29/12/2010

Celibato: Sim ou Não?


Revista: "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

D. Estevão Bettencourt, osb
Nº: 514 - Ano: 2005 - p. 176

Em síntese: Num debate sobre o celibato entre um pastor protestante e um frade católico deu-se o confronto entre NÃO e o SIM. Chama a atenção, porém, o fato de que nenhum dos dois debatedores se referiu a 1Cor 7, 25-35. Isto é especialmente estranho se se considera que o protestantismo pretende ser fiel à Bíblia.

A REVISTA DAS RELIGIÕES, agosto 2004, pp. 80s, apresenta duas opiniões a respeito do celibato: a do Pastor Ludgero Bonilha Morais, presbiteriano, que rejeita o celibato, e a de Frei Antonio Moser, franciscano, que o aceita. É estranho que ambos silenciem o texto Paulino de 1Cor 7, 25-35, que é o fundamento mais sólido da prática celibatária ¹. O Pr. Ludgero se detém apenas sobre os textos bíblicos que recomendam o matrimônio numa leitura unilateral do texto sagrado, ao passo que Frei Antonio Moser argumenta unicamente a partir de premissas antropológicas e psicológicas.

A seguir, será analisado o trecho Paulino de 1Cor 7, 25-35; após o quê serão considerados certos versículos bíblicos aduzidos pelo Pastor em restrição ao celibato.

1Cor 7, 25-35

Já em 56, ou seja, no terceiro decênio do Cristianismo, o Apóstolo escrevia aos fiéis de Corinto enfatizando o valor da vida uma ou indivisa:

"Não estás ligado a uma mulher? Não procures mulher. Todavia, se te casares, não pecarás; e se a virgem se casar, não pecará. Mas essas pessoas terão tribulações na carne; eu vo-las desejaria poupar".

O Apóstolo alude às tribulações acarretadas pelo casamento... não àquelas que se originam na concupiscência desregrada, mas aos encargos da vida conjugal (preocupações com orçamento, salário, educação dos filhos...). - São Paulo explicita seu pensamento:

¹ É freqüente citar-se também o texto de Mt 19, 12, em que Jesus se refere aos eunucos que se fizeram tais por amor do reino dos céus. Este texto, porém, examinado à luz dos antecedentes, alude àqueles cristãos que têm vocação matrimonial, mas fracassaram no casamento e devem viver como eunucos ou como celibatários para não trair o Cristo ou por amor do reino dos céus.

"Eis o que vos digo, irmãos: o tempo se fez curto. - Resta, pois, que aqueles que têm esposa, sejam como se não a tivessem; aqueles que choram se regozijassem; aqueles que compram, como se não possuíssem; aqueles que usam deste mundo, como se não usassem plenamente. Pois passa a figura deste mundo.

Eu quisera que estivéssemos isentos de preocupações. Quem não tem esposa, cuida das coisas do Senhor e do modo de agradar à esposa, e fica dividido. Da mesma forma a mulher não casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor, a fim de serem santas de corpo e de espírito. Mas a mulher casada cuida das coisas do mundo; procura como agradar ao marido".

"O tempo se fez breve". Por quê? Porque nele entrou o Eterno e Definitivo, para o qual o cristão se volta com todo o interesse, dispensando-se, enquanto possível, de todos os afazeres não estritamente necessários; ele procura concentrar-se no serviço do Eterno, ciente de que o tempo se tornou breve demais para quem tem consciência da presença do Eterno a iniciar seu reino neste mundo. A conseqüência disto é uma revisão dos valores deste mundo; são válidos, sim, mas hão de ser considerados à luz da eternidade; nenhum deles é capaz de saciar as aspirações mais profundas do ser humano. Cada um deles, portanto, é um aceno a algo de ulterior que só se realizará plenamente no além. Não há por que se derreter em lágrimas como não há por que dar gargalhadas tão efusivas... Uma certa reserva permanece na consciência do cristão que reconhece o caráter ambíguo e relativo dos bens passageiros. Com efeito; escreve o Apóstolo: "Passa a figura deste mundo". Tal frase compara a história deste mundo a uma peça de teatro, cujo enredo pode ser fascinante, suscitando aplausos, risos, lágrimas, diálogo,... mas enredo que o espectador sabe ser transitório a cortina cairá sobre o palco, pondo fim ao fascinante enredo, de modo que o espectador não pode estar totalmente envolvido no desenrolar do palco; Ele não pode perder a convicção de que tudo passa e só Deus fica. Ora tal convicção faz brotar na mente do cristão uma atitude virginal, atitude esta que se pode espelhar no físico do cristão, levando-o a abraçar a vida uma ou indivisa.

É, pois neste texto de São Paulo que se fundamenta a vida celibatária, que, conforme o Apóstolo, implica um carisma ainda mais elevado do que o da vida conjugal: "Procede bem aquele que casa sua virgem; aquele que não a casa, procede melhor ainda" (1Cor 7, 38).

Em suma, verifica-se que a vida uma ou indivisa é a resposta espontânea que desde os primeiros decênios o cristão, sustentado pela graça de Deus, possa dar ao anúncio do Evangelho. A virgindade consagrada e o celibato não tinham valor nem para o judeu nem para o pagão. Eles brotam da consciência de que o Reino já chegou com Jesus Cristo.

O Pastor Ludgero Morais cita algumas passagens bíblicas que parecem contradizer a essa estima da vida uma.
2. 1Tm 4, 3

O Apóstolo censura os que proíbem o casamento: cf. 1Tm 4, 3.

Aplicar-se-ia censura à Igreja? - Não. S. Paulo tem em vista pregadores gnósticos dualistas, que repudiam a matéria, considerada má por si mesma, em oposição ao espírito. Ora tal não é o modo de pensar da Igreja; ela sabe que a matéria foi criada por Deus para dar glória ao Criador. De resto a Igreja não proíbe o casamento de modo geral; ela o proíbe a quem espontaneamente abraçou o celibato juntamente com o sacerdócio ministerial. O matrimônio na Igreja é abençoado por um sacramento próprio. Nem é de crer que o Apóstolo tenha caído em contradição consigo mesmo (ver 1Cor 7, 25-35).

3. Os sacerdotes do Antigo Testamento

Alega o Pastor: "Os sacerdotes do Antigo Testamento só eram admitidos se fossem casados, bons maridos e bons pais".

- Em resposta afirmamos que é fora de propósito recorrer ao caso do Antigo Testamento. Este é uma preparação para o Novo; os Israelitas faziam questão de se casar e ter filhos para preparar a vinda do Messias. Este objetivo já foi atingido no Novo Testamento de modo que agora o interesse do fiel não é ter filhos, mas concentrar suas atividades em torno do Reino do Messias. Quanto mais livre de familiares, tanto mais poderá atender aos irmãos.

4. Esposo de uma só mulher (1Tm 3, 2)

O epíscopo ou presbítero deve ser esposo de uma só mulher (cf. 1Tm 3, 2). Estaria, por isto, o padre obrigado a casar-se?

Não. O Apóstolo tem em vista uma comunidade situada em Éfeso cujos membros se converteram em idade adulta. Pois bem dentre esses o Apóstolo deseja que sejam escolhidos para o sacerdócio homens casados (evitando os viúvos recasados). É de crer que não houvesse homens solteiros na comunidade. Esta norma do Apóstolo, em vez de favorecer o casamento dos clérigos, fala em favor da restrição do casamento, pois rejeita a ordenação de viúvos recasados.

5. Sacerdócio comum dos crentes

Diz o Pastor:
"A idéia de que há uma divisão entre o clero e o leigo é um equívoco que se baseia na imagem de uma casa de dois andares: no andar de cima esta o clero (ekklesía), Igreja, no andar de baixo está o leigo (laikós), o povo. A Reforma Protestante do século XVI derruba essa educação falsa e afirmou o sacerdócio universal de todos os crentes".

Em resposta diremos: Jesus confiou a todos os fiéis à tarefa missionária ou o anúncio da Boa Nova a todos os homens, mas entregou somente aos Apóstolos duas faculdades sacerdotais de importância capital: a faculdade de consagrar o pão e o vinho concedida aos Doze apenas ("Fazei isto em memória de mim") e a faculdade de perdoar os pecados, também reservada aos Doze: "Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, serão retidos".

Os Apóstolos e seus sucessores exerceram tais faculdades em virtude do dom de Cristo Sacerdote, que é o sacramento da Ordem caracterizado por um tipo de vida próprio dos sacerdotes.

6. Motivações antropológicas
É válida a argumentação aduzida por Antonio Moser. Bem mostra como a vida uma depende da capacidade ou da estrutura humana de cada indivíduo. Estranha-se, porém, o silêncio do teólogo franciscano a respeito do embasamento teológico do celibato; teria dado ainda maior consistência a sua posição. É preciso não haja medo de dizer toda a Verdade

Cânticos protestantes em celebrações católicas


Revista: "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
D. Estevão Bettencourt, osb
Nº 516, Ano 2005, Página 288


A pedido de amigos abordaremos a temática acima.
Não é conveniente adotar cânticos protestantes em celebrações católicas pelas razões seguintes:

1) Lex orandi lex credendi (Nós oramos de acordo com aquilo que cremos). Isto quer dizer: existe grande afinidade entre as fórmulas de fé e as fórmulas de oração; a fé se exprime na oração, já diziam os escritores cristãos dos primeiros séculos. No século IV, por ocasião da controvérsia ariana (que debatia a Divindade do Filho), os hereges queriam incutir o arianismo através de hinos religiosos, ao que S. Ambrósio opôs os hinos ambrosianos.

Mais ainda: nos séculos XVII-XIX o Galicanismo propugnava a existência de Igrejas nacionais subordinadas não ao Papa, mas ao monarca. Em conseqüência foi criado o calendário galicano, no qual estava inserida a festa de São Napoleão, que podia ser entendido como um mártir da Igreja antiga ou como sendo o Imperador Napoleão.

Pois bem, os protestantes têm seus cantos religiosos através de cuja letra se exprime a fé protestante. O católico que utiliza esses cânticos, não pode deixar de assimilar aos poucos a mentalidade protestante; esta é, em certos casos, mais subjetiva e sentimental do que a católica.

2) Os cantos protestantes ignoram verdades centrais do Cristianismo: a Eucaristia, a Comunhão dos Santos, a Igreja Mãe e Mestra... esses temas não podem faltar numa autêntica espiritualidade cristã.

3) Deve-se estimular a produção de cânticos católicos com base na doutrina da fé.

27/12/2010

Católicos Adoram Ídolos?

   
  É o que alguns dizem que os Católicos fazem. Por quê dizem isso? Qual o seu ponto de referência? Onde está a prova documentada disso? Mostrem-me os documentos Católicos genuínos que "provam" esta acusação falsa.Ainda não vi nenhum documento Católico dizendo que Católicos devem adorar ídolos.
Ídolo:Uma imagem usada como objeto de adoração. Um Deus falso.É assim que o dicionário define um ídolo.

Imagem:
Uma reprodução da forma de uma pessoa ou objeto
Uma duplicata formada óticamente, contraparte ou outra representação de um objeto, especialmente uma reprodução ótica formada com lentes ou um espelho.

É assim que o dicionário define imagem. Poderia ser uma estátua, ícone ou mesmo uma fotografia.

Adoração:

Amor e devoção reverentes dirigidas a uma deidade, a um ídolo ou a um objeto sagrado.

Esta é a definição dada pelo dicionário.

Você tem uma fotografia de um ente querido? Você a adora? Duvido muito.

Talvez você só use a foto para se lembrar daquela pessoa. Não é verdade?

E quanto à estátua de Abraham Lincoln no Lincoln Memorial?

Você ou qualquer outra pessoa adora esta ou qualquer outra estátua? Claro que não.

Então por quê a estátua está lá? E para nos recordar de que ele foi um grande homem, por meio de uma imagem com a qual possamos nos identificar.

A mesma coisa acontece na Igreja Católica. As estátuas na Igreja Católica estão lá para nos recordarem de seu fundador, Jesus Cristo, de Sua mãe e dos grandes santos da Igreja.

"Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra." Êxodo 20,4

DEUS claramente diz que não se deve fazer imagens.

"E o Senhor disse a Moisés: "Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo."

