10/08/2013

Erros de certas Teologias da Libertação

Cardeal Eugenio Sales comenta fala recente do Papa sobre o tema
Rio de Janeiro, quarta-feira 10 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org) – Apresentamos o artigo que o cardeal Eugenio de Araujo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, difundiu esta quarta-feira no portal da arquidiocese do Rio, abordando o tema da Teologia da Libertação.
Erros de certas T.L.
O apelo urgente que o Papa Bento XVI endereçava aos Bispos dos Regionais 3 e 4 da CNBB, em visita “ad límina” a 5 de dezembro 2009, não se limitou aos Bispos que estavam presentes, mas, como sempre nessas visitas, se dirige ao Episcopado inteiro e a toda a Igreja no Brasil.
O Santo Padre lembrou as circunstâncias prementes que, 25 anos atrás, exigiam uma clara orientação da Santa Sé no Documento “Libertatis Nuntius”. Este, já na primeira linha, afirma que “o Evangelho é a mensagem da liberdade e a força da libertação”. Daquele documento, a Igreja recebia grande luz; mas não faltava a animosidade dos que queriam obscurecer e difamar essa doutrina.
Com palavras claras e sempre muito mais convidativas para uma reflexão serena do que repreensivas, o Papa lembrou a gravidade da crise, provocada, também e essencialmente na Igreja no Brasil, por uma teologia que tinha, em seu início, motivos ideais, mas que se entregou a princípios enganadores. Tais rumos doutrinários da Teologia chamavam-se Teologia da Libertação.
A alocução do Papa aos Bispos dos Regionais Sul 3 e 4 é uma mensagem que envolve a autoridade apostólica do Supremo Pastor e o bem evangélico da Igreja entre nós. Por isso, urge que todos os pastores acolham a palavra do Papa e se lembrem daquela crise, que tornava quase impossível, mesmo em ambientes às vezes de alto nível eclesiástico, o diálogo e a discussão serena. Hoje ainda, a Igreja no Brasil, em alguns lugares, sofre consequências dolorosas daqueles desvios.
Ao relativizar, silenciar ou até hostilizar partes essenciais do “depósito da fé”, a Teologia da Libertação negligenciava “a regra suprema da Fé da Igreja, que provém da unidade que o Espírito Santo estabeleceu entre a Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério vivo”, diz Bento XVI, citando as palavras do Papa João Paulo II (“Fides et Ratio”, 55). “Os três não podem subsistir independentes” entre si. – Por isso, hoje ainda, as sequelas da Teologia da Libertação se mostram essencialmente ao nível da Eclesiologia, ao nível da vida e da união da Igreja. A Igreja continua enfraquecida, em algumas partes, pela “rebelião, divisão, dissenso, ofensa e anarquia” (mensagem de Bento XVI). Diz o Santo Padre: Cria-se assim “nas vossas comunidades diocesanas grande sofrimento e grave perda de forças vivas” (Bento XVI, idem).
Já no documento “Libertatis Nuntius”, do ano 1984, o Papa João Paulo II e a Congregação da Doutrina da Fé, presidida pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, quis “estender a mão” e oferecer a clara e “benigna luz” da divina fé e da comunhão viva que o Espírito Santo dá à Igreja (Bento XVI, ibd).
Com palavras concisas e fortes, o documento “Libertatis Nuntius” sobre a Teologia da Libertação falava da justa “aspiração à libertação como um dos principais sinais” do tempo moderno. Especialmente “nos povos que experimentam o peso da miséria”, com suas massas deserdadas, ofendidas na sua profunda dignidade (cf. LN I,1-2). “O escândalo das gritantes desigualdades entre ricos e pobres já não é tolerado”. “Abundância jamais vista, de um lado, e, do outro, vive-se ainda numa situação de indigência, marcada pela privação dos bens de primeira necessidade” (I,6).
Infelizmente, certas Teologias da Libertação, as que mais espaço ocupavam na opinião pública, caíram em um grave unilateralismo. Para o Evangelho da libertação é fundamental a libertação do pecado. Tal libertação exige “por consequência lógica a libertação de muitas outras escravidões, de ordem cultural, econômica, social e política”, todas elas derivadas do pecado. Muitas Teologias da Libertação afastaram-se deste verdadeiro Evangelho libertador. Identificaram-se, coisas em si muito boas, com as graves questões sociais, culturais, econômicas e políticas, mas já não mostrando seu real enraizamento no Evangelho, embora vagamente citado, e chegaram até a apelar explicitamente à “análise” marxista. Silenciavam, ou ignoravam, que “na lógica marxista não é possível dissociar a «análise» da «práxis» e da concepção da história” (VIII,2). Destarte, “a própria concepção da verdade encontra-se totalmente subvertida” (VIII,4).
Compreende-se que diante da urgência da situação de tantos que – inermes – sofrem, e diante da insuficiente sensibilidade na consciência pública e nas estruturas dominantes, devem-se exigir não só palavras retóricas, mas ações que na prática se comprometem com cada pessoa, com cada comunidade e com a história.
Mas se este compromisso não se enraíza na dignidade que Deus dá ao homem, tal Teologia, que se apresenta como Libertadora, é na realidade traidora dos pobres e de sua real dignidade (Introdução). “Certo número de teses fundamentais (da TL) não são compatíveis com a concepção cristã do homem” (cf. VIII,8).
O Santo Padre, sabendo que, sob muitos aspectos a Teologia da Libertação está ultrapassada, sabe também e vê que a Igreja no Brasil sofre ainda devastadoras sequelas de tal desvio doutrinário, propagado longamente até por gente bem intencionada, mas não capaz de analisar seus falsos princípios.
É quase um juramento que o Papa conclama os Bispos e agentes de Pastoral de todo o Brasil: “Que, no âmbito dos entes e comunidades eclesiais, o perdão oferecido e acolhido em nome e por amor da Santíssima Trindade, que adoramos em nossos corações, ponha fim à tribulação da querida Igreja que peregrina nas Terras da Santa Cruz” (final da mensagem de Bento XVI).
Cardeal Eugenio de Araujo Sales
Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro

O que é a Teologia da Libertação?

