa-mentos gays no currículo. “Acho que os gays querem se casar mais que os héteros.”
Em algumas pentecostais, a homossexualidade é uma manifestação do demônio. Na Igreja Contemporânea também há sessões de exorcismo, mas os belzebus supostamente arrancados dos fiéis não são responsabilizados pela opção sexual do fiel. Eduardo, um dos noivos, comandava um templo da Igreja Universal em Barra Mansa, no Rio. “Fiquei lá até um fiel me procurar confessando que era gay e precisava ser curado”, afirma. “Disse que era impossível, porque eu também sentia as mesmas coisas que ele.” Depois do episódio, ele abandonou o templo. Ao voltar para o Rio, foi expulso. Hoje, trabalha como garçom.
Paullo é professor universitário de Português. Sofreu muito com o preconceito do pai, que foi um dos mais conhecidos pastores da Assembléia de Deus de Madureira, no Rio. “Quando contei aos meus pais, disseram que era coisa do diabo querendo tomar conta da minha vida”, diz Paullo. “Cheguei a ficar noivo de uma mulher por um ano para manter as aparências.”
No Brasil, Eduardo e Paullo só serão casados em sua fé. A lei brasileira ainda não permite o casamento no Civil. O Projeto de Lei no 1.151, de 1995, da então deputada federal Marta Suplicy, contempla o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas está há mais de dez anos tramitando no Congresso sem previsão de votação. Desde 2001, casais brasileiros têm conquistado na Justiça o reconhecimento da relação como “união estável” – figura jurídica que garante direitos como pensão e bens adquiridos em conjunto. No mundo, países como Dinamarca, Holanda e Canadá já aprovaram a união civil entre gays. Na América Latina, capitais como Buenos Aires e Cidade do México criaram leis que permitem a união civil de homossexuais.
Na terça-feira (18), os gays marcaram um ponto histórico no Cone Sul. O Uruguai tornou-se o primeiro país da América Latina a reconhecer legalmente a união civil de pessoas do mesmo sexo. Aprovada pelo Senado por unanimidade, a lei precisa agora ser sancionada pelo presidente Tabaré Vázquez.
  Eduardo e Paullo planejam tentar o reconhecimento civil mais tarde. Eles se conheceram no Orkut, há um ano, e procuraram a Igreja Contemporânea pela vontade de se casar. O pastor afirma só ter aceitado realizar a cerimônia depois de “ter certeza da convicção dos dois”. Os pais dos noivos não viveram o suficiente para testemunhar o casamento. As mães preferiram não dar o ar da graça para não criar polêmica em suas próprias igrejas. Perderam a cena dos filhos chorando tanto ao pronunciar os votos de amor eterno que Eduardo foi obrigado a tirar as lentes azuis compradas para a ocasião. Casou-se de olhos castanhos.

(fonte tv canal 13)

09/11/2009

Anglicanos decidem se integrar a Igreja Católica

Londres, 09 nov (RV) - Um grupo de paróquias da Comunhão Anglicana Tradicional (CAT) votou a favor de integrar-se à Igreja Católica. É a primeira resposta concreta à iniciativa do Vaticano. No último dia 20 de outubro a Santa Sé anunciou a criação de ordinariatos pessoais para acolher grupos de fiéis anglicanos que quisessem entrar em comunhão com a Igreja Católica. Nesta segunda-feira foi publicada, de fato a Constituição Apostólica de Bento XVI intitulada Anglicanorum Coetibus. O documento prevê uma estrutura canônica com instituições de ordinariatos pessoais que permitirão aos fiéis anglicanos entrar na Igreja Católica, mantendo os elementos específicos do seu patrimônio espiritual e litúrgico.

Os sacerdotes já casados poderão tornar-se sacerdotes católicos, enquanto os bispos não deverão ser casados. O entendimento foi conseguido de comum acordo com a Comunhão Anglicana e trata-se de um desenvolvimento do caminho ecumênico que a Igreja Católica está decididamente intencionada a prosseguir na estrada traçada pelo Concilio Vaticano II.