Moisés fez, pois uma serpente de broze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida." Números 21,8-9
DEUS claramente ordena que se faça uma imagem.

Agora, isso é um conflito Bíblico, um engano ou uma interpretação errada por parte de alguém? Tem que ser uma coisa ou outra.

"Tiraram todos os brincos de ouro que tinham nas orelhas e trouxeram-nos a Aarão, o qual, tomando-os em suas mãos, pôs o ouro em um molde e fez dele um bezerro de metal fundido. Então exclamaram; "Eis, ó Israel, o teu DEUS que te tirou do Egito." Êxodo 32,3-4
Esta é uma violação clara do primeiro mandamento. Eles aceitaram e fizeram para si mesmos um deus falso. Então como foi que DEUS reagiu?

"Feriu o Senhor o povo, por ter arrastado Aarão a fabricar o bezerro." Êxodo 32,35
Está claro que DEUS novamente ordenou que não se fizessem ídolos.

"Farás dois querubins de ouro. E os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro." Êxodo 25,17-18

Outra mensagem bem clara, diretamente de DEUS, para que se faça ídolos. Você percebeu que aqueles querubins de ouro seriam colocados no topo do objeto mais sagrado na terra, a Arca da Aliança?

Os capítulos 5 e 6 de 1Reis nos falam sobre a construção do Templo de Salomão, conforme ordenado por DEUS, e decorado por dentro com..."Fez no santuário dois querubins de pau de oliveira, que tinham dez côvados de altura." 1Reis 6,23
Eis uma outra ordem de DEUS para que se fizessem ídolos.

Os ídolos eram enormes, já que um côvado equivale a cerca de dezoito polegadas. Isso faz com que tivessem quinze pés de altura cada um.

  Então o que é que temos aqui? Há mais conflitos na Bíblia do que poderíamos pensar ou estamos perdendo alguma coisa?

  Você consegue ver o padrão? É muito claro.
DEUS disse para fazer imagens que venham de DEUS mas não fazer nenhuma imagem que seja contra Ele...

1. Os Anjos são Santos: São Miguel, São Rafael e São Gabriel.

2. Existem muitos Santos que nunca foram anjos: Santa Maria, São Pedro, etc.

3. Os Santos são de DEUS, então qual é o problema em fazer uma estátua deles?

4. Jesus Cristo é certamente DEUS, então qual o problema em ter um crucifixo nos recordando da paixão que Ele sofreu por cada um de nós?

5. Quando Católicos oram em frente a uma estátua eles não estão fazendo um pedido à estátua, mas sim à pessoa que ela representa.

6. Agora, se você acha que fazer pedidos aos Santos é errado, sugiro que estude Ap 5:8, and Ap 8:1-4
Agora tenho que pedir novamente àqueles que acusam os Católicos de adorarem ídolos para me mostrarem o documento que "prova" o que dizem.


Escrito por Bob Stanley em 28 de outubro de 1998

Nota da CNBB sobre campanha contra Aids

 Em face à campanha lançada pelas Juventudes Socialistas de Andalucía (JSA), na Espanha, incentivando o uso de preservativos e, ao mesmo tempo, relacionando a camisinha à hóstia consagrada que, de acordo com a fé católica, é verdadeiramente o Corpo de Cristo (cf. Mc 14,12-16.22-26), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, fiel à sua missão, considera-se no dever de se manifestar junto às Autoridades espanholas para expressar-lhes perplexidade e repúdio a esse grande desrespeito à Eucaristia que é o centro e o ápice da vida da Igreja católica. Não podemos silenciar diante dessa grande ofensa que fere profundamente os sentimentos religiosos dos católicos.

A preocupação em evitar a propagação da Aids (SIDA) não justifica iniciativas dessa natureza. Essa Campanha, que repercutiu também aqui no Brasil, manifesta uma atitude preconceituosa, inadequada e ofensiva à nossa fé.

No âmbito de suas atribuições e responsabilidades, a CNBB deseja contribuir para que o homem e a mulher cresçam no diálogo, no respeito à liberdade, na defesa da vida, na promoção dos direitos humanos e na conquista dos verdadeiros valores que os tornem felizes conforme os planos de Deus.


(Brasília-DF, 21 de dezembro de 2010)
Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana-MG
Presidente da CNBB
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus-AM
Vice-Presidente da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro-RJ
Secretário Geral da CNBB

12/12/2010

O que disse o Papa sobre o preservativos?

O novo livro de Bento XVI, "Luz do Mundo: o Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos", nem sequer tinha sido publicado e já estava no centro de uma controvérsia nos meios de comunicação on-line.


A polêmica explodiu na semana passada, quando o L'Osservatore Romano violou unilateralmente o embargo sobre o livro, publicando alguns extratos em língua italiana das diversas declarações do Papa, para grande desgosto dos editores em todo o mundo, que trabalhavam cuidadosamente visando um lançamento orquestrado do livro, que se daria na terça-feira seguinte.

Um dos extratos tratava do uso de preservativos para tentar evitar a propagação da AIDS e a imprensa imediatamente tirou proveito disto (p.ex.: Reuters, Associated Press, BBC Online). E assim, surgiram manchetes como:
- Papa diz que os preservativos são admissíveis em certos casos para deter a AIDS

- Papa: "Os preservativos justificam-se em alguns casos"

- Papa diz que os preservativos podem ser usados na luta contra a AIDS

Particularmente notória é a declaração de William Crawley, da BBC:

"O Papa Bento XVI parece ter alterado a postura oficial do Vaticano sobre o uso de preservativos, adotando uma posição moral que muitos teólogos católicos já recomendavam há muito tempo".

Bah!
Pois bem: em primeiro lugar, trata-se de um livro de entrevistas. O Papa foi entrevistado. Não estava exercendo seu múnus oficial de ensinar. Este livro não é uma encíclica, uma constituição apostólica, uma bula papal, nem nada semelhante. Não é uma publicação da Igreja. Trata-se de uma entrevista realizada por um jornalista, em idioma alemão. Conseqüentemente, o livro não representa um ato do Magistério da Igreja, nem tem a capacidade de "alterar a postura oficial do Vaticano" em nada. Não possui força dogmática nem canônica. O livro - que é fascinante e sem precedentes, mas isto é tema para outra oportunidade - constitui aquilo que se classifica como opiniões pessoais do Papa sobre as perguntas questionadas pelo entrevistador Peter Seewald.

E como o Papa Bento XVI observa no livro:

"Há que se dizer que o Papa pode ter opiniões privadas que se encontram equivocadas".

Não estou assinalando isto para insinuar que naquilo que o Papa Bento XVI fala a respeito dos preservativos está incorreto - chegaremos a este ponto ao seu tempo - mas para indicar o contexto da situação, deixando claro que se trata das opiniões privadas do Papa. São apenas isto: opiniões privadas. Não é ensino oficial da Igreja. Então, continuemos...

Entre os desserviços do L'Osservatore Romano feitos para romper o embargo do livro da maneira que fez, houve também o fato de que apenas publicou um pequeno trecho da seção em que o Papa discutia sobre o uso dos preservativos. Como resultado, o leitor não tinha como ver o contexto das suas declarações e, assim, garantir que a imprensa secular não estava tomando as observações do Papa fora do seu contexto (o que seria feito de qualquer modo, mas talvez nem tanto). Especialmente notório é o fato de que o L'Osservatore Romano omitiu o material onde Bento esclarece sua declaração sobre os preservativos, em uma pergunta logo a seguir.

Com efeito, o L'Osservatore Romano causou um grande dano tanto às comunidades católicas quanto às não-católicas.

Felizmente, agora você pode ler o texto completo das declarações do Papa.

Ademais, prevendo a controvérsia que estas palavras poderiam produzir, a drª. Janet Smith preparou um guia útil sobre o que o Papa disse e não disse.

Lancemos vista aos comentários do Papa, para ver o que ele realmente disse.

"Seewald: (...) Na África, se apontou que o ensino tradicional da Igreja demonstrou ser a única maneira segura de se deter a propagação do HIV. Os críticos, incluindo a crítica dentro das próprias fileiras da Igreja, objetam que é uma loucura proibir a população de alto risco de usar preservativos.

Bento XVI: (...) Em minha intervenção, eu não estava fazendo uma declaração geral sobre o tema do preservativo, mas apenas dizendo - e isto é o que causou grande ofensa -, que não podemos resolver o problema mediante a distribuição de preservativos. Resta muito o que fazer. Devemos estar próximos das pessoas; devemos guiá-los e ajudá-los; e temos que fazer isto antes e depois do contágio com a doença. É um fato, como você já sabe, que as pessoas podem obter preservativos quando o desejarem, de qualquer modo. Porém, isto serve apenas para demonstrar que os preservativos por si próprios não resolvem o problema em si mesmo. Muito mais precisa ser feito. Enquanto isso, no âmbito secular, desenvolveu-se a teoria chamada 'ABC' - abstinência, fidelidade, preservativo -, em que se entende o preservativo somente como um último recurso, quando os outros dois pontos foram rejeitados. Isto quer dizer que concentrar-se no preservativo implica em uma banalização da sexualidade, e, além de tudo, é precisamente a origem perigosa da atitude da sexualidade, não como a expressão do amor, mas como uma espécie de entorpecente que as pessoas administram a si mesmas. Esta é a razão pela qual a luta contra a banalização da sexualidade é parte também da luta para garantir que a sexualidade seja tratada como um valor positivo e para que possa ter um efeito positivo na totalidade de ser do homem".

Consideremos que o argumento geral do Papa é que os preservativos não resolvem o problema da AIDS. Em apoio disto, ele aponta vários argumentos:

1) As pessoas já podem obter preservativos, mas é evidente que o problema não foi resolvido.

2) No mundo secular foi proposto o 'Programa ABC', em que o preservativo só será usado quando os dois primeiros procedimentos verdadeiramente eficazes - a abstinência e a fidelidade - tiverem sido rejeitados. Assim, a proposta secular do ABC reconhece inclusive que os preservativos não são a única solução. Eles não funcionam tão bem quanto a abstinência e a fidelidade. Os dois primeiros são melhores.

3) Concentrar-se no uso do preservativo representa uma banalização (trivialização) da sexualidade, que se converte de ato de amor em ato de egoísmo. Para que o sexo desempenhe o papel positivo que deve ter, esta banalização do sexo - e, portanto, a fixação nos preservativos - deve ser resistida.

Esse é o contexto da afirmação que a imprensa reproduziu:

"Pode haver casos individuais justificados como, por exemplo, quanto um prostituto usa um preservativo, e isto pode ser um primeiro passo para uma moralização, um primeiro ato de responsabilidade para desenvolver novamente a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Porém, não é realmente a maneira de tratar com o mal da infecção pelo HIV, o que realmente pode apenas vir de uma humanização da sexualidade".

Há várias coisas a se considerar: em primeiro lugar, leve em conta que o Papa diz que: "Pode haver casos individuais justificados", e não que: "Está justificado". Esta é uma linguagem especulativa. Mas sobre o quê o Papa especula? Que o uso do preservativo está moralmente justificado? Não, não foi isso o que ele disse, mas que pode haver casos "sempre e quando [o uso do preservativo] pode ser um primeiro passo para uma moralização, um primeiro ato de responsabilidade para desenvolver novamente a consciência de que nem tudo é permitido".

Em outras palavras, como diz Janet Smith:
"O Santo Padre está simplesmente observando que para alguns prostitutos homossexuais o uso de um preservativo pode indicar um despertar do sentido moral, um despertar acerca de que o prazer sexual não é o valor máximo, mas que devemos ter o cuidado de não prejudicar ninguém em nossas escolhas. Ele não está falando de uma moralidade do uso de preservativos, mas de algo que pode ser certo sobre o estado psicológico daqueles que os usam. Se estas pessoas, usando preservativos, o fazem com o fim de evitar prejudicar outras, com o passar do tempo perceberão que os atos sexuais entre membros do mesmo sexo são intrinsecamente maus, já que não estão de acordo com a natureza humana".

Pelo menos isto é o máximo que se pode razoavelmente inferir das declarações do Papa, o que poderia ser expresso com maior clareza (e espero que o Vaticano emita um esclarecimento urgente).