Em face da condenação de um livro de Jon Sobrinho, um dos teólogos líderes da teologia da libertação, pela Sagrada Congregação da Doutrina da Fé, do Vaticano, a discussão sobre esta teologia voltou a campo.
Um grupo de teólogos desta linha acaba de publicar um livro contestando a ação do Vaticano e do Papa. São eles: Marcelo Barros, Leonardo Boff, Teófilo Cabestrero, Oscar Campana, Víctor Codina, José Comblin , Confer de Nicaragua, Lee Cormie, Eduardo de la Serna, José Estermann, Benedito Ferraro, Eduardo Frades, Luis Arturo Garcia Dávalos, Ivone Gebara, Eduardo Hoornaert, Diego IrarrázavaI, Jung Mo Sung, Paul Kmitter, João Batista Libânio, María y José Ignacio López Vigil, Carlos Mesters, Ricardo Renshaw, Jean Richard, Pablo Richard, Luis Rivera Págan, José Sánchez, Stefan Silber, Ezequiel Silva, Afonso Mª Ligório Soares, José Sols, Paulo Suess, Luiz Carlos Susin, Faustino Teixeira, Tissa Balasuriya, e José María Vigil.
A Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo  Mundo publicou o livro “Bajar de la cruz a los pobres: cristología de la liberación”.
Muitos perguntam, o que é afinal, esta teologia da libertação? Vou responder esta pergunta com a resposta que deu a ela a autoridade da Igreja Católica; o Cardeal Joseph Ratzinguer, escolhido pelo Papa João Paulo II, em 1981, para ser o Prefeito da Sagrada Congregação da Doutrina da Fé; aquela que está encarregada de cuidar da “sã doutrina” (1Tm1,10; 4,6; Tt1,9; 2,1;2,7; 2Tm4,3), que com tanta ênfase São Paulo recomendava a Timóteo e a Tito. Hoje o então Cardeal Ratzinger é o Papa Bento XVI.
A teologia da libertação surgiu, mais especificamente, na América Latina, na década de 60, e ganhou adeptos principalmente nas Comunidades Eclesiais de Base. A partir dos anos 80 pudemos sentir mais de perto a sua ação. Foi então que o Cardeal Ratzinger, escreveu um importante artigo intitulado “Eu vos explico a teologia da libertação” (Revista PR,n. 276, set-out, 1984, pp354-365), onde deixou claro todo o seu perigo. Analisando este artigo, D.Estevão Bettencourt, afirma: “O autor  mostra  que a teologia da libertação não trata apenas de desenvolver a ética social cristã em vista da situação socioeconômica da América Latina, mas revolve todas as concepções do Cristianismo: doutrina da fé, constituição da Igreja, Liturgia, catequese, opções morais, etc.
Entre as afirmações, o então Cardeal Prefeito diz:
“A gravidade da teologia da libertação não é avaliada  de modo suficiente;  não entra em nenhum esquema de heresia até hoje existente; é a subversão radical do Cristianismo, que torna urgente o problema do que se possa e se deva fazer frente a ela”. (os grifos são meus)
“A teologia da libertação é uma nova versão do Cristianismo, segundo o racionalismo do teólogo protestante Rudolf Bultmann, e do marxismo, usando “a seu modo”, uma linguagem teológica e até dogmática, pertencente ao patrimônio da igreja, revestindo-se até de uma certa mística, para  disfarçar os seus erros”.
O então Cardeal foi muito claro ao afirmar o perigo:
“Com a análise do fenômeno da teologia da libertação torna-se manifesto um perigo fundamental para a fé da Igreja. Sem dúvida, é preciso ter presente que um erro não pode existir se não contém um núcleo de verdade. De fato, um erro é tanto mais perigoso quanto maior for a proporção do núcleo de verdade assumida”.
E o Cardeal vai explicando esta teologia “nova”:
“Essa teologia não pretende constituir-se como um novo tratado teológico ao lado dos outros já existentes; não pretende, por exemplo, elaborar novos aspectos da ética social da Igreja. Ela se concebe, antes, como uma nova hermenêutica da fé cristã, quer dizer, como nova forma de compreensão do Cristianismo na sua totalidade. Por isso mesmo muda todas as formas da vida eclesial; a constituição eclesiástica, a Liturgia, a catequese, as opções morais…”
“A teologia da libertação pretende dar nova interpretação global do Cristianismo; explica o Cristianismo como uma práxis de libertação e pretende constituir-se, ela mesma, um guia para tal práxis. Mas, assim como, segundo essa teologia, toda realidade é política, também a libertação é um conceito político e o guia rumo à libertação deve ser um guia para a ação política”.
A libertação, para a teologia da libertação, é conquistada pela via política, e não pela Redenção de Jesus, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo1,29). Jesus veio para “salvar o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21), e disse  a Pilatos que “o seu Reino não é deste mundo”. O pecado, para a teologia da libertação, se resume quase que só no “pecado social”, mas este, não será “arrancado” com a conversão e com os Sacramentos da Igreja, mas com a “libertação” do povo, pela luta política. Daí o fato de haver um laxismo moral e espiritual em muitos adeptos dessa teologia. Muitos não valorizam a celebração da Missa, a não ser como uma “celebração de mobilização política” do povo oprimido. Não se valoriza suficientemente a oração, a Confissão, a Eucaristia, o santo Rosário, a adoração ao Santíssimo Sacramento, e a todas as práticas de espiritualidade tradicionais, que são, então, consideradas superadas e até alienantes.
Conheço vários jovens sacerdotes que se formaram em seminários fortemente influenciados pela teologia da libertação, e que hoje deixaram o sacerdócio, ficaram esvaziados espiritualmente… Noto que nem se realizaram no campo social e nem no campo religioso.
O então Cardeal Ratzinguer mostrou que é difícil enfrentar esse perigo, pois, como afirma:
“Os teólogos da libertação continuam a usar grande parte da linguagem ascética e dogmática da Igreja em chave nova, de tal modo que aqueles que lêem e escutam, partindo de outra visão, podem ter a impressão de reencontrar o patrimônio antigo com o acréscimo apenas de algumas afirmações um pouco estranhas…”
O então Cardeal mostrou a inversão que se faz no papel da comunidade, povo e história, para a vida da Igreja:
“A comunidade ‘interpreta’, com a sua ‘experiência’ os acontecimentos e encontra assim a sua práxis”.
” ‘Povo’ torna-se assim um conceito oposto ao de ‘hierarquia’ e antítese a todas as instituições indicadas como forças da opressão. Afinal, é ‘povo’, quem participa da ‘luta de classes’; a ‘ igreja popular’, acontece em oposição à  Igreja hierárquica. Por fim, o conceito de ‘história’, torna-se instância hermenêutica decisiva,…a história é a autêntica revelação e, portanto, a verdadeira instância hermenêutica da  interpretação bíblica…Pode-se dizer que o conceito de história absorve o conceito de Deus e de revelação”.
Em seguida, o então Cardeal mostra a deturpação também naquilo que é essencial: o Reino de Deus.
“Esse conceito encontra-se também no centro das teologias da libertação, lido porém no contexto da hermenêutica marxista. Segundo Jon Sobrino, o reino não deve ser compreendido espiritualmente, nem universalmente, no sentido de uma reserva escatologicamente abstrata. Deve ser compreendido de forma partidária e voltado para a práxis”.
Aqui se entende porque os adeptos da TL militam nos partidos políticos que visam a “libertação do povo”.
O Papa Paulo VI, na Evangelii Nuntiandi, explicou o que é a verdadeira libertação:
“Acerca da libertação que a evangelização anuncia e se esforça por atuar, é necessário dizer antes o seguinte: ela não pode ser limitada à simples e restrita dimensão econômica, política, social e cultural; mas deve ter em vista o homem todo, integralmente, com todas as suas dimensões, incluindo a sua abertura para o absoluto, mesmo o absoluto de Deus… Mais ainda: a Igreja tem a firme convicção de que toda a libertação temporal, toda a libertação política, mesmo que ela porventura se esforçasse por encontrar numa ou noutra página do Antigo ou do Novo Testamento a própria justificação, … encerra em si mesma o gérmen da sua própria negação e desvia-se do ideal que se propõe, por isso mesmo que as suas motivações profundas não são as da justiça na caridade, e porque o impulso que a arrasta não tem dimensão verdadeiramente espiritual e a sua última finalidade não é a salvação e a beatitude em Deus.”
“A libertação que a evangelização proclama e prepara é aquela mesma que o próprio Jesus Cristo anunciou e proporcionou aos homens pelo seu sacrifício.” (n.33)
Os adeptos da teologia da libertação têm a enganosa mania de pensar que quem não aceita esta teologia não trabalha pelos pobres e oprimidos e não se preocupa com eles; se acham os únicos defensores dos excluídos; é um grande erro. A Igreja em seus 2000 anos de vida sempre socorreu os desvalidos e ainda o faz, mas nunca precisou lançar mão de ideologias estranhas para isso; sempre agiu pelo puro amor a Jesus Cristo que sofre no doente, no preso, no faminto, etc. A Igreja não precisa que novos teólogos a ensinem a fazer caridade; ela a faz desde os Apóstolos, ela é “perita em humanidade”, como disse Paulo VI.
Hoje 25% das instituições que tratam dos aidéticos são da Igreja; em toda a História da Igreja os santos e santas viveram a verdadeira caridade; só para citar alguns: Santa Isabel da Hungria, S. Vicente de Paulo, S. Francisco de Assis, S. Camilo de Lelis, S. João Bosco, Madre Teresa de Calcutá, Ira. Dulce, e milhares de outros que nunca precisaram reinterpretar o Evangelho e politizar a fé com métodos marxistas de luta de classes, invasão de propriedades alheias fora,  da lei, etc., para promover os pobres. São os verdadeiros bons samaritanos do Evangelho.
O Papa João Paulo II ao menos por duas vezes, falando aos bispos do Brasil, condenou as invasões de terras:
1 – Ao segundo grupo de Bispos do Brasil, do Regional Sul l da CNBB, em visita “ad limina Apostolorum” de 13 a 28 de Março de 1996, o Papa disse:
“… mas recordo, igualmente, as palavras do meu predecessor Leão XIII quando ensina que “nem a justiça, nem o bem comum consentem danificar alguém ou invadir a sua propriedade sob nenhum pretexto” (RN, 55). A Igreja não pode estimular, inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras, quer por invasões pelo uso da força, quer pela penetração sorrateira das propriedades agrícolas.”
2 – Em discurso em 26/nov/2002 aos bispos do Brasil, ele voltou a dizer:
“Para alcançar a justiça social se requer muito mais do que a simples aplicação de esquemas ideológicos originados pela luta de classes como, por exemplo, através da invasão de terras – já reprovada na minha viagem pastoral em 1991 – e de edifícios públicos e privados, ou por não citar outros, a adoção de medidas técnicas extremas, que podem ter conseqüências bem mais graves do que a injustiça do que pretendiam resolver”.
Não podemos nos fazer de surdos a essas palavras. Concluo com  as sábias palavras de D. Estevão:
“O cristão não pode ser de forma alguma, insensível à miséria dos povos do Terceiro Mundo. Todavia para acudir cristãmente a tal situação, não lhe é necessário adotar um sistema de pensamento que é anticristão como a Teologia da Libertação; existe a doutrina social da Igreja, desenvolvida pelos Papas desde Leão XIII até João Paulo II de maneira cada vez mais incisiva e penetrante. Se fosse posta em prática, eliminaria graves males de que sofrem os homens, sem disseminar o ódio e a luta de classes”.
Prof. Felipe Aquino