Em artigo publicado no L’Osservatore Romano, o reitor da Gregoriana, padre Gianfranco Ghirlanda nota que é instituída uma estrutura canônica flexível e - acrescenta - que como o Espírito Santo guiou o trabalho preparatório da Constituição Apostólica também assistirá na sua aplicação. (SP)

(Rádio do Vaticano 09/11/09)

07/11/2009

A catequese do Papa Bento XVI"Teologia do coração",mais que "teologia da razão"


CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 4 de novembro de 2009 (ZENIT.org).- Oferecemos, a seguir, a catequese do Papa Bento XVI durante a audiência geral de hoje com os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

***

Queridos irmãos e irmãs:

Na última catequese, apresentei as principais características da teologia monástica e da teologia escolástica do século XII, que poderíamos chamar, de certa forma, respectivamente, de “teologia do coração” e “teologia da razão”.

Entre os representantes de uma e de outra corrente teológica houve um amplo debate, às vezes intenso, simbolicamente apresentado pela controvérsia entre São Bernardo de Claraval e Abelardo.

Para compreender esta confrontação entre os dois grandes mestres, é bom recordar que a teologia é a busca de uma compreensão racional, enquanto for possível, do mistério da Revelação cristã, que acreditamos pela fé: fides quaerens intellectum – a fé busca a inteligibilidade –, por citar uma definição tradicional, concisa e eficaz.

Pois bem, enquanto São Bernardo, típico representante da teologia monástica, enfatiza a primeira parte da definição, isto é, a fides (a fé), Abelardo, que é um escolástico, incide sobre a segunda parte, isto é, sobre o intellectus, sobre a compreensão por meio da razão.

Para Bernardo, a própria fé está dotada de uma íntima certeza, fundada no testemunho da Escritura e no ensinamento dos Padres da Igreja. A fé, além disso, reforça-se pelo testemunho dos santos e pela inspiração do Espírito Santo na alma de cada crente. Nos casos de dúvida e de ambiguidade, a fé deve ser protegida e iluminada pelo exercício do Magistério eclesial.

Assim, para Bernardo, era difícil estar de acordo com Abelardo, e mais em geral com aqueles que submetiam as verdades da fé ao exame crítico da razão; um exame que comportava, em sua opinião, uma grave perigo, o intelectualismo, a relativização da verdade, a discussão das próprias verdades da fé.

Nesta forma de proceder, Bernardo via uma audácia levada até a falta de escrúpulos, fruto do orgulho da inteligência humana, que pretende “capturar” o mistério de Deus. Em uma de suas cartas, com muita dor, ele escreve: “A criatividade humana se apodera de tudo, não deixando nada para a fé. Enfrenta o que está acima dela, escruta o que lhe é superior, irrompe no mundo de Deus, altera os mistérios da fé, mais do que os ilumina; não abre o que está fechado e selado, mas o erradica; e o que não acha viável, considera como nada e rejeita crer nisso” (Epístola CLXXXVIII,1: PL 182, I, 353).

Para Bernardo, a teologia tem um único fim: o de promover a experiência viva e íntima de Deus. A teologia é, portanto, uma ajuda para amar cada vez mais e melhor o Senhor, como recita o título do tratado sobre o Dever de amar a Deus (De diligendo Deo).

Neste caminho, há diversos graus, que Bernardo descreve detalhadamente, até o cume, quando a alma do crente se embriaga nas alturas do amor. A alma humana pode alcançar, já na terra, essa união mística com o Verbo divino, união que o Doutor Melífluo descreve como “bodas espirituais”. O Verbo divino a visita, elimina as últimas resistências, ilumina-a, inflama-a e a transforma. Nesta união mística, a alma goza de uma grande serenidade e doçura, e canta ao seu Esposo um hino de alegria.

Como recordei na catequese dedicada à vida e à doutrina de São Bernardo, a teologia para ele não pode senão nutrir-se da oração contemplativa; em outras palavras, da união afetiva do coração e da mente com Deus.

Abelardo, que, por sua vez, é precisamente quem introduziu o termo “teologia” no sentido que entendemos hoje, coloca-se em uma perspectiva diversa. Nascido em Bretanha, na França, este famoso professor do século XII estava dotado de uma inteligência vivíssima e sua vocação era o estudo.

Ele se dedicou primeiro à filosofia e depois aplicou os resultados alcançados nesta disciplina à teologia, da qual foi professor na cidade mais culta da época, Paris, e sucessivamente nos mosteiros em que viveu.