Em segundo lugar, repare que o Papa segue imediatamente sua declaração acerca da prostituição homossexual usuária de preservativos com a afirmação: "Porém, não é realmente a maneira de se tratar com o mal da infecção pelo HIV, o que realmente pode apenas vir de uma humanização da sexualidade".

Por "uma humanização da sexualidade", o Papa quer reconhecer a verdade sobre a sexualidade humana, que deve ser exercida de maneira amorosa, fiel entre um homem e uma mulher unidos em matrimônio. Esta é a verdadeira solução e não colocar um preservativo e manter relações sexuais promíscuas com pessoas infectadas com um vírus mortal.

Neste momento da entrevista, Seewald faz uma pergunta de continuidade, e é verdadeiramente um crime que o L'Osservatore Romana não tenha reproduzido esta parte:

"Seewald: Quer dizer, então, que a Igreja Católica, na realidade, não se opõe em princípio ao uso dos preservativos?

Bento XVI: Ela, obviamente, não os considera como solução real ou moral, porém, neste ou em outro caso, pode haver, todavia, a intenção de reduzir o risco da infecção, como um primeiro passo para uma forma distinta e mais humana de viver a sexualidade".

Assim, Bento XVI reitera que esta não é uma solução real (prática) para a crise da AIDS, nem tampouco uma solução moral. No entanto, em alguns casos, o uso de preservativo mostra "a intenção de reduzir o risco da infecção", que é "um primeiro passo para... uma forma mais humana de viver a sexualidade".

Portanto, não está dizendo que o uso de preservativos é justificado, mas que pode mostrar uma intenção particular e que esta intenção é um passo na direção correta.

Janet Smith oferece uma analogia útil:

"Se alguém fosse assaltar um banco e estava decidido em empregar uma arma de fogo, seria melhor para essa pessoa usar uma arma desmuniciada: reduzir-se-ia o risco de lesões mortais. Porém, não é tarefa da Igreja ensinar possíveis assaltantes de banco a assaltar bancos de uma maneira mais segura; menos ainda é tarefa da Igreja apoiar programas para oferecer a possíveis assaltantes de banco armas de fogo incapazes de ser municiadas. Não obstante, a intenção de um assaltante de banco em assaltar um banco de uma maneira que é mais segura para os funcionários e clientes do banco pode indicar um elemento de responsabilidade moral que poderia ser um passo para a compreensão final da imoralidade que é o assalto a bancos".

Muito mais se poderia dizer de tudo isto, mas pelo que vimos, já resta claro que as declarações do Papa devem ser lidas com cuidado e que não constituem o tipo de licença para o uso de preservativos que os meios de comunicação desejam.

Há mais por vir...

Fonte: http://infocatolica.com/blog/. Tradução de Carlos Martins Nabeto

16/11/2010

A Farça do pentecostalismo

Pastor Charles Fox Parham:
 

O Pastor Charles Fox Parham é tido merecidamente, como o fundador do pentecostalismo. Foi ele o fundador das “Assemblies of God”, que aqui no Brasil, tomou o nome de “Assembléias de Deus”. Atualmente e desde muitos anos, a maior denominação protestante aqui.O Pastor Charles Fox Parham, dizia receber os dons do espírito santo. Falava “em línguas”, pregava muito. Desde a adolescência, era Pastor. Na verdade, ele foi o primeiro Pastor pentecostal verdadeiro do mundo.Religião à parte, Parham era racista declarado e militante. Odiava negros e tudo o que não fosse da suprema raça ariana. Pertencia à KKK(Ku Klux Klan), desde tenra idade. Em 1910, enquanto fundava o pentecostalismo, tinha lugar de destaque na Ku Klux Klan. Este Pastor, foi preso após ter violentado sexualmente um garoto. Como era poderoso, na KKK, soltaram-no logo. Numa hora, bradava no púlpito contra a imoralidade. Noutra, praticava sodomia.Enquanto isto, milhões acreditavam em suas pregações.
O Pastor Parham acreditava e pregava, que a cura milagrosa de doenças era um direito natural dos seguidores da palavra de Deus. Infelizmente, para ele e muitos que o cercavam, a História mostraria uma outra coisa.
A edição 58, volume XVII, Nº 2,ano de 1998, da revista Christian History, mostra uma foto de 1906. Nela, aparece uma foto do Pastor Parham , com sete seguidores, todos estavam nas escadarias do fórum de Carthage, Missouri.O próprio Pastor Parham, estava segurando uma placa, que dizia: “Apostolic Unity”. Os seus seguidores, seguravam faixas que tem escrito: “Life”, “HEALTH”,etc. Ou seja: Publicamente Parham , mostrava a sua crença de que seguir “a Jesus”, lhes daria saúde e proteção contra doenças.
O Pastor Parham, pregava publicamente que se deveria evitar se consultar com médicos e evitar crer em qualquer benefício da Medicina. Que todos deviam ao invés disto, crer que o poder de Deus/Jesus/ES os curaria. Bem , um dos filhos de Parham, pegou uma doença e morreu. Tinha apenas 16 anos. Um outro filho de Parham, morreu também de doença com 37 anos.
Os doentes genuínos que iam aos cultos do Pastor Parham, nunca ficavam curados.Um ávido seguidor do Pastor Parham, tinha uma filha, com apenas 9 anos, chamada Nettie Smith. Esta menina, ficou doente.O pai, recusou tratar a doença da filha. Esperava a cura milagrosa. Ao invés disto, a criança morreu. Este fato, fez muitos se voltarem contra Parham, pois a doença era tratável com a limitada Medicina disponível em 1904. Quanto ao Pastor Parham, ele mesmo sofreu muitas doenças e não raro, estava doente demais para pregar ou viajar.
De dezembro de 1904 até fevereiro de 1905, ele esteve acamado e doente(ver o livro “Fields White Unto Harvest, página 94, autor:James Goff Jr.).O Pastor Parham, foi também o primeiro pregador pentecostal a orar sobre um lenço e vender lenços idênticos, pelo correio. A um alto preço, evidentemente(Mesmo livro e autor citado acima, página 104).
Suas pregações/patifarias, não pararam aí. Em 1908, o Pastor Parham, passou a pregar que tinha como achar a “Arca da Aliança” bíblica. Ele declarou a jornais, que para achar a arca perdida, tinha que ter dinheiro para ir até a Palestina. Em tempos pré-jato, uma viagem a Palestina, era muito cara.
Bem, os fiéis deram a quantia necessária para a viagem, tudo arrancado dos pobres salários. Parham nunca viajou até a Palestina. Ele simplesmente embolsou a grana para a viagem e inventou que havia sido roubado em New York. Os fiéis acreditaram em mais esta farsa.
Os fiéis de Parham eram crentes mesmo.Um deles, achou que o “falar em línguas”, lhe permitiria pregar o evangelho aos indianos. Viajou para Índia e lá notou que nada que falava, os indianos entendiam.
Parham, até o fim da vida, foi racista. Antes de morrer, exigiu que fosse enterrado, onde nenhum negro estivesse perto. Como se vê, o Pastor Parham deve ter sido muito inspirado pelo “espírito santo”… que não é de Jesus.

“Irmã” Aimee Semple Mc Pherson (1890-1944):
 

Foi a indiscutível fundadora da “International church of foursquare gospel”, que no Brasil, é chamada de “Igreja do Evangelho Quadrangular”.O livro americano “The Dictionary Of Pentecostal and Charismatic Movements”, a chama de “the most proeminent woman leader has produced to date”. Em bom português, o livro a chama “a mais proeminente líder feminina, que o pentecostalismo produziu até hoje”.Se Aimee Semple Mc Pherson, foi uma proeminência, um fenômeno religioso, isto nem o mais ateu dos homens, pode discutir. Do nada, ela fundou um Igreja, com milhões de seguidores.A sua vida religiosa, começou quando ela acompanhou o seu marido, numa viagem missionária até a China. Neste país, o seu marido adoeceu. Morreu logo à seguir. A jovem viúva, retornou para os USA. Nenhuma pessoa imaginaria o que viria a seguir.Logo depois de voltar, ela se casaria com Harold Stewart Mc Pherson, era 1911. Este segundo casamento, foi um fracasso do começo ao fim. Aimee Mc Pherson, era histérica, nervosa, negligente, preguiçosa. Além de tudo, traiu o seu infeliz marido. Nenhum de seus biógrafos sabe quantas dezenas de amantes, Aimee teve, enquanto o pobre Harold sofria. Ele finalmente, pediu divórcio em 1921(Ver o livro de Eve Simson, The Faith Healer, página 36).Em maio de 1926, Aimee Mc Pherson deu para sumir por uns tempos. No mês seguinte, ela reapareceu no México, inventando uma fábula, de que teria sido sequestrada. Na verdade toda a fábula era para evitar que percebessem que ela havia tido uma tórrida paixão, com muito sexo, com um homem casado, chamado Kenneth Ormiston. O casal, já havia sido visto antes, numa viagem conjunta à Europa(Sobre esta parte da vida de Aimee, ver os livros “The Vanishing Evangelist” , do autor Lately Thomas).Uma recepcionista de uma loja, mostrou que Aimee e seu amante, estavam na cidade de Karmel, Califórnia. Aimee “comia” o seu amante, ao tempo em que depois inventou à imprensa que estava sequestrada. Várias outras testemunhas mostraram terem visto, as aventuras de Aimee. Enquanto isto, Aimee ia tendo cada vez mais seguidores.Um ano depois deste escândalo, Aimee começou a enrolar os seus cabelos, a usar jóias, peles caras, usar vestidos curtos. Igualmente, bebia muito e em público, dançava, aproveitava a vida. Anos antes ela pregava contra tudo isto, garantindo o fogo do inferno a quem tivesse tais pecados. Agora, praticava aos montes estes terríveis pecados(ver o livro “Least of all saints”. Autor:Robert Barh).Em 1931, Aimee casou pela terceira vez. Desta vez o imbecíl marido, se chamava David Hutton. De novo, veio divórcio desta vez em 1934.Menos de três anos de infeliz união. Aimee, casou já tendo um harém de homens. E virou ex- mulher de novo.No livro, já citado, de Robert Barh, tem uma foto de Aimee, com alguns de seus seguidores. Ela aparece caída de bêbada, no chão. Os seguidores, se acham “batizados no espírito santo”.E também no chão.O livro “Sister Aimee”, página 221,do autor Epstein, mostra as pregações religiosas, de Aimee. Diante de grandes multidões, ela pregava:”As suas desgraças serão destruídas. As suas doenças serão todas curadas. Basta apenas vocês acreditarem.Onde estiver o espírito de Deus, alí estará a sua cura.”
Aimee avisava que a cura era parte do evangelho. Bastava ter muita fé e dar dinheiro a sua Igreja. Para se ter acesso à sessões de cura espritual de Aimee, os crentes tinham que comprar um cartão e alí, ficar na linha de cura de Aimee.
O livro “The Healing Question”, do autor Arno Clemens Gaebelein, publicado em New York em 1925, editora Our Hope Publications, página 93, mostra um caso triste, envolvendo Aimee Mc Pherson.O autor descreve o que viu:

“Uma jovem garota, usava um óculos. Uma das lentes era totalmente preta.Eu percebi que a menina era totalmente cega de um olho e quase cega do outro. Eu observei tudo o que ocorreu, sentado, bem perto de todo o ocorrido. Enquanto orações eram feitas para ela, a jovem menina, que parecia ter em torno de 11 anos de idade, chorou e contorceu-se toda. Em sua vontade de se curar, ela fazia todos os esforços, para ser curada. Ela deixou o altar e houve um clamor público, iniciado por um dos obreiros presentes, de que ela teria sido curada. Ela gesticulou, dando a impressão, que tinha sido curada. Uma hora depois, quando o culto pentecostal acabara, eu ví um grupo de mulheres agrupadas. De longe, naquele grupo, percebi a presença da garota “curada”.Mandei minha esposa ver o que era e falar com a garota “curada”, caso fosse necessário. Ela achou a garota supostamente “curada”, caída no chão,chorando copiosamente, com as esperanças destruídas e o coração partido. Sua decepção era completa. Assim como a sua desilusão. A melhora da visão, que havia supostamente tido, no altar, tinha sumido totalmente”.*
*Nota do autor: A tradução acima, é minha. Traduzido, de autor já falecido. Direito autoral já público.
O autor Robert Barh, no livro “The Least of All Saints”, diz muito bem dos últimos anos de vida de Aimee. Aimee ia aos poucos se viciando em drogas. Sua paixão por barbitúricos, se completava ao seu amor por homens na cama.Amores à parte, ela tinha uma mãe. Ela se chamava Mildred (Minnie) Kennedy. A mãe ajudava a filha no milionário negócio evangélico. O “Angelus Temple” de Aimee era uma supermina de ouro em dinheiro. De fato, dividiam mãe e filha o dinheiro arrecadado dos fiéis. Tanto dinheiro, que deu numa sucessão de brigas horríveis, entre mãe e filha. Já em 1927, Aimee demitiu sua mãe do cargo que exercia na Igreja do Evangelho Quadrangular.  Depois,por um curto período de tempo, Mildred voltou à administrar coisas na Igreja, pois a filha havia feito uma série enorme de investimentos fracassados. Uma briga entre mãe e filha, teve como resultado Aimee quebrar o nariz da mãe com um forte soco(Ver página 296, da obra de Robert Barh, já citada).A ligação de mãe e filha terminava. O dinheiro e os escândalos de Aimee não. Em 1937, Mildred, apoiada pela neta Roberta, decidiu processar a filha Aimee. Não era a questão do nariz quebrado. O dinheiro era de novo o centro do processo. Aimee ganhou a questão.Se Aimee ganhava cada vez mais dinheiro, com seu imenso e crescente império religioso, não ganhava paz de espírito. Cada vez mais, se entregava às drogas. Morreu de overdose de drogas em 1944. Deixou para a mãe a quantia de dez dólares, dizendo que caso ela contestasse isto, então não receberia nada (Ver a obra de Robert Barh, página 282).

Pastor A. A. Allen (1911-1970)
 

Este Pastor pentecostal era um bêbado e um completo charlatão. Ele publicava uma revista chamada “miracle magazine”( revista do milagre). Esta publicação era cheia de imbecilidades e fraudes, como a de uma mulher , que teria perdido mais de 100 quilos em segundos, durante um dos cultos de cura, promovidos por este Pastor. Em 1956, ele começou a dizer que óleo miraculoso aparecia pingando de suas mãos e de sua cabeça. Ele usava o mesmo truque usado pelo brasileiro Thomas Green Morton, mais de 30 anos depois. Outro dos truques usados por este Pastor, era mostrar notas de US$1,00 virarem “miraculosamente” notas de US$20,00.Qualquer mágico faria melhor, mas os fiéis acreditavam piamente.Os fiéis, mandavam fortunas em dinheiro. Ele montou um milionário negócio religioso. Ganhava milhões de dólares, todos os anos. Mesmo assim, entregou-se totalmente à bebida. Foi preso por dirigir bêbado, em 1955, enquanto dirigia um “retiro” religioso.No casamento, foi outro desastre completo. Batia na mulher, tinha amantes. Usava o dinheiro dos fiéis, para sustentar as ditas amantes. Um alcoolatra completo. Enquanto os seus liderados faziam uma “cruzada” religiosa pelo oeste da Virgínia, o Pastor Allen, foi para bem longe dalí, mais exatamente para San Francisco California. Ali morreu sozinho num motel, aparentemente de complicações por alcolismo.

Pastor Jack Coe (1918-1956)
 

O Pastor Jack Coe, tinha como é tradicional, uma série de pregações de que curaria os doentes pelo “poder de Deus”. Ele pregava que “Consultar médicos equivalia a ter a marca da besta bíblica”(Ver o livro de Simson, “The Faith Healer”, página 164.).Uma vida inteira dedicada a falar mal da Medicina e dos médicos. A pregar que “Deus cura”, “se você acreditar, será curado”,etc.Bem, em fevereiro de 1956, Jack Coe estava em mais uma de suas “cruzadas de curas milagrosas”.Estava em Miami, Flórida. O Pastor Jack Coe impôs as mãos sobre um menino que estava doente de polio. A mãe do garoto se chamava Ann Clark. O Pastor Coe, disse a ela: “Se você acredita que Jesus irá curar o seu filho, retire os ferros das pernas dele”.Ela imediatamente tirou as muletas do filho, que tentou dar um passo e caiu de imediato, direto no chão. Mesmo diante de tal demonstração cabal da farsa que eram os ensinamentos do Pastor Jack Coe, ela mesmo assim continuou acreditando nele.Acreditando que devia seguir esperando a cura, por meio da fé em Deus, ela seguiu as ordens do Pastor Jack Coe. Ela não recolocou os ferros na perna do menino, que ia piorando. Vendo a piora do filho, ela foi a um Médico. O doutor mandou recolocar os ferros no filho.Revoltada por tudo, ela finalmente percebeu ter sido enganada. Decidiu abrir um processo contra Coe, que garantia que o menino não se curara da pólio, por “não crer no poder de Jesus Cristo”. O processo, teve larga cobertura da imprensa. O Pastor Jack Coe foi processado por praticar ilegalmente a Medicina. No final, Jack Coe foi absolvido.Passaram-se alguns meses. Neste mesmo ano de 1956, o Pastor Jack Coe adoeceu. De que? Poliomielite é claro. O mesmo Pastor que garantia que consultar médicos era se condenar a ter “a marca da besta bíblica”, agora estava internado num hospital. Cercado de médicos. Mesmo assim, doença foi piorando. E o Pastor Jack Coe morreu desta doença. Em poucos meses, a realidade da farsa que era este Pastor, foi mostrada a todos.Pouco tempo depois da morte de Coe, a sua viúva, Juanita Coe, publicou um livro, desmascarando os milagres fajutos de Coe e seus colegas pastores “milagreiros”. Infelizmente, a imbecilidade seguiu e Jack Coe, está cheio de sucessores.

Pastor Charles Price (1880-1947):
 

Este Pastor cedo desenvolveu fé no pentecostalismo. Ele foi inclusive, batizado “no espiríto santo”, por Aimee Mc Pherson, já descrita acima.Em 1922, este Pastor começou “cruzadas de curas”, por muitas partes do mundo. Atraía multidões imensas.No ano de 1923, este pastor promoveu uma “cruzada de curas” em Vancouver, Canadá. Um grupo de médicos decidiu investigar. O Pastor Charles Price, apresentou um grupo de 350 pessoas, que diziam-se “curados” por ele.O artigo “Faith Healing and Healing Faith”, de autor Richard Wolfe, publicado no Jornal da Indiana Medical Association, nº53, abril de 1959, mostra o poder de cura da fé:
 

Dos 350 se diziam “curados”, quando o estudo começou. Após seis meses:*301 —»Não haviam melhorado em nada.*39 —–»Haviam morrido.*5 ——»Haviam enlouquecido.*5 ——»Tinham doenças inexistentes.*0 ——»Haviam sido de fato curados, de doenças genuínas.

Pastor Smith Wigglesworth (1859-1947)
 

Este Pastor, nasceu num lar protestante e depressa, foi trocando de igreja. Foi metodista, anglicano, etc. No ano de 1907, aderiu ao pentecostalismo, sendo “batizado no espírito santo”.Pregava contra a Medicina. Dizia publicamente, que tendo lenços abençoados, se teria a proteção de doenças, para si mesmo e para seus familiares. Vendia os tais lenços abençoados por uma fortuna, seguindo o caminho do também Pastor Charles F. Parham.Se tais lenços abençoados, funcionavam em outros, é uma questão de fé. No Pastor Smith, foram um desastre. Seis depois do “batismo no espírito santo”, a esposa deste Pastor morreu. Dois anos depois, seu filho também morreu. A sua filha, que era surda. Ía sempre aos cultos de cura, promovidos pelo pai. Morreu completamente surda.O próprio Pastor Smith sofreu de pedras biliares, sendo curado pelos desprezíveis médicos.

Pastor Oral Roberts (1918-?*) :*Desconheço se Oral Roberts está vivo ou não. Para o aqui escrito, isto não interessa.

O Pastor Oral Roberts, pregou sempre que as doenças, eram criações do demônio. Sendo coisas de demônios, ele dizia que a sua mão direita “captava”, os demônios que causavam as doenças. Ele dizia que quando o poder de Deus era enviado para ele, sentia como que um fogo líquido em suas mãos.Em 1950, ele disse a seus seguidores, que o fim do mundo seria naquele ano mesmo. O fim do mundo não veio, mas Oral Roberts arranjou mais seguidores.Ele mantinha uma revista de nome “Healing Waters”. Na edição de março de 1952, esta revista publicou que “mais de 20.000 grandes médicos congratulam o Pastor Oral Roberts”. Desconfiados, dois Pastores presbiterianos, decidiram procurar a American Medical Association (AMA) , para ver se tal matéria era verdadeira. Tudo era uma mentira, inventada por Oral Roberts para se promover.Nunca houve nenhuma cura , vinda deste Pastor pentecostal/charlatão. Na verdade, todas as “cruzadas de cura” deste Pastor tem sido um conjunto de farsas, misturadas a mortes e até coisas dignas de comédias pastelão.Alguns exemplos:
*Em 8 de setembro de 1950, em Amarillo Texas, Oral Roberts estava pregando suas “curas”, numa tenda. Enquanto falava nas “curas”, uma imensa ventania chegou. Tão forte que a tenda caiu. Um homem de 64 anos morreu, na queda de um pedaço de madeira na cabeça dele. Primeira “cura” famosa de Oral Roberts.*Em 10 de setembro de 1950, na mesma cidade de Amarillo Texas, Oral Roberts mandou reerguer outra tenda, para mais “curas”. Enquanto ele falava de novo em “curas”, outra ventania veio. A lona caiu e desabou. Desta vez, nenhum dos crentes morreu, mas 50 foram para o hospital. Digno de comédia pastelão, não acham?*Em 1951, numa cruzada de “curas”, no Alabama, um homem de negócios foi à cruzada de Roberts. Morreu de ataque cardíaco. Foi a segunda “cura” famosa de Oral Roberts.*Em 1955, Oral Roberts foi a outra cruzada de “curas”. Desta vez foi em Calgary, província de Alberta, Canadá. Um dos crentes , chamado Jonas Rider morreu.*Em 1956, o Pastor Oral Roberts, decidiu alugar um espaço na televisão. Era o começo da era dos televangelistas, que dura até hoje. Uma crente, chamada Mary Vondersher, apareceu no programa de Oral Roberts, para dar o testemunho de uma “miraculosa cura”, obtida por intermédio deste Pastor. Vinte horas depois desta “miraculosa cura”, ela morreu.*O ano de 1959, teve um número recorde de “curas”, nas cruzadas de Oral Roberts. Uma crente de 64 anos, morreu em janeiro, em Oakland, California. Em maio daquele ano, em uma nova cruzada, as “curas” vieram em dose dupla. Morreram uma criança de três anos e uma velha índia de 64 anos, que morreu num acidente de estrada.
 
Para completar, em julho de 1959, uma crente morreu, após ter declarado ter sido “curada” por Roberts, na última cruzada de cura daquele ano.Após tantas cruzadas de “curas”, Oral Roberts, milionário, decidiu abrir uma universidade. Era para obter a cura do câncer. Nada foi obtido, mas dezenas de milhões de dólares foram gastos. Tio Sam e os fiéis são muito bestas.

Pastor John Wimber (1934-1997)
 

Como todos os outros pastores pentecostais, citados acima, ele pregava as virtudes da “cura pela fé”.Garantia ser um canal com Deus para a cura dos homens,etc.Uma demonstração dos poderes de cura deste Pastor pentecostal ou charlatão, como o queiram, foi que ele tentou “curar” duzentas crianças sofrendo de síndrome de Down. Nenhuma se curou até hoje(Ver o artigo “John Wimber Changes His Mind!”, publicado na revista “The Protestant Review” , nº de julho de 1990.O autor é Phillip D. Jensen).