06/08/2013

A EMOCIONANTE DESCOBERTA DOS OSSO DE SÃO PEDRO NO VATICANO

Mas as surpresas apenas começavam: o exame da parede azul revelou que ela estava coberta de inscrições cristãs de tipo grafite, feitas com estiletes, na maior desordem. 

Concluiu-se que eram pedidos de orações dos primeiros cristãos, que punham seus nomes – Ursianus, Bonifatius, Paulina etc. O símbolo codificado de Cristo (as letras gregas chi-rho superpostas, como se vê no desenho ao lado) aparecia várias vezes. 

Mas o nome que se procurava não foi encontrado: Petrus. Nenhuma invocação a ele naquela floresta de nomes. Permanecia o indecifrável silêncio sobre São Pedro.

Num ponto dessa parede foi encontrado um pequeno buraco, formado pela queda da argamassa. Inserindo luz pelo buraco, verificou-se que a parte de baixo da parede azul era oca e revestida internamente de excelentes mármores. 

No chão dessa cavidade havia muito pó. Parecia ter sido algum túmulo engenhosamente escondido ali. Seria impossível investigar melhor aquilo sem abrir mais o pequeno buraco, o que destruiria as inscrições.


Corte esquemático permite ver o posicionamento dos túmulos. No nº1 São Pedro
Corte esquemático permite ver o posicionamento dos túmulos. No nº1 São Pedro
Com isso, as atenções se voltaram para o túmulo de São Pedro propriamente dito. Decidiu-se escavar mais, bem junto à parede vermelha, para se chegar à câmara mortuária. 

Logo foram encontradas algumas sepulturas cristãs simples, quase amontoadas junto à parede. Eram dos primeiros séculos. Tratava-se de um tocante indício: todos os corpos estavam voltados para a parede. Eram cristãos enterrados bem junto a São Pedro.

Ao retirar uma pedra, depararam com uma cavidade vazia: afinal, o túmulo! Emocionados, os arqueólogos avisaram [o Venerável] Pio XII, que em dez minutos chegou. 

Era uma câmara pequena, mas alta, simples, com paredes de tijolos nus e piso de terra. E estava vazia! Havia sinais evidentes de violência: um nicho e uma trave golpeados violentamente, uma coluneta partida. 

Conjunto dos ossos de São Pedro achados no túmulo
Conjunto dos ossos de São Pedro achados no túmulo
No chão encontraram-se muitas moedas romanas e medievais, confirmando uma crônica que se refere a uma pequena abertura no túmulo, onde se podia introduzir a mão. As moedas provinham de todo o Império, atestando a devoção generalizada ao Apóstolo.

O exame minucioso do local revelou na base do nicho uma pequena abertura em forma de Λ, entupida de terra. 

Revolvendo o interior dessa abertura, encontrou-se enorme quantidade de fragmentos de ossos antiquíssimos. Eram mais de 250. Seriam os do Apóstolo? 

Em caso afirmativo, por que estavam eles em posição tão secundária e escondidos? 

O médico de Pio XII, dr. Galeazi-Lizi, examinou-os superficialmente e concluiu que eram de um homem idoso e de físico robusto, o que correspondia à descrição de São Pedro. Daí ter-se propagado, na ocasião, a versão de que os ossos eram dele.

Mas essa localização estranha exigia maiores pesquisas. As escavações continuaram, revelando que a parede vermelha era a peça chave de um complexo de construções. 

Tratava-se de uma edícula comemorativa, no centro da qual havia duas colunetas sustentando uma laje de travertino, parecendo um altar. Em frente situava-se um pátio fechado por altos muros. 

Restos do primeiro túmulo construido para São Pedro
Restos do primeiro túmulo construido para São Pedro
Era obviamente uma construção ideal para celebrações clandestinas dos primeiros cristãos. 