Era um orador brilhante: suas aulas eram acompanhadas por verdadeiras massas de estudantes. De espírito religioso, mas personalidade inquieta, sua existência foi rica em golpes de cena: rebateu seus professores, teve um filho com uma mulher culta e inteligente, Eloísa; esteve frequentemente em polêmica com seus colegas teólogos; sofreu também condenações eclesiásticas, ainda que tenha morrido em plena comunhão com a Igreja, a cuja autoridade se submeteu com espírito de fé.

Precisamente São Bernardo contribuiu para a condenação de algumas doutrinas de Abelardo no sínodo provincial de Sens em 1140, e solicitou também a intervenção do papa Inocêncio II. O abade de Claraval rejeitava, como recordamos, o método intelectualista demais de Abelardo, que a seu ver reduzia a fé a uma simples opinião desvinculada da verdade revelada.

Os temores de Bernardo não eram infundados, mas compartilhados pelos demais, por outros grandes pensadores da sua época. Efetivamente, um uso excessivo da filosofia tornou perigosamente frágil a doutrina trinitária de Abelardo e, consequentemente, sua ideia de Deus.

No campo moral, seu ensinamento não estava privado de ambiguidade: ele insistia em considerar a intenção do sujeito como única fonte para descrever a bondade ou a malícia dos atos morais, descuidando, assim, do significado objetivo e do valor moral das ações: um subjetivismo perigoso.

Este é, como sabemos, um aspecto importante para a nossa época, na qual a cultura aparece frequentemente marcada por uma tendência crescente ao relativismo ético: só o “eu” decide o que é bom para mim, neste momento. Não podemos nos esquecer, contudo, dos grandes méritos de Abelardo, que teve muitíssimos discípulos e que contribuiu para o desenvolvimento da teologia escolástica, destinada a expressar-se de forma mais madura e fecunda no século seguinte.

Não devem ser desvalorizadas algumas das suas intuições, como, por exemplo, quando afirma que nas tradições religiosas não-cristãs já há uma preparação para a acolhida de Cristo, Verbo divino.

O que nós podemos aprender hoje da confrontação, frequentemente intensa, entre Bernardo e Abelardo e, em geral, entre a teologia monástica e a escolástica?

Antes de mais nada, penso que mostra a utilidade e a necessidade de uma discussão teológica sadia na Igreja, sobretudo quando as questões debatidas não foram definidas pelo Magistério, que continua sendo, contudo, um ponto de referência iniludível[não admite dúvida]. São Bernardo, mas também o próprio Abelardo, reconheceram sempre sua autoridade. Além disso, as condenações que este último sofreu nos recordam que no campo teológico deve haver um equilíbrio entre os que poderíamos chamar de princípios arquitetônicos, que nos foram dados pela Revelação e que conservam por isso sempre uma importância prioritária, e os interpretativos, sugeridos pela filosofia, isto é, pela razão, e que têm uma função importante, mas só instrumental.

Quando este equilíbrio entre a arquitetura e os instrumentos de interpretação diminui, a reflexão teológica corre o risco de contaminar-se com erros, e corresponde então ao Magistério o exercício desse necessário serviço à verdade, que lhe é próprio.

Além disso, é preciso sublinhar que, entre as motivações que induziram Bernardo a colocar-se contra Abelardo e a solicitar a intervenção do Magistério, estava também a preocupação por salvaguardar os crentes simples e humildes, aqueles a quem é preciso defender quando correm o risco de ser confundidos ou desviados por opiniões muito pessoais e por argumentações teológicas sem escrúpulos, que poderiam colocar sua fé em perigo.

Eu gostaria de recordar, finalmente, que a confrontação teológica entre Bernardo e Abelardo concluiu com uma plena reconciliação entre eles, graças à mediação de um amigo comum, o abade de Cluny, Pedro o Venerável, de quem falei em uma das catequeses anteriores. Abelardo mostrou humildade em reconhecer seus erros. Bernardo usou de grande benevolência. Em ambos, prevaleceu o que deve estar verdadeiramente no coração quando nasce uma controversa teológica, isto é, salvaguardar a fé da Igreja e fazer a verdade triunfar na caridade. Que esta seja também hoje a atitude nas confrontações na Igreja, tendo sempre como meta a busca da verdade.