Pastor Jamie Buckingham (1933-1992):
 

Parecido com todo o resto, Jamie , tinha uma igreja com mais de 2.000 adeptos. A sua principal fonte de renda, foram seus livros, mais de 40 livros. Mais de 20 milhões de exemplares destes livros, foram vendidos.Eles garantiram uma fortuna a este Pastor.Em 1990, foi diagnosticado câncer neste Pastor. Tanto a sua esposa, como o Pastor Oral Roberts (descrito já acima), “profetizaram” que ele seria curado desta doença. Em julho de 1990, este Pastor disse publicamente que Deus em pessoa, apareceu enquanto ele tomava banho. Deus lhe garantiu, que ele viveria mais de 100 anos, em boa saúde. Em julho de 1990, ele fez uma cirurgia. O médico lhe garantiu que o câncer havia sido removido. E que o prognóstico era bom.Em outubro de 1990, a revista americana”Charisma”, publicou um artigo deste Pastor, intitulado “Healed!”.Curado!, numa tradução óbvia. Em abril de 1991, a mesma revista, apareceu com outro artigo deste mesmo Pastor. Desta vez intitulado “My Summer of Miracles”.Traduzindo:Meu verão de milagres.Todas estas “profecias” e “testemunhos”, absolutamente foram desmentidas pelo fato. Em 17 de fevereiro de 1992, o Pastor Jamie Buckingham morreu de câncer. Deve ter sido mais uma “cura” de Oral Roberts. Ou terá sido obra de um Deus que gosta de falar com um Pastor, enquanto este está nú?

Pastor Gary North :
 

Este Pastor está sempre num programa de rádio americano.Tem milhões de ouvintes e sempre está com milhões de atentos às suas rádio pregações. Afirma que é “um profeta enviado de Deus”. “profecias”.Alguma destas “profecias”:*Irá acontecer uma guerra nuclear global, ao longo dos anos 1980…*A União Soviética irá invadir o mundo ocidental e dominar os Estados Unidos…*A economia mundial irá entrar em colapso até 1990…*Em 1º de janeiro de 2.000, todas as redes de computadores no mundo entrarão em colapso total…Tudo um fracasso…Ah, este “profeta enviado por Deus”, diz que não se deve jogar. Ainda bem que tem algum conselho bom, pois ele não acerta uma…

Pastor John Alexander Dowie (1847-1907):
 

Se o Pastor/racista/pedófilo/gay Charles Fox Parham é o pai do pentecostalismo, este cidadão é o avô de todas as igrejas  pentecostais.Ele mantinha uma revista chamada “Leaves of Healing”, que tinha distribuição e influência mundiais. Nesta publicação e por meio de discursos públicos, Dowie garantia que “Jesus garantia a cura”. Dowie tinha um verdadeiro horror não só por médicos, como também por vendedores de remédios. Na verdade , ele dizia que Médico era um instrumento do demônio. Quando a sua própria filha foi queimada por uma lamparina, ele proibiu que ela tivesse passada vaselina em seu ferimento, para aliviar a dor. Na verdade, ele proibiu que sua filha tivesse qualquer alívio da queimadura dolorosa por um médico/instrumento do demônio. A menina teve por fim, uma dolorosa e terrível morte, sem que ele fizesse nada para aliviar seu sofrimento.Enquanto desprezava os médicos, o Pastor Dowie mandava os doentes às suas “casas de cura pela fé”.Cobrava pelas tais “curas”, uma pequena fortuna. Ajuntou uma boa grana.Ele proibiu a seus fiéis de consumirem carne de porco. As tais “casas de cura pela fé”, lhe rendiam uma fortuna. Ele foi inclusive condenado em primeira instância por fraude. Esta condenação foi anulada e ele nunca foi preso.No final da vida, o Pastor Dowie resolveu criar a “City of Zion”. Supostamente com fins religiosos, na verdade era uma mera fachada para a sua vida ultra luxuosa e cara. Ele era também um homem que pregava as virtudes do evangelho e na mesma hora, ía “comer” suas dúzias de amantes, que incluiam também menores e dizem – homens.Em 1901, este pastor se declarou “Elias, o Profeta”. Pouco tempo depois este, “Elias, o Profeta”, teve um derrame cerebral. Ficou totalmente inválido. O mesmo homem que jurava curar tudo, com poderes divinos, viveu seus últimos dias incapaz de sequer andar.Qualquer semelhança com vários dos descritos acima e de casos atuais de pentecostais brasileiros, não é mera coincidência.Quanto à “Zion City”, faliu totalmente. No entanto, como nos mostra o “Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movement”- Dicionário do movimento pentecostal e carismático, quase todos os fundadores do pentecostalismo, eram ex-seguidores do já falecido Pastor Dowie. De fato, a publicação acima citada, diz que dúzias de pastores pentecostais, vieram da liquidada Zion City e eram fanáticos seguidores do imoral Pastor Dowie. De fato, três dos fundadores das Assemblies of God/Assembléias de Deus, eram ex-seguidores do finado Pastor Dowie.

Pastor Jimmy Bakker , atende pelo nome de Jim Bakker:
 

O Pastor Jim Bakker,pelo que eu sei, está vivo e bem de saúde. Ele já foi solto da cadeia. Sua Ex-mulher, Tammy Bakker, igualmente, enquanto escrevo estas letras, está bem de saúde.Este Pastor, desde o início, começou a fazer-se muito rico, no ramo do televangelismo. Suas “pregações do evangelho”, levaram o seu PTL(Pray The Lord), a ter mais de 10 milhões de fiéis seguidores apenas nos USA. A programação de seus programas via satélite, atingia nações de todos os continentes.A fé de tanta gente, do país mais rico do mundo, o tornou um miliardário. Jim Bakker, vivia numa mansão tão imensa, que conhecidos milionários tinham inveja dela. Entre as excentricidades, havia a casa de cachorro, que tinha ar-condicionado. Sim:Casa de cachorro com ar-condicionado!De fato, a capacidade de convencer as pessoas, deste Pastor era imensa. Sua simples presença, num altar, fazia com que centenas de seus fiéis, começassem a “falar em línguas”. Começassem a sentir a “presença do espírito santo”. Milhares de milagres eram a ele atribuídos.De fato, o Pastor Jim Bakker, oferecia o que seus fiéis buscavam. Sempre de bíblia na mão, dizia-se sempre “inspirado por Deus”. Seus sermões sempre pregavam contra o pecado, principalmente a homossexualidade, o sexo fora do casamento, exigiam uma vida regrada e modesta. Falavam sempre do valor da honestidade e do trabalho. Garantia que os praticantes de sodomia ou de adultério “tinham lugar garantido no inferno”. Nada muito diferente dos sermões religiosos, exceto no imenso volume arrecadado.Nos bastidores, o “pai da moralidade”, se transformava. Tão logo terminava o seu programa televisivo, cheio de pregações de moral e cristianismo, este Pastor se entregava ao sexo. Ele mantinha um harém de prostitutas e de gays altamente bem pagos. Entre suas preferências sexuais estava claro, a sodomia. Nada em assunto de sexo, lhe dava mais prazer, nem era por ele mais praticada. Seu casamento com Tammy, era apenas uma fachada, que ambos mantinham, para enganar os fiéis e arrecadar fortunas em dinheiro.A imensa generosidade/imbecilidade dos fiéis, já nos anos setenta, os tinha feito milionários. O Pastor Jim Bakker, sonhava com mais e conseguiu. Ele arrecadou algumas dezenas de milhões de dólares e construiu um imenso parque temático, de nome “Heritage USA”. Uma verdadeira “Disneylândia cristã”( Ver livro “A Revanche de Deus”, de Gilles Kepel ,páginas 125-133).Era um parque de dimensões imensas. Uma piscina imensa era destinada apenas a se fazerem batizados.Havia um edifício imenso, com uma imitação do inferno. Outro maior ainda, mostravam o paraíso. Construções imensas, mostravam inúmeros temas bíblicos. Tudo isto atraía milhões de visitantes por ano.A imensa piscina de batismo no “espírito santo”, levava milhares de crentes a terem delírios divinos, a “falarem em línguas”, a desmaiarem ao “sentir a presença de Deus”. Se Deus/Jesus/Espírito Santo estavam fazendo tais coisas, é uma questão de fé. Não é uma questão de fé, o fato desta “Disneylândia cristã”, ser o lugar preferido para o Pastor Bakker ter suas surubas e bacanais sexuais, num lugar escondido em meio a esta “Disneylândia cristã”. Heritage USA, era também um motel gay, embora seus milhões de visitantes anuais ignorassem isto.
Já nos anos setenta, um jornal americano, o “The Charlotte Observer”, já começava a denunciar o casal de evangélicos. Infelizmente, tudo o conseguido com tais denúncias, foi a revolta dos milhões de seguidores dos Bakker. Outras denúncias bem mais curtas, em outros órgãos de imprensa, igualmente deram em nada(Livro “A Revanche de Deus”.Autor:Gilles Kepel, páginas 125-130).
Curiosamente, quem o desmascarou para sempre, foi um outro Pastor, chamado Jimmy Swaggart, que será descrito logo a seguir. Swaggart, ficou cheio de inveja, pela imensa fortuna do chará e colega. Ao mesmo tempo já tinha informações sobre Bakker. Swaggart, contratou um Detetive particular. Este voltou com um monte de fotos comprometedoras, de posse delas e de gravações, Swaggart fez chegar tudo à imprensa. Ao mesmo tempo, vários repórteres já dispunham de toda a sorte de coisas terríveis contra ele. Para completar, uma das ex-amantes do Pastor Jim Bakker, posou nua numa revista masculina.
A “Heritage USA”, foi à falência. Seguiu o caminho da “Zion City” do Pastor Dowie, quase cem anos antes. Dezenas de milhões de dólares de fiéis, sumiram. O Pastor Jim Bakker, foi a julgamento por falência fraudulenta. Condenaram-no a 45 anos de cadeia. Uma instância superior, diminuiu a pena e ele já está solto. Ouvi dizerem, que segue pregando, mas com um número diminuto de fiéis. Quanto a casa de cachorro com ar-condicionado, foi vendida em leilão, para pagar as dívidas milionárias da “Heritage USA” e outros negócios fraudulentos de Jim Bakker. A então esposa de Jim, Tammy Bakker, encerrou a farsa a que chamava de casamento.

Pastor Jimmy Swaggart:
 

O Pastor Jimmy Swaggart, era outro dos grandes “televangelistas”, ao lado de seu chará Jimmy Bakker. Tinha um programa de televisão, exibido em todos os continentes. Passava aqui no Brasil, tendo milhões de telespectadores.Tal e qual seu chará, ele era um Pastor pentecostal. Em seu programa com dezenas de milhões de telespectadores no mundo todo, bradava contra a imoralidade. Sempre próximo de uma bíblia, exigia milhões de dólares de contribuição. Dizia-se mensageiro de Deus. Garantia que os adúlteros iam ao inferno. Nada muito diferente de Jim Bakker.Na várias vezes que veio ao Brasil, Swaggart atraiu sempre imensas multidões. Pessoas desmaiavam. Milhares “falavam em línguas”, apenas ao saber que ele estava próximo. Milhares de “milagres” , eram a ele atribuídos aqui no Brasil.Diante de tal fachada, havia um patife imoral e falso. No mesmo dia que pregava sermões contra a imoralidade, pagava os serviços de prostitutas. Gostava muito de sexo. E claro, o dinheiro dos fiéis, lhe dava um padrão de vida de milionário.Como escrito antes, ele aproveitou-se da queda do chará e colega Jimmy Bakker. O último, resolveu-se a dar o troco. Bakker contratou um outro Detetive particular. Este desmascarou totalmente Jimmy Swaggart, como uma xerox de Bakker.Desmascarado, o Pastor Swaggart chorou publicamente em seu programa. Tais lágrimas, não impediram a queda vertiginosa das doações de seus fiéis. Segundo o E-mail me enviado por um americano, Jimmy Swaggart segue Pastor, embora com pequena comunidade de seguidores.