Como o cemitério era pagão e aberto, ao contrário das catacumbas, as precauções tinham que ser maiores. 

Daí a ausência do nome de Pedro e de símbolos cristãos nessa área (é aí que está a parede azul com os grafitos). É esta também a razão do silêncio sobre a localização do túmulo, na literatura cristã da época.

Πέτροσ ένι

Após o término das escavações, em 1950, o arqueólogo Ferrua examinava o interior da parte oca da parede azul, e notou no chão, perto da junção desta com a parede vermelha, um pequeno pedaço de argamassa que havia caído. 

Conseguiu pegá-lo dentro do buraco, e viu que havia algo gravado ali à estilete. Levado a especialistas, descobriu-se uma inscrição em grego que dizia: “Πέτρ... ἔνι”. 

Faltavam letras no primeiro nome, obviamente Πέτροσ (“Pedro”). Ἕνι é a contração do verbo grego antigo ἔνεοτι, que significa “estar dentro”. A inscrição significava “Pedro está aqui”.

A essa altura, um dos maiores especialistas em inscrições antigas, a dra. Margherita Guarducci, passou a estudar os grafitos da parede azul. 

Como se sabe, os cristãos tinham toda uma linguagem codificada de símbolos e letras – o peixe, as letras gregas chi-rho (ΧΡ), o Μ para Maria, o Ν para vitória etc. 

Após algum estudo, a dra. Guarducci descobriu o código usado para São Pedro: um “Ρ” com um discreto “Ε” em sua perna, ou o mesmo símbolo inserido no chi-rho de Jesus, tocante símbolo para o Vigário de Cristo (cfr. desenho ao lado). 

Além disso, a descoberta provava contra os anticatólicos que a doutrina do papado já era clara naqueles primórdios da Igreja. 

Muitas inscrições com esse símbolo podiam ser observadas na parede dos grafites. Estudos posteriores revelaram que São Pedro era invocado com grande frequência, mediante tal símbolo, pelos primeiros cristãos, pois ele era muito usado nas catacumbas em cartas, em mosaicos, em pinturas etc. Estava explicado o “silêncio” sobre São Pedro.

Grafitti com o chi-rho (ou XP), símbolo de Cristo
Grafitti com o chi-rho (ou XP), símbolo de Cristo
Essa descoberta fez com que a dra. Guarducci ficasse intrigada com a inexplicável parede oca com os grafites e o “Πέτροσ ἔνι”. 

Chamou sua atenção um fato que passou despercebido aos demais arqueólogos. Mons. Kaas, administrador da Basílica, costumava ir à noite verificar os andamentos dos trabalhos. Acompanhava-o G. Segoni, o chefe dos “sampietrini” (operários do Vaticano, cujos ofícios passam de pai para filho). 

Mons. Kaas, nessas inspeções, preocupava-se em guardar de modo digno as numerosas ossadas que iam sendo encontradas. Colocava-as numa caixa ajudado por Segoni, identificando com uma etiqueta o local de onde foram tiradas. 

Uma noite, pouco depois de descoberta a parede oca dos grafitos, Mons. Kaas pediu que Segoni verificasse bem se não se encontrariam ossos dentro da cavidade. 

Por baixo da poeira, Segoni encontrou numerosos ossos, restos de tecido e uns fios metálicos.Tudo foi guardado numa urna e identificado. Outro “sampietrini presenciou a remoção, mas os demais arqueólogos nem souberam disso na época.
(Autor: Juan Miguel Montes, “Catolicismo”)
FONTE:http://cienciaconfirmaigreja.blogspot.com.br/2013/08/pedro-esta-aqui-emocionante-descoberta.html