[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]

Uma cordial saudação aos peregrinos vindos de Coimbra e de São Paulo, ao grupo de Focolarinos do Brasil, aos fiéis cristãos da Catedral Nossa Senhora da Conceição em Bragança Paulista, com seu bispo, Dom José Maria Pinheiro, e à tripulação do Navio-Escola “Brasil” com o seu comandante, que aqui vieram movidos pelo desejo de afirmar e consolidar sua fé e adesão a Cristo, o Senhor dos Navegantes. Ele vos encha de alegria e o seu Espírito ilumine todas as decisões da vossa vida para realizardes fielmente o projeto de Deus a vosso respeito. Acompanha-vos a minha oração e bênção.


[Tradução: Aline Banchieri.
©Libreria Editrice Vaticana]

06/11/2009

Acordo aprovado no senado reafirma Igreja Católica no Brasil


O Senado brasileiro aprovou nesta quarta-feira um acordo entre o Brasil e o Vaticano em novembro passado, que estabelece um novo marco jurídico para a atuação da Igreja Católica no país.O documento reconhece o “direito da Igreja Católica de desempenhar sua missão apostólica e garante o exercício público de suas atividades”.Além disso, reafirma a personalidade jurídica da Igreja e de suas instituições, entre as quais cita a Conferência Episcopal, as paróquias e as dioceses, e estabelece marcos de cooperação com o Estado.O acordo foi assinado em 13 de novembro, durante uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao papa Bento XVI.Até agora, os aspectos jurídicos da Igreja Católica no país eram regidos por um decreto de 7 de janeiro de 1890, quando a récem-nascida República, proclamada em 15 de novembro do ano anterior, reconhecia a personalidade jurídica da instituição.O novo documento contém 20 artigos que regulam o funcionamento da Igreja Católica e a suas instituições no Brasil, baseado na Constituição e no respeito ao Estado laico.Entre estes, destaque para o papel da Igreja Católica no casamento religioso e o trabalho social desenvolvido em escolas, hospitais e prisões.Agora o acordo segue para sanção presidencial e entra em vigor depois de ser publicado no Diário Oficial.
Fonte: EFE / Gospel Prime

A falsa doutrina do arrebatamento

Por Carlos Caso-Rosendi
Tradução: Carlos Martins Nabeto
Fonte: Vox Fidei

Muitos fundamentalistas e protestantes evangélicos adotam uma crença conhecida como "O Arrebatamento". Existem muitas variações desta doutrina. A série popular de livros "Deixados para Trás", escrita por Tim Lahaye e Jerry Jenkins, apresenta apenas uma dessas variações. Para defender suas idéias, os partidários do "Arrebatamento" citam alguns versículos genéricos da Bíblia, inclusive 1Tessalonicenses 4,15-17:
"Nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares". E também costumam citar 1Coríntios 15,51-52:
"Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados".Destas mínimas passagens misteriosas resultam predições detalhadas e precisas que preenchem volumes e mais volumes, complementados com calendários, datas, tabelas e gráficos. A versão apresentada nos livros da série "Deixados para Trás" é denominada "dispensionalismo pré-milenarista e pré-tribulacional". Sua proposta consiste em afirmar que no futuro a terra experimentará um reinado de Jesus que durará mil anos. Imediatamente antes deste reinado, os "verdadeiros crentes" serão "arrebatados" por Jesus, ascendendo com Ele de maneira secreta e silenciosa, entra as nuvens. Para eles não importa que a Bíblia mencione uma forte voz e uma trombeta... a maioria dos partidários do "arrebatamento" garante que o evento ocorrerá em segredo.Esta interpretação exagerada assegura que aqueles infelizes que serão "deixados" sofrerão um período de sete anos de tribulações - uma espécie de última chance para a fé. Ao findar os sete anos, Jesus retornará para uma Segunda Vinda "extra", desta vez com legiões de fiéis. Juntos, derrotarão o Anticristo e iniciarão os mil anos do reinado de Jesus sobre a terra. A ironia disto tudo é que os protestantes crêem que é a Igreja Católica quem sustenta ensinamentos "antibíblicos" (apontando a doutrina católica sobre Maria como o maior exemplo), muito embora a crença no "arrebatamento" seja aceita sem questionamentos e com pouquíssima substância bíblica. É irônico também que muitos protestantes que acreditam que a Igreja Católica alterou os seus ensinamentos muitas vezes no decorrer dos séculos, admitam hoje o conceito de "arrebatamento", sendo que tal doutrina nunca é encontrada na História do Cristianismo, pois não aparece nem na literatura católica, nem na protestante até o século XIX, quando surgiram suas primeiras manifestações nas obras de John Nelson Darby, um ministro fundamentalista que posteriormente se converteu em sacerdote anglicano.Os ensinamentos da Igreja Católica sobre o fim dos tempos são muito menos detalhados - e ainda muito menos dramáticos - do que os de John Nelson Darby e Tim Lahaye.É certo que a Igreja sustenta a Segunda Vinda de Jesus. Um exemplo conhecido encontra-se na frase do Credo de Nicéia: "E de novo há de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos"; e há outro na afirmação de São Paulo, de que os crentes serão "levados" até o Senhor. No entanto, no tocante a data e a natureza destes eventos, a Igreja diz muito pouco, uma vez que há certas coisas que são reservadas por Deus:
"As coisas ocultas concernem ao Senhor, nosso Deus; porém, as reveladas, são para nós e para os nossos filhos, para que pratiquemos sempre todas as palavas desta Lei" (Deuteronômio 29,29).E, como nos adiantou o Senhor Jesus Cristo:
"Quanto ao dia e a hora, ninguém sabe - nem os anjos dos céu, nem o Filho, mas apenas o Pai" (Mateus 24,36).