A minha conclusão final:
 

Como já havia escrito antes, para se escrever sobre as patifarias e abusos dos pastores pentecostais, precisaria de escrever uma enciclopédia, com muitos anos de pesquisa. Ele não visa tampouco apreciar os abusos dos pastores pentecostais brasileiros. Apenas falei de alguns pastores americanos.A minha intenção, desde o título, foi e é mostrar as informações em geral, curtas, sobre alguns líderes pentecostais americanos. Nada longo demais.Daí que Este artigo tem que ser pequeno.Embora pequeno, desejo dizer a todos que o lerem, que eu mostro, documentadamente, que estes “pastores”, “irmã”, “Elias, o Profeta”,etc ; nada curaram, a não ser a própria gana por dinheiro alheio. Nada aliviaram a não ser o masoquismo (desejo de sofrer), de seus infelizes seguidores. Suas vidas e suas mortes, mostraram a todos os possuidores de alguma inteligência, que eles nada mais eram que infames charlatães

14/11/2010

A Autofagia Protestante


 O que é autofagia? Todo mundo sabe. Algo como "quem come a se mesmo". Mas tomemos o termo por "quem degenera a si mesmo". É isso que a doutrina protestante faz: degenera a si mesma.
Antes do século XVI não existia protestantismo. John Wyclief e John Huss lançaram idéias que nortearam a doutrina protestante que viria adiante.
O monge agostiniano Martinho Lutero, após estudar as cartas de São Paulo, principalmente Romanos e Gálatas, chegou à resposta de seus massacrantes conflitos espirituais: somos salvos somente pela fé em Cristo, independente do nosso pecado. Além desta, outra atividade proporcionou a aparição de Lutero: a venda de indulgências. Lutero formulou 95 teses onde protesta contra o que acreditava ser a doutrina das indulgências. Se fixou-as na porta da Igreja de Wittenberg não é certeza, mas a partir desse momento histórico deu-se o que foi chamado erroneamente de "reforma protestante".
O termo é impróprio porque se vamos reformar algum lugar, nossa casa por exemplo, não a reformaremos mudando para outra casa, mas a reformaremos mantendo-nos como moradores que esperam a casa ficar "reformada" para podermos nela voltar a morar bem, agora do jeito que se quer. Não foi isso que Lutero fez. Nem Lutero, nem Calvino, nem John Smith, nem nenhum outro fundador das diversas igrejas protestantes.
O melhor termo seria "revolução protestante" porque realmente assim foi caracterizada. Francisco de Assis, muito antes da reforma e Inácio de Loyola, entre vários outros, conseguiram reformar a Igreja sem "mudar de casa".
Reformaram a que viviam. A Companhia de Jesus de Inácio de Loyola foi um dos pilares da reforma católica.
Lutero lançou doutrinas que foram aceitas por muitas pessoas, muitas mesmo, como a "verdadeira forma de vida cristã". Entre eles citam-se a doutrina da Sola Fide e Sola Scriptura, onde, a partir daí, o protestantismo começou a degenerar. A doutrina anabatista, ainda vista por Lutero, seguia à risca o que entendia por Sola Scriptura. Tanto à risca que as doutrinas eram diferentes das que Lutero pregava. A revolta dos camponeses serviu para mostrar o perigo que a interpretação pessoal da bíblia representa para o cristianismo. Nunca se viu tal coisa no catolicismo.
Pelas cisões constantes no corpo das igrejas protestantes o Evangelho também foi dividido. As doutrinas "verdadeiras" para uma igreja não necessariamente a são para a igreja mais próxima. Mas ambas ainda defendem que as denominações do protestantismo formam uma igreja "invisível" onde existem diferenças mas a crença em Jesus Cristo como Senhor e Salvador as une. Ora, alguma coisa está errada. Uma igreja crê que é bíblico batizar crianças e outra igreja diz que não é bíblico. Não ser bíblico é dizer que é contra a Palavra de Deus. Ser contra a Palavra de Deus é o mesmo que ser contra Deus. Logo uma das igrejas, nesse ponto, é contrário ao que Deus coloca em Sua Palavra, portanto há uma falha nessa "unidade invisível" proposta pelo protestantismo que nem eles mesmos sabem explicar. Mas para ambas, as duas são parte da mesma igreja de Jesus. Não há algo errado?
Pedro em uma de suas cartas diz que nenhuma profecia da escritura é de interpretação pessoal. Apesar das negações das igrejas protestantes, muitas de suas doutrinas são fruto de uma pura interpretação pessoal de seu fundador, ou imitação da interpretação pessoal da que fundou uma outra igreja. No fundo, no fundo, as doutrinas protestantes contrárias à católica são todas fruto de interpretações pessoais de pessoas que não possuem a autoridade para tal. E a doutrina católica? Foi fruto de uma interpretação pessoal de alguém: algum papa ou teólogo, dos padres da Igreja, alguém pegou sua bíblia e fixou no quê os católicos iriam crer. Isso não é interpretação pessoal??. Não. A Igreja é a possuidora da verdade, e como tal ela deve extrair das Escrituras o que é a verdade. Pedro recebeu uma ordem de Jesus, muito clara por sinal: "Pedro, confirma teus irmãos". Ora, Pedro era pescador. E, a não ser que os pescadores judeus eram peritos em exegese, Jesus deveria dar algum apoio para que Pedro, aliado aos demais apóstolos, entendessem bem as escrituras ao ponto de, do que eles entendessem, confirmassem os demais. Isto Jesus disse como faria: "O Espírito Santo mostrará toda a verdade". Ora. O depósito da fé é passado pelos apóstolos aos bispos, que são seus sucessores, pelo sacramento da ordem. É por causa disto que os bispos e os padres da Igreja Católica tiveram autoridade para formular as doutrinas da Igreja que conhecemos hoje. Os fundadores das igrejas protestantes não possuem nada parecido.
Recentemente um pastor evangélico frisou que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal. Entretanto Lutero adotou o princípio do livre exame para que qualquer pessoa possa desfrutar de sua própria interpretação bíblica, claro que cada interpretação é fortemente iluminada pelo Espírito Santo, até aquela interpretação santa de que Jesus não é Deus adotada por algumas seitas que têm a mesma bíblia como "única regra de fé e prática".
Pois bem. Esse pastor é da Assembléia de Deus e, por exemplo, não crê na real presença de Jesus na eucaristia. Esta doutrina é "bíblica" (apesar de a bíblia mostrar que "este é o meu corpo"). Já algum protestante luterano que creia que Jesus está realmente presente na eucaristia também adota como bíblica essa doutrina. Imaginem o corpo de Cristo "invisível dessa maneira". Para esconder as feridas destas divisões, só sendo invisível mesmo. Voltando. Os dois, de posse em seus "livres exames" crêem em coisas diferentes. Mas dizem que fazem parte da mesma igreja. Como pode? Se o que une a Igreja invisível dos protestantes é a crença em Jesus então qual é o Jesus? É o que está ou não está na eucaristia? Se é o que está, como fica o lado que crê o contrário e vice-versa?
Hoje no Brasil o protestantismo cresce em número em forma muita rápida, mas ainda possuem pequena parcela na população brasileira. A avidez proselitista do protestantismo faz com que muitas piorem a situação destas que se degeneram cada vez mais. Hoje as igrejas pentecostais falam o que o povo QUER ouvir, e não o que o povo DEVE ouvir. Claro que não é sempre assim. Mas quando o assunto é céu, inferno, e, principalmente, dinheiro, aí é uma festa. A teologia da prosperidade prospera nesse meio, que arruína não com os donos de igrejas, cada vez mais ricos, mas com a doutrina de Cristo que diz "buscai as coisas do alto". O número de protestantes pouco importa aos católicos, se crescem ou deixam de crescer. As conversões na Igreja Católica ocorrem de forma diferente: conversões dentro dela mesma. São pessoas que antes eram nada em matéria religiosa, cumpridoras de tabela, ocupadoras de banco de igreja, e passaram a ser adoradores do Deus verdadeiro, Senhor e Salvador.
Hoje a Igreja Católica é atacada e ridicularizada por acusações das igrejas protestantes, que, aliás, as fazem em raros momentos de união de forças. Todas as igrejas protestantes contra a Igreja Católica. E Igrejas protestantes contra Igrejas Protestantes. É uma verdadeira autofagia protestante. Não vejo tal coisa na Igreja Católica, considerada por muitos como "sinagogas de satanás".
Jesus quer que sejamos um. E o que se entende por "que sejam um"? devemos fosforilar muito? Claro que não. "Uma só fé, um só batismo, um só pastor".
A "igreja invisível" dos protestantes não possuem uma só fé, nem um só batismo, nem um só pastor. As doutrinas protestantes são diversas. Convergem em alguns pontos mas divergem totalmente em outros. Não há uma só fé enquanto o livre exame assim permitir. "Mas cremos que Jesus é o salvador". Isto pode ser prova de uma só fé? Pode, claro, mas só e somente só nisso crerem as igrejas protestantes. O batismo é necessário à salvação "Sim ou não". Se o protestantismo estivesse sob uma única fé ouviríamos um sonoro "sim" ou "não". Mas o que ouvimos? "sim" dizem umas, "não" dizem outras. Não há uma só fé. Nesse caso há duas... deve haver também um só batismo: o do Espírito Santo. No protestantismo, pelo que aparenta, o fiel deve se batizar de novo se de onde vem a igreja não possui relações muito amigáveis. Mas o batismo é feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e não em nome da Igreja Católica ou da igreja batista ou da IURD.
Longe também estão de ter um só pastor. Basta ver que as igrejas protestantes já não tem mas nem chefe, mas "presidente". As "convenções" de igrejas evangélicas reúnem os líderes das igrejas para discutirem assuntos de interesse comum.
Opa! Líderes de igrejas? Nunca ouvi um Concílio Católico reunir líderes de igrejas católicas espalhadas pelo mundo. Reúnem os bispos, que são os chefes locais da Igreja Romana, que possui um só pastor: o Papa. Quem é o papa protestante? No passado Calvino era considerado tal. O rei da Inglaterra (no nosso tempo, a rainha) é o chefe da Igreja no País. Em nas demais localidades?
Pode uma pastor de uma igreja batista se meter a chefiar a igreja batista da próxima esquina? Não, não pode. Não há um só pastor.
Diante de tudo isto vemos que o culto evangélico cresce a cada dia no Brasil. Que o povo mais católico do mundo está cada ano menor. Mas, imaginando um país de maioria protestante, principalmente pentecostal fundamentalista, não consigo pensar noutra coisa a não ser numa enorme torre de Babel, onde dois não se sentam para conversar sobre doutrina, mas apenas sobre assuntos fraternais. Com certeza o mosaico protestante que está se tornando favorece cada vez mais cenas de autofagia. A autofagia protestante.
"Aquele que quer vingar-se encontrará a vingança do Senhor, o qual tirará exata conta de seus pecados" (Sab 28,1)

Ativistas homossexuais dão "beijaço " na passagem do Papa


  Ao menos cem ativistas gays e lésbicas se beijaram na passagem do papamóvel de Bento XVI pela praça da Catedral de Barcelona, quando o religioso seguia para o templo da Sagrada Família neste domingo na visita à Espanha.
Gays e lésbicas se colocaram em uma região da praça da Catedral que estava lotada de fiéis, que cantavam e davam vivas ao papa na saída do palácio episcopal onde ele passou a noite, depois de chegar de Santiago de Compostela, primeira etapa da viagem.
Jordi Petit, dirigente histórico do movimento homossexual da Catalunha, reclamou que há anos “a hierarquia eclesiástica ataca os direitos básicos humanos”, como sua insistência em proibir o uso de preservativos.
Os gays e lésbicas gritaram em coro palavras ao papa, chamando-o de “pederasta” e frases como a “Igreja que ilumina é a que arde”.
Em contrapartida, jovens cristãos saíram em defesa, dizendo “aqui está a juventude do papa”.

Fonte - Da EFE - 07/11/2010 

(OBS: É muito triste ver uma cena dessas a que ponto o ser humano chegou,eu penso que estas pessoas mesmo ñ concordando com a Igreja,deveriam pelo menos respeitar o Santo Papa,respeitar a Igreja de Jesus una e Santa...)Pri

04/11/2010

Doutrina Social da Igreja deve ser referência essencial para leigos


A doutrina social da Igreja representa “a referência essencial” para os fiéis leigos empenhados na sociedade e na política, ressalta o Papa Bento XVI em uma mensagem destinada ao Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, Cardeal Peter Kodwo Appalah.