Jovens deixam profissão e namoro para virar seminaristas em MT

Elber Bravin, de 27 anos, foi policial militar por
mais de seis anos. (Foto: Denise Soares/G1)
São necessários oito anos de formação teórica para se tornar padre, mas a dedicação à comunidade é para toda a vida. Com uma rotina totalmente regrada, os 34 jovens do Seminário Dom Aquino Corrêa, localizado em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, se dedicam à faculdade de Filosofia e de Teologia, além das atividades sacerdotais preparatórias antes de serem ordenados. Em entrevista aoG1, eles falaram sobre suas rotinas e da vocação para o sacerdócio.
Anualmente, cerca de 80 jovens procuram o Seminário, mas a média dos que realmente ingressam nos estudos varia entre 10 a 15. Após todos os anos de estudo, menos da metade chega a se tornar padre.
O dia começa cedo para aqueles que decidiram dedicar a vida a Deus. Levantam às 5h e diariamente realizam diversas tarefas como ir à faculdade, participar de missas, praticar esporte, estudar e ajudar na organização do local. Programas como ir ao cinema e à sorveteria também estão liberados, mas tudo programado.
Todas as manhãs os jovens seminaristas passam quatro horas no Studium Eclesiástico Dom Aquino Corrêa, o Sedac, que fica fora do pátio do Seminário. Estudam juntos 130 seminaristas de 10 dioceses de Mato Grosso. Eles têm uma única tarde livre, pois até mesmo em alguns finais de semana prestam serviço às paróquias de cidades vizinhas. No final do ano, podem passar os 30 dias de férias com suas famílias.
Segundo eles, o sacrifício não é diferente de um pai ou mãe de família que precisam se abdicar de muitas vontades pessoais para cumprir sua vocação. Na verdade, eles contam que esse processo de aceitar ser uma pessoa chamada por Deus não é simples, requer paciência. Tanto é que os três seminaristas entrevistados pelo G1 relataram que tentaram seguir uma vida “normal” antes de decidir pelo Seminário.
Elber Bravin, de 27 anos, foi policial militar por mais de seis anos. Declara que tentou esconder o sentimento de ter sido escolhido por Deus desde criança e só agora, no primeiro ano de Filosofia, sente-se uma pessoa completa. Mesmo trabalhando mais de 10 horas por dia, sentia que faltava algo que realmente fosse capaz de preencher sua existência. “Meu olhar para o sacerdócio era muito humano. Não via sentido em deixar toda uma vida de lado. Eu tentei ignorar, mas chegou um ponto em que não era mais possível”, relatou.
O seminarista ainda se lembra do dia que teve coragem de conversar sobre esse assunto pela primeira vez. Procurou um padre e questionou como uma pessoa saberia se fosse chamada e recebeu a resposta definitiva: “Deus chama cada pessoa de um jeito, mas quem é chamado sabe que o é, sente em seu íntimo”.
Exercendo a profissão de policial, foi convidado a fazer parte do grupo de treinamento e relata que a experiência de ser um “pai” não biológico para esses jovens contribui para que entendesse sua missão. “A paternidade não é apenas a relação de sangue, é muito mais. É a doação, a abnegação e dedicação”.  Para ele, o maior sacrifício foi deixar a polícia, porque também foi uma realização pessoal.  “Mas tenho certeza de que Deus quer que eu esteja aqui nesse momento”.
Já Edevando Acindino Martins está no 6º ano de Teologia e, aos 29 anos, confessa que ainda precisa aprender muito. “A compreensão é dada no caminho. Aos poucos começamos a enxergar a verdade”.
Seminarista Edevando está no 6º ano de Teologia
e tem 29 anos. (Foto: Denise Soares/G1)
Vindo de uma família religiosa, o seminarista dizia desde criança que seria padre. Mesmo assim, na adolescência e no início da fase adulta relutou e chegou a ser auxiliar administrativo de uma grande multinacional por mais de cinco anos. “Já morei em diferentes cidades em razão das transferências do trabalho, passei por muitas experiências e conheci pessoas. Namorei algumas vezes, mas a angústia e inquietação estavam sempre presentes”, admite.
Com Tainan Hubner, de 23 anos, também não foi diferente. Há oito meses deixou o 4º ano da faculdade de Química que fazia em Minas Gerais para enfim seguir a vida sacerdotal. O jovem desde criança sentia a vontade de ser padre e foi coroinha por muitos anos. Na adolescência reprimiu seus sentimentos e tentou ter uma vida como de seus colegas, fazendo faculdade e namorando. Mas quando o fim do relacionamento chegou, a vontade de ser um sacerdote voltou a florescer. “Comecei a ter contato com alguns seminaristas. Decidi então vir para Mato Grosso porque ouvi falar do trabalho do padre Paulo aqui neste seminário”, contou.
Mesmo sendo a primeira pessoa da família a decidir seguir a vida sacerdotal, recebeu o apoio de todos. “Minha tia brinca que espera que eu salve a alma de todos”. Para ele, a maior dificuldade foi se adaptar aos horários e à rotina que exige que tudo seja feito conforme o planejado.
Todos os seminaristas estiveram presentes na Jornada Mundial da Juventude, que aconteceu em julho no Rio de Janeiro, e abrem um grande sorriso ao relatar os momentos vividos. “Só mesmo o amor de Cristo seria capaz de unir mais de 4 milhões de pessoas debaixo de chuva e frio. Como foi lindo ver as pessoas cantando, rezando, se emocionando. É uma emoção inexplicável”, enfatizou Tainan.
Questionado sobre a diminuição no número de jovens que buscam uma vida religiosa, o seminarista Bravin argumentou. “Estamos vivendo uma fase que existe uma dificuldade de comprometimento permanente, em qualquer aspecto. Percebemos que não é apenas no sacerdócio, mas também nos relacionamentos, na profissão. Vivemos a cultura do provisório”.

05/08/2013

Vendo Bento XVI por trás dos primeiros passos de Francisco como papa

São Francisco foi convidado a reconstruir a Igreja de Cristo e, desde o anúncio de seu nome, foi predito que o Papa Francisco seria umreformador. Esta é certamente a inclinação da Associated Press (AP) ao se referir ao Vaticano. As manchetes da AP gritam "Papacriminaliza vazamentos e abuso sexual nas primeiras leis", enquanto o Drudge Report tem uma abordagem mais sensacionalista: "O Papareprime".
 
Daily Telegraph de Londres também informou sobre o reforço das regras do Vaticano e destacou as normas relativas ao abuso sexual de crianças. O Telegraph informou que David Clohessy, diretor da Rede de Sobreviventes Abusados ​​por Padres (SNAP) norte-americana, criticou as leis contra o abuso de crianças, porque eles não são mais do que "ajustes administrativos" que se aplicam apenas ao Estado da Cidade do Vaticano.
 
As notícias têm apresentado os fatos de maneira sensacionalista, mostrando um suposto Vaticano que estava cheio de corrupção sob o Papa Bento XVI, e Francisco como a nova vassoura que veio para deixar a sala limpa.
 