Para ter uma idéia mais detalhada sobre o ensino magisterial da Igreja sobre o fim dos tempos, leia os parágrafos 671 a 679 do Catecismo da Igreja Católica.
(CASO-ROSENDI, Carlos. Apostolado Veritatis Splendor: A FALSA DOUTRINA DO ARREBATAMENTO. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5969. Desde 27/10/2009)

O verbo assumiu a nossa natureza no seio de Maria

Santo Atanásio, bispo e doutor da Igreja, séc. IV

O Verbo de Deus veio em auxílio da descendência de Abraão, como diz o Apóstolo. Por isso devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos (Hb 2,16-17) e assumir um corpo semelhante ao nosso. Eis por que Maria está verdadeiramente presente neste mistério; foi dela que o Verbo assumiu, como próprio, aquele corpo que havia de oferecer por nós. A Sagrada Escritura, recordando este nascimento, diz: Envolveu-o em panos (Lc 2,7); proclama felizes os seios que o amamentaram e fala também do sacrifício oferecido pelo nascimento deste Primogênito. O anjo Gabriel, com prudência e sabedoria, já o anunciaram a Maria; não lhe disse simplesmente: aquele que nascer em ti, para não se julgar que se tratava de um corpo extrínseco nela introduzido; mas: de ti (cf. Lc 1, 35Vulg.), para se acreditar que o fruto desta concepção procedia realmente de Maria.Assim foi que o Verbo, recebendo nossa natureza humana e oferecendo-a em sacrifício, assumiu-a em sua totalidade, para nos revestir depois de sua natureza divina, segundo as palavras do Apóstolo: É preciso que este ser corruptível se vista de incorruptibilidade; é preciso que este ser mortal se vista de imortalidade (1Cor 15,53).Estas coisas não se realizaram de maneira fictícia, como julgam alguns, o que é inadmissível! Nosso Salvador fez-se verdadeiro homem, alcançando assim a salvação do homem na sua totalidade. Nossa salvação não é absolutamente algo de fictício, nem limitado só ao corpo; mas realmente a salvação do homem todo, corpo e alma, foi realizada pelo Verbo de Deus.A natureza que ele recebeu de Maria era uma natureza humana, segundo as divinas Escrituras, e o corpo do Senhor era um corpo verdadeiro. Digo verdadeiro, porque era um corpo idêntico ao nosso. Maria é portanto nossa irmã, pois todos somos descendentes de Adão.As palavras de João: O Verbo se fez carne (Jo 1,14) têm o mesmo sentido que se pode atribuir a uma expressão semelhante de Paulo: O Cristo fez-se maldição por nós (cf. Gl 3,13). Pois da intima e estreita união com o Verbo, resultou para o corpo humano em engrandecimento sem par: de mortal tornou-se imortal; sendo animal, tornou-se espiritual; terreno, transpôs as portas do céu.Contudo, mesmo tendo o Verbo tomado um corpo no seio da Maria, a Trindade continua sendo a mesma Trindade, sem aumento nem diminuição. É sempre perfeita, e na Trindade reconhecemos uma só Divindade; assim, a Igreja proclama um único Deus no Pai e no Verbo.

(Epistola “Ad Epictetum”, 5-9; PG 26, 1058. 1062-1066)Data Publicação: 18/12/2006