O texto foi enviado por ocasião da Assembleia Plenária do dicastério vaticano, que começou na segunda-feira, 1º, e termina nesta sexta-feira, 5, em Roma, Itália.

O Pontífice salienta que a questão social está sempre mais interconectada nos seus variados âmbitos. Nesse sentido, aparece, de particular urgência, o compromisso da formação dos leigos católicos na Doutrina Social da Igreja. “De fato, é próprio dos fiéis leigos o dever imediato de trabalhar para uma ordem social justa”, ressalta.

O Santo Padre destaca também que os cidadãos livres e responsáveis devem se empenhar para promover uma correta configuração da vida social, no respeito da legítima autonomia da realidade terrena. “A doutrina social da Igreja representa assim a referência essencial para o planejamento e ação dos fiéis leigos, bem como para uma espiritualidade vivida, que se nutra e se enquadre na comunhão eclesial: comunhão de amor e de verdade, comunhão na missão”.

Bento XVI salientou, sobre os pontos mais importantes da doutrina social, a defesa da vida humana e a liberdade religiosa. “É de fundamental importância uma compreensão profunda da doutrina social da Igreja, em harmonia com todo o seu patrimônio teológico e fortemente enraizada na afirmação da dignidade transcendente do homem, na defesa da vida humana desde a sua concepção até a morte natural e da liberdade religiosa”, elucidou.

Dessa forma, segundo o Papa, a doutrina ajuda “a vislumbrar a riqueza da sabedoria que vem da experiência de comunhão com o Espírito de Deus e de Cristo e da acolhida sincera do Evangelho”. O Santo Padre ressaltou ainda que somente com a caridade, sustentada pela esperança e iluminada pela fé e pela razão, é possível conseguir objetivos de libertação integral do homem e de justiça universal.

02/11/2010

Identidade litúrgica:oque celebra?



  Hoje o mundo vive uma crise litúrgica. As mudanças foram ocorrendo a passos curtos, porém, já percorreram uma longa distância. Isso fez com que a mentalidade atual ficasse “habituada ao erro”, enraizada num modo de agir que “aparentemente não tem nada demais”, fruto da falta de formação e de uma postura egocêntrica adotada pelos fiéis. Por isso a importância de fazer com que os fins a que se destina a ação litúrgica sejam novamente compreendidos e vivenciados de forma sacra. Pois, segundo Gamber, temos passado, de uma forma exagerada, a pôr o acento na atividade dos participantes, colocando num segundo plano os próprios elementos do culto.

O próprio Sumo Pontífice vem tentando resolver as questões da liturgia, tão mal compreendidas por leigos e até mesmo por Sacerdotes. Reconhecê-la como uma propriedade, ao seu bel prazer, é dar margens a gostos e inclinações pessoais, deixando de lado o sentido da liturgia e desconsiderando 2000 anos de Tradição.

A liturgia é extremamente rica, com um vasto simbolismo presente na Santa Missa, e em especial a Celebração versus Deum, vulgarmente chamada de “de costas”. Neste posicionamento há uma consonância maior entre a Igreja militante e a triunfante, pois toda a Ecclesia, sacerdote e fiéis, está voltada para Deus, em uma comum união. O sacerdote, como capitão da barca, um alter Christus, deixa de ser o foco - o qual nunca deveria ter sido - e se volta, juntamente com todos os fiéis, para o verdadeiro centro da Liturgia. Além disso, o versus Deum permite uma compreensão melhor do sentido sacrificial, gerando nos crentes uma postura digna ao participar do mistério da Cruz que se faz presente na Santa Missa. Ademais, faz com que os abusos litúrgicos sejam suprimidos, em detrimento de uma postura mais piedosa e em consonância com o ethos litúrgico milenar.

Durante a celebração eucarística, o Filho de Deus quer unir-se conosco, através da perpetuação incruenta do Seu sacrifício. Por isso, após a consagração, o sacerdote, fazendo as vezes da Pessoa de Cristo, volta-se ad Orientem, como forma de reforçar a orientação espiritual da liturgia. Este rico simbolismo litúrgico remonta às tradições mais fundamentais do Cristianismo. Infelizmente, a heresia do arqueologismo, que tenta recriar o cenário da dita igreja primitiva, rompe com todo o desenvolvimento orgânico do senso da Liturgia. Em outros ritos, o mistério do altar, em especial o momento da Consagração, é guardado e reservado. No Rito Bizantino as portas da iconostase – porta santa – que apenas clérigos podem usar -, porta diaconal e porta setentrional -, se fecham em silêncio no ápice da Celebração. Do mesmo modo, no Rito Armênio, as cortinas são abertas para conservar o mistério. No Rito Romano houve, por muito tempo, a jubé que, mesmo não sendo uma barreira intencional entre o clero e o povo – sua destinação era criar um ambiente apropriado para a oração monástica e as Missas conventuais – separava o altar-mor da nave. Entretanto, depois do Concílio de Trento, as jubés foram retiradas partindo das definições conciliares que pediam maior acesso dos fiéis ao altar. São Carlos Borromeu enfatizou a importância da visibilidade do altar-mor. Assim, foi construída a Igreja de Gesú, em Roma. Não obstante, a posição versus Deum e, em especial, as orações com voz submissa, encarnam o mesmo caráter oculto, sublime, místico e misterioso da Celebração; seriam a “iconostase ocidental”.

Destarte, por mais absurdo que possa parecer, algumas pessoas concebem a existência de abusos, dos mais variados, no rito de Paulo VI, justificados como expressões de alegria, criatividade, mas não os acham devidos nos ritos Romano Tradicional, Bizantino, Armênio, Copta etc. Claro que o sentido litúrgico é exatamente o mesmo em todos os ritos, a mesma realidade sobrenatural se faz presente. Assim, para tais católicos, é como se “tudo lhes fosse permitido e conveniente” na forma ordinária, um indulto que sanciona todo o tipo de balbúrdia, originando, dessa forma, um caos na antípoda do correto espírito sacrificial. O resultado dessa mentalidade é um círculo vicioso mui destrutivo onde um “pequeno desvio” origina uma diversidade de erros.

A Igreja é o Corpo Místico de Cristo e, como tal, reflete a perfeição e ordem do Deus que a edificou. Só que, muitas vezes, o homem, com toda a atual visão antropocêntrica, fere esse princípio, tentando subordinar o que é divino ao que é humano. A liturgia usa sinais visíveis para expressar uma realidade invisível, agora imagine o quão grave é a falta de reverência, quando não irreverências, de alguns fiéis diante de tais sinais? É inconcebível pensar que existem crentes preocupados em transformar a liturgia naquilo que pré-estabelecem, tentando “ajustar” ao que apreciam.

Isso permite que a própria celebração se transforme numa representação que não condiz com o espírito do Calvário. Os ritos iniciais se transformam numa entrada “alegórica” de diversos leigos com cartazes, faixas, se assemelhando a uma verdadeira peça teatral, com direito até a coreografia. O canto de entrada mais parece uma “ola” num estádio de futebol. O ato penitencial? Ah, esse é feito sem reverência, sem piedade e sem contrição, com músicas muitas vezes que levam os fiéis a pensar em tudo o que está ao seu redor ou até mesmo fora da Igreja, mas não a interiorizar e a refletir sobre os próprios pecados, sequer permite o exercício de um exame de consciência com toda a humildade que é essencial. O Glória é por vezes acompanhado com palmas e danças. E na Oração Eucarística sempre se canta uma música entre a consagração das Oblatas. Isso sem falar na oração da paz, o momento onde Sacerdote e fiéis “rezam juntos”, muitas vezes, infelizmente, a pedido do próprio Presbítero. Silêncio pós-comunhão? Não há, é a “hora de colocar o papo em dia”, afinal, as músicas animadas não param de tocar. Se faz mister frisar que nós não cantamos na Missa, mas sim, cantamos a Missa. A música não é, na Celebração Eucarística, um componente meramente estético, mas sim uma parte essencial da Ação de Graças. Sobretudo, a música deve possuir a qualidade que é própria do senso litúrgico: a santidade. Deve ser santa e, por isso, deverá romper com tudo o que é profano, sendo condizente com a dignidade do templo e favorecendo a edificação dos fiéis.

A mentalidade do fiel moderno é muito problemática. Os abusos litúrgicos e o espírito da reforma criaram uma verdadeira aberração. Os crentes se viciam no erro, se agarram a ele numa postura egocêntrica que reflete o antropocentrismo do ethos da sociedade atual. As Igrejas estão cheias, com pessoas se ajoelhando na Consagração, mas que não conseguem entender nem mesmo a fé que professam com sensatez. Crêem na Eucaristia mas não fazem uma genuflexão diante do Sacrário, crêem na Presença Real mas não se incomodam com irreverências na Comunhão. Seguem um credo mas não conseguem aplicá-lo a toda a realidade religiosa.

Os fiéis estão fechados, viciados, agarrados ao erro. Muitos não estão dispostos a aprender, se importam apenas com aquilo que os fazem bem, com aquilo que gostam e apreciam (sic). O relativismo cria brechas, "permite" malabarismos retóricos. Ora, se alguém entende a Liturgia como Sacrifício e crê na Eucaristia como o Corpo de Cristo é mais do que natural que acate e siga os ensinamentos da Igreja e o correto espírito litúrgico. Assim, fiéis sem nenhum grande conhecimento teológico, apologético, litúrgico, têm posturas legitimamente católicas, justamente porque raciocinam com a sensatez da crença que professam, aplicam os princípios que seguem. Entretanto, o relativismo faz com muitos outros crentes que também crêem na Liturgia como Sacrifício e na Eucaristia com a sua Presença Real, lancem mão de falácias sentimentalistas para endossar contradições óbvias. Nesse caso, contradições pesadas, já que é uma prática que se coloca na antítese da teoria; acreditam na Presença Real mas desonram a Eucaristia como se não acreditassem, por exemplo.

A lei da oração – lex orandi – reflete diretamente na lei da crença – lex credendi – e por isso é temorosa a situação de centenas de milhares de crentes. A fé é alimentada pela prática, pelos símbolos, pela sua vivência piedosa e fidedigna. O choque entre a teoria da fé e a sua prática corrói e desfavorece a compreensão profunda e plena do que se professa. A crença na Eucaristia, por exemplo, se faz na externalização, com atos de devoção, amor e adoração ao Cristo realmente presente. Entretanto, atitudes irreverentes, frias e nada piedosas ao Corpo e Sangue de Nosso Senhor enfraquecem a fé eucarística. O mesmo paradigma serve para todo arcabouço dogmático e doutrinal da Igreja.

Diante disso, urge um clamor para que os fiéis não se comportem na Celebração Eucarística de forma vã e mundana, quiçá apenas com uma compreensão artificial do Mistério que se faz presente no altar. Não se devem poupar esforços para que os crentes reconheçam o verdadeiro sentido da Liturgia, para o verdadeiro triunfo da causa de Deus. Tudo se inicia a partir de um maior zelo eucarístico e fidelidade ao Sacrifício incruento de Cristo na Cruz. Oxalá os cristãos compreendam a magnanimidade da celebração com todo o seu rico simbolismo, em especial a posição versus Deum, para que possam se entregar ao real sentido do sacrifício e permitir a transmissão da riqueza milenar da Igreja.
 