Refletindo sobre isso, no entanto, poderia ser possível que, em apenas três meses, o novo Papa tenha sido capaz não só de escrever uma encíclica, mas colocar as reformas legais radicais em seu lugar? As leis têm uma dimensão internacional, ligando o sistema legal Vaticano a temas e crimes globais. Este tipo de assunto é complicado. Ele fez tudo isso sozinho, em apenas três meses, sem qualquer ajuda? Provavelmente não. Tais coisas levam tempo – especialmente, em Roma, que não é chamada de Cidade Eterna por acaso.
 
Na verdade, as histórias sensacionalistas fabricadas pelos papéis são imprecisas e enganosas. Como a encíclica, as leis atualizadas são realmente trabalhos do Papa Bento XVI. O mais fiável Catholic News Service explica que asreformas legais que estão sendo postas em prática foram iniciadas pelo Papa Bento XVI há três anos. Ao invés de ser o Papa radical reformador, que reprime os abusos sexuais e a desonestidade financeira, Francisco é simplesmente aquele que implementa as reformas e os ensinamentos iniciados por seu antecessor.
 
As novas leis foram postas em prática não para eliminar as antigas leis do Vaticano, mas ampliá-las. As reformasalinham as leis ultrapassadas do Vaticano com as leis do governo italiano e, o que é mais importante, com o direito internacional.
 
A CNA explica que as leis são uma resposta à globalização do crime. Reconhecendo o aumento da mobilidade e da natureza global do crime, as novas leis permitem que as autoridades vaticanas processem cidadãos que cometem crimes enquanto estão fora do Vaticano. Além disso, as novas leis colocam o Vaticano em linha com as leis de diversas convenções internacionais. Ao invés de simplesmente lidar com as legalidades do Vaticano, as novas leis têm uma importante dimensão internacional.
 
Enquanto a grande mídia estava ocupava do relatório, focando-se nos aspectos do abuso sexual infantil e da corrupção financeira, ela ignorava outros aspectos importantes das novas leis do Vaticano. Em conformidade com as convenções internacionais, as leis também condenam o apartheid, a tortura, a guerra injusta, o tráfico de seres humanos e o genocídio.
 
Sem dúvida, o Papa Francisco vai continuar reformando o Vaticano, mas aqueles que acreditam que ele vai varrer toda a Igreja, com uma fúria reformadora, provavelmente ficarão desapontados. Tudo indica que o novo Pontífice vai incentivar a reforma no âmbito local da na Igreja, encaminhando muitos assuntos de volta aos bispos locais. Ele vai conduzir um movimento de reforma, mas esperando que a liderança local siga seu exemplo. Franciscoprovavelmente não vai impor uma reforma radical de cima para baixo.
 
O principal problema com o relato da mídia é que a sua mentalidade é condicionada pela hermenêutica da revolução. A "hermenêutica" é um método de interpretação dos dados; é um paradigma para ver o mundo, e o paradigma secular é o conceito hegeliano de tese, antítese e síntese. Em outras palavras, o secularista vê a história humana como uma série de revoluções. A mudança sempre implica uma ruptura violenta com o passado – um confronto e um conflito do qual surge uma nova e melhor solução.
 
Mais que uma hermenêutica da ruptura, a compreensão católica é de continuidade e constante reforma. A mídia secular vai tentar pintar o Papa Francisco como um reformador radical, um revolucionário. No entanto, ela perceberá que ele é uma mão firme em busca de limpar e reformar a Igreja, assim como seus dois antecessores: com um processo que caminha passo a passo, que oferece a luz do Evangelho para purificar a Igreja, que uma e outra vez cai em erros humanos, corrupção e pecado.
 
As reformas de Francisco são realmente nada mais do que a Igreja Católica fazendo seu trabalho: convidando a humanidade ao arrependimento, à reforma e à conversão constantes.
 
Ao invés de uma revolução radical, esta é uma parte natural e contínua da vida católica, e o Papa Francisco conduz toda a Igreja nesta prática de arrependimento e reforma, assim como seus ilustres antecessores fizeram.

fonte:http://www.aleteia.org/pt/religiao/noticias/vendo-bento-xvi-por-tras-dos-primeiros-passos-de-francisco-como-papa-2757001

Carta de um homossexual ao Papa - É preciso ir às periferias do mundo gay

Queridíssimo Papa Francisco,

Eu me chamo Eliseo e lhe escrevo para dizer o quanto o aprecio! Devo admitir que meu coração continuava ligado a João Paulo II até que você chegou: sua história falava à minha história. Quando eu o via e escutava, algo se movia dentro de mim. Sua mensagem em Roma no ano 2000 aos jovens ainda ressoa forte em meu peito. Porque é verdade! Nossa sede de amor, de beleza, de verdade... É a Ele a quem buscamos!

Papa Francisco, com sua simpatia, você nos roubou o coração. Eu estava debaixo do balcão (da Basílica de São Pedro) em sua eleição, vivemos o Pentecostes essa noite, no silêncio, nas orações que recitamos juntos, em cada palavra sua.  

Eu sou um jovem, mais um homem adulto, e sofro impulsos homossexuais. Estou surpreso porque nas manchetes dos jornais falam só do que você falou ou não sobre os gays, esquecendo as belíssimas palavras pronunciadas no Rio.

Mas eu quero recordá-las! Você impulsionou os jovens a ir! Também às periferias da existência, ali onde frequentemente enviou os sacerdotes, convidando-os a ter o cheiro das ovelhas. Você falou desses jovens que pressionam para ser protagonistas da mudança e citou Madre Teresa, que dizia para começar por mim e por ti a mudar o mundo.

Papa Francisco, quero lhe falar das periferias da homossexualidade; eu descobri três.

A primeira é a de quem se descobre homossexual. É a periferia da solidão. Recordo que quando me reconheci homossexual, por um momento minha vista escureceu. Me perguntei por que isso acontecia comigo, recordo que estava indo à missa diária. O jovem que admite ser homossexual se sente um monstro e não sabe com quem falar sobre isso. Os pais? Por que lhes dar um sofrimento tão grande? Os amigos? Chacoteariam de mim. Os sacerdotes? Me diriam que é pecado. Quando falei com Deus, encontrei na Bíblia esta palavra: “Mas aqueles que contam com o Senhor renovam suas forças; ele dá-lhes asas de águia. Correm sem se cansar, vão para a frente sem se fatigar”. É Isaías. Na imagem da força eu li uma promessa. Porque eu pensava que não era varão porque não era forte como os da minha idade. Depois encontrei o valor de falar disso com um sacerdote, e com o tempo a amigos de confiança.

A segunda periferia é a homossexualidade de quem é crente. Sim, há também muitos homossexuais que creem em Jesus, mas que não aceitam o que a Igreja diz sobre a homossexualidade e sobre a sexualidade em geral. Não penso neles, mas sim naqueles que, em contrapartida, amam a Igreja e gostariam de seguir seus ensinamentos. A homossexualidade tem um problema fundamental, que leva frequentemente a viver uma sexualidade desordenada e excessiva: as pessoas homossexuais sentem pulsões compulsivas fortíssimas dentro de si, além disso, às vezes podem nascer inclusive sentimentos reais. A proposta da castidade ou do celibato pode parecer um ato de heroísmo, um martírio que só poucos podem enfrentar. Esses homens cada vez são menos, porque o conceito de castidade é cada vez menos compreensível em nossa sociedade, também no âmbito católico. E se não bastasse isso, há também os ataques da própria militância gay, porque os consideram uma espécie de traidores.

A terceira periferia são os infernos da homossexualidade. Onde o homossexual perde a dignidade de pessoa humana. São os websites de contatos, uma espécie de escape onde exibir pedaços do próprio corpo para encontrar quem te compre ainda que seja barato. Não se trata sempre de dinheiro, mas do preço da própria dignidade. São as ruas onde de noite se buscam encontros com outros homens que possam preencher os próprios vazios. São os locais gay, como as discotecas ou também esses novos bordéis que se escondem como círculos culturais, onde se pratica todo tipo de depravação. São as manifestações em que se pede dignidade pela própria condição, e em contrapartida se lhe perde.

Você nos pede para ir às periferias e que o façamos juntos. Eu ainda sou muito frágil, mas lhe peço que reze para que possa ter força. Quero estar junto a quem está sozinho, para lhe dizer que não perca a esperança em Deus, e creia que é precioso aos seus olhos.

A mudança começa por mim e por ti, dizia Madre Teresa. Papa Francisco, tenho esta imagem sua descendo também a essas periferias tão incômodas da existência. Agradeço pela delicadeza com que sempre enfrentou a questão. Você nunca levantou o dedo para dividir a humanidade segundo seus instintos sexuais. Você sabe que o ser humano é algo muito mais complexo e rico.

Reze por mim e por todos aqueles que talvez lendo esta carta decidam cruzar o umbral dessas periferias para levar a Boa Nova de Jesus.

Eu rezarei por ti, como filho.

Um abraço.

01/08/2013

Dilma vai sancionar lei que garante atendimento a vítimas de estupro

A presidente Dilma Rousseff vai sancionar, sem vetos, a chamada "lei da profilaxia da gravidez", que trata do atendimento, na rede pública de saúde, de vítimas de estupro.
Dilma aceitou a recomendação da área técnica do governo, que defendia a sanção, como mostrou a Folha na edição desta quinta-feira.
A decisão da presidente vai ser anunciada ainda hoje e publicada na edição de sexta-feira do Diário Oficial da União.
A presidente deve enviar ao Congresso um projeto esclarecendo, expressamente, que o termo "profilaxia da gravidez" não significa aborto.
A lei aprovada estabelece que os hospitais do SUS devem prestar serviço multidisciplinar à mulher vítima de violência sexual, incluindo a "profilaxia da gravidez", ou seja, o uso da chamada "pílula do dia seguinte", prática já prevista em norma técnica do Ministério da Saúde.
Comunidades religiosas pediam o veto na lei por entender que o termo "profilaxia" abre brechas para a prática do aborto.
Ontem, durante uma reunião de Dilma com os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, houve o entendimento de que o governo não poderia vetar trechos de uma lei aprovada por unanimidade por congressistas, sobretudo em uma instituição onde as bancadas religiosas e de defesa da família são muito fortes.
Para o Executivo, a lei dá base legal a uma prática já realizada nos hospitais. O governo usa estatísticas oficiais para reforçar a convicção de que a pílula do dia seguinte, dentro dos protocolos do Ministério da Saúde, não é abortivo e tem evitado que mulheres recorram ao aborto legal pelo uso do método.
O Ministério da Saúde entende que, em casos de estupro, "a pílula do dia seguinte" tem se mostrado eficaz na prevenção de morte materna ao evitar, ainda, abortos clandestinos.