Bethânia Bittencourt, solteira, é fonoaudióloga e membro do Ministério Anticorpos, destacado grupo católico, de formação apologética, na Bahia

O purgatório,a igreja primitiva e os santos padres da Igreja


O Purgatório é uma das doutrinas que mais tem sido rejeitadas pelos protestantes. Frequentemente ouvimos fundamentalistas afirmarem, sem o mínimo rigor histórico, que trata-se de uma invenção de São Gregório Magno em plena Idade Média. Entre alguns exemplos que extraímos de diversos artigos da Internet encontra-se o do conhecido protestante anticatólico Dave Hunt:

"No Catolicismo, a 'purificação' ocorre em um lugar chamado 'purgatório', inventado pelo Papa Gregório o Grande no ano 593 d.C."[1].
Um comentário bastante semelhante é feito por Daniel Sapia, que cita o anterior em detalhes:
"A idéia do Purgatório - um lugar fictício de purificação final - foi inventada pelo Papa Gregório o Grande no ano 593. Havia tal rejeição para se aceitar a idéia - visto que era contrária à Escritura - que o Purgatório não se tornou um dogma oficial durante quase 850 anos, quando o Concílio de Florença, em 1439, o definiu"[2].
Seria verdade que o Purgatório é uma invenção de São Gregório Magno, na Idade Média, como afirma Hunt e repete Sapia? Seria verdade que houve tal rejeição para se aceitar a doutrina do Purgatório que não se tornou um dogma de fé até o Concílio de Florença?
Antes de respondermos a estas perguntas é necessário estudar a doutrina do Purgatório, caso contrário não a reconheceremos nos escritos da Igreja primitiva:
A DEFINIÇÃO DE PURGATÓRIO NO CATECISMO DA IGREJA E NOS CONCÍLIOS ECUMÊNICOS
O Catecismo da Igreja Católica explica o Purgatório da seguinte maneira:
"1030. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.
1031. A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador:
'No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro' (São Gregório Magno, Dial. 4,39)".
É oportuno começar esclarecendo a inexatidão de Sapia - a quem algumas lições de história não fariam mal! - pois já antes do Concílio Ecumênico de Florença dois outros Concílios Ecumênicos haviam definido o Purgatório de forma clara: os Concílios Ecumênicos de Lião I e II, em 1245 e 1274 respectivamente:
"...Finalmente, afirmando a Verdade no Evangelho, que se alguém blasfemar contra o Espírito Santo não ser-lhe-á perdoada nem neste mundo nem no futuro [Mat. 12,32], o que dá a entender que algumas culpas são perdoadas no século presente e outras no futuro, bem como também disse o Apóstolo, que o fogo provará a obra de cada um; e aquele cuja obra arder sofrerá dano; ele, porém, se salvará, mas como quem passa pelo fogo [1Cor. 3,13.15]; e como os próprios gregos dizem que crêem e afirmam verdadeira e indubitavelmente que as almas daqueles que morrem, recebida a penitência, porém sem cumprí-la; ou sem pecado mortal, mas apenas veniais e pequenos; são purificadas após a morte e podem ser auxiliadas pelos sufrágios da Igreja; visto que [os gregos] dizem que o lugar desta purificação não lhes foi indicado com nome certo e próprio por seus doutores, como nós que, de acordo com as tradições e autoridades dos Santos Padres, o chamamos 'Purgatório', queremos que daqui por diante também eles o chamem por este nome. Porque com aquele fogo transitório certamente são purificados os pecados, não os criminais ou capitais que antes não tenham sido perdoados pela penitência, mas os pequenos ou veniais, que pesam mesmo depois da morte, ainda que tenham sido perdoados em vida..." (Concílio Ecumênico de Lião I, 13º Ecumênico).
"...Mas por causa dos diversos erros que alguns por ignorância e outros por malícia introduziram, devemos dizer e pregar que aqueles que depois do batismo caem no pecado não devem ser rebatizados, mas que obtêm pela verdadeira penitência o perdão dos pecados. E se verdadeiramente arrependidos morrerem em caridade antes de ter satisfeito com frutos dignos de penitência por seus atos e omissões, suas almas são purificadas após a morte com penas purgatórias ou catartérias, como nos explicou frei João; e para alívio dessas penas lhes aproveitam os sufrágios dos fiéis vivos a saber: os sacrifícios das missas, as orações e esmolas, e outros ofícios de piedade que, segundo as instituições da Igreja, alguns fiéis costumam a fazer em favor de outros. Mas aquelas almas que após terem recebido o santo batismo não incorreram em mancha alguma de pecado e também aquelas que após o contraírem se purificaram - quer enquanto permaneciam em seus corpos quer após deixá-los - como acima foi dito, são recebidas imediatamente no céu" (Concílio de Lião III, 14º Ecumênico).
Com efeito, o Concílio de Florença simplesmente reafirmava o que estes outros Concílios Ecumênicos já tinham definido alguns séculos antes:
"...Desta forma, se os verdadeiros penitentes deixarem este mundo antes de terem satisfeito com frutos dignos de penitência pela ação ou omissão, suas almas são purgadas com penas purificatórias após a morte; e para serem aliviadas destas penas, lhes aproveitam os sufrágios dos fiéis vivos, tais como o sacrifício da missa, orações e esmolas, e outros ofícios de piedade que os fiéis costumam praticar por outros fiéis, segundo as instituições da Igreja. E que as almas daqueles que após receberem o batismo não incorreram absolutamente em mancha alguma de pecado e também aquelas que, após contrair mancha de pecado, a purgaram, quer enquanto viviam em seus corpos quer após o deixarem, segundo o que foi dito acima, são imediatamente recebidas no céu..." (Concílio de Florença, 17º Ecumênico).
O mesmo reafirma o Concílio de Trento (de 1545 a 1563):
"Tendo a Igreja Católica, instruída pelo Espírito Santo, segundo a doutrina da Sagrada Escritura e da antiga tradição dos Padres, ensinado nos sagrados concílios e atualmente neste Geral de Trento, que existe Purgatório, e que as almas detidas nele recebem alivio com os sufrágios dos fiéis e em especial com o aceitável sacrifício da missa, ordena o Santo Concílio aos Bispos, que cuidem com máximo esmero que a santa doutrina do Purgatório, recebida dos santos Padres e sagrados concílios, seja ensinada e pregada em todas as partes, e que seja acreditada e conservada pelos fiéis cristãos. Excluam-se, todavia, dos sermões pregados em língua vulgar à plebe rude, as questões muito difíceis e sutis que a nada conduzem à edificação e com as quais raras vezes se aumenta a piedade. Também não se permita que sejam divulgadas e tratadas as coisas incertas, ou que tenham vislumbres ou indícios de falsidade. Ficam proibidas, por serem consideradas escandalosas e que servem de tropeço aos fiéis, as que tocam em certa curiosidade ou superstição, ou tem resíduos de interesse ou de sórdida ganância. Os bispos deverão cuidar para que os sufrágios dos fiéis, a saber, os sacrifícios das missas, as orações, as esmolas e outras obras de piedade que costumam fazer pelos defuntos, sejam executados piedosa e devotadamente segundo o estabelecido pela Igreja, e que seja satisfeita com esmero e exatidão, tudo quanto deve ser feito pelos defuntos, segundo exijam as fundações dos entendidos ou outras razões, não superficialmente, mas sim por sacerdotes e ministros da Igreja e outros que têm esta obrigação" (Concílio de Trento, 19º Ecumênico - Sessão 25: Decreto sobre o Purgatório).
Porém, muito antes destas definições conciliares, era amplamente conhecida a doutrina do Purgatório, como bem demonstram as seguintes evidências patrísticas:
PERPÉTUA
Santa Perpétua foi uma mártir cristã martirizada em 203 juntamente com outros cinco cristãos (Felicidade, Revocato, Saturnino, Segundo e Saturo).
Esquanto estava na prisão, teve uma dupla visão em que viu seu irmão, falecido 7 anos antes, sair de um lugar tenebroso onde estava sofrendo. Santa Perpétua passou então a rezar pelo descanso eterno de sua alma e, logo após ser ouvida pelo Senhor, teve uma segunda visão em que viu seu irmão seguro e em paz porque sua pena havia sido satisfeita:
"Imediatamente, nessa mesma noite, isto me foi mostrado em uma visão: eu vi Dinocrate saindo de um lugar sombrio, onde se encontravam também outras pessoas; e ele estava magro e com muita sede, com uma aparência suja e pálida, com o ferimento de seu rosto quando havia morrido. Dinocrate foi meu irmão de carne, tendo falecido há 7 anos de uma terrível enfermidade... Porém, eu confiei que a minha oração haveria de ajudá-lo em seu sofrimento e orei por ele todo dia, até irmos para o campo de prisioneiros... Fiz minha oração por meu irmão dia e noite, gemendo e lamentando para que [tal graça] me fosse concedida. Então, certo dia, estando ainda prisioneira, isto me foi mostrado: vi que o lugar sombrio que eu tinha observado antes estava agora iluminado e Dinocrate, com um corpo limpo e bem vestido, procurava algo para se refrescar; e onde havia a ferida, vi agora uma cicatriz; e essa piscina que havia visto antes, vi que seus níveis haviam descido até o umbigo do rapaz. E alguém incessantemente extraía água da tina e próximo da orla havia uma taça cheia de água; e Dinocrate se aproximou e começou a beber dela e a taça não reduziu [o seu nível]; e quando ele ficou saciado, saiu pulando da água, feliz, como fazem as crianças; e então acordei. Assim, entendi que ele havia sido levado do lugar do castigo" (Paixão de Perpétua e Felicidade 2,3-4).[3]
ABÉRCIO
Bispo de Hierápolis, na Frígia, na segunda metade do século II e início do III, foi desde cedo bastante venerado pela Igreja grega e, posteriormente, pela Igreja latina. Sabe-se que visitou Roma regressando logo depois pela Síria e Mesopotâmia. Antes de morrer, compôs seu próprio epitáfio, datado de finais do século II ou início do III, em que pede que se ore por ele:
"Cidadão de pátria ilustre, / Construí este túmulo durante a vida, / Para que meu corpo - num dia - pudesse repousar. / Chamo-me Abércio: / Sou discípulo de um Santo Pastor, / Que apascenta seu rebanho de ovelhas, / Por entre montes e planícies. / Ele tem enormes olhos que tudo enxergam, / Ensinou-me as Escrituras da Verdade e da Vida / [...] / Eu, Abércio, ditei este texto / E o fiz gravar na minha presença / Aos setenta e dois anos. / O irmão que o ler por acaso / Ore por Abércio." (Epitáfio de Abércio).[4]
ATOS DE PAULO E TECLA
Os Atos de Paulo e Tecla, escritos no século II (ano 160), narram a história de uma convertida que se converteu ao ouvir as pregações de São Paulo e, após desfazer o compromisso com seu noivo, se dedica a assistir Paulo na evangelização. Lemos aí uma oração de intercessão para que uma cristã falecida seja levada para o lugar dos justos:
"E após a exibição, Trifena novamente a recebeu. Sua filha Falconila havia morrido e disse para ela em sonhos: 'Mãe: deverias ter esta estrangeira, Tecla, como a mim, para que ela ore por mim e eu possa ser levada para o lugar dos justos" (Atos de Paulo e Tecla).[5]
CLEMENTE DE ALEXANDRIA
Nasceu por volta do ano 150, provavelmente em Atenas, de pais pagãos. Após tornar-se cristão, viajou pelo o sul da Itália, Síria e Palestina, em busca de mestres cristãos, até que chegou em Alexandria. Os ensinamentos de Panteno, líder da escola catequética de Alexandria (Egito), fizeram com que se estabelecesse ali. No ano 202, a perseguição de Sétimo Severo o obrigou a abandonar o Egito e a se refugiar na Capadócia, onde morreu pouco antes de 215.
Seu conhecimento dos escritos pagãos e da literatura cristã é notável! Segundo Quasten, em suas obras podemos encontrar cerca de 360 citações dos clássicos, 1500 do Antigo Testamento e 2000 do Novo; portanto, é considerado cronologicamente como o primeiro sábio cristão, conhecedor profundo não apenas da Sagrada Escritura mas ainda das obras cristãs anteriores a ele e, inclusive, obras da literatura profana.
Nos "Stromata" ou "Tapeçarias" (Στρωματεις), fala da purificação pelo "fogo" que a alma sofre posteriormente à morte, quando não atingiu a plena santidade:
"Através de grande disciplina o crente se despoja das suas paixões e passa a mansão melhor que a anterior; passa pelo maior dos tormentos, tomando sobre si o arrependimento das faltas que possa ter cometido após o seu batismo. Então, é torturado mais ao ver que não conseguiu o que os outros já conseguiram. Os maiores tormentos são atribuídos ao crente porque a justiça de Deus é boa e sua bondade é justa; e estes castigos completam o curso da expiação e purificação de cada um" (Stromata 4,14).[6]
"Porém, nós dizemos que o fogo santifica não a carne, mas as almas pecadoras; referindo-se não ao fogo comum, mas o da sabedoria, que penetra na alma que passa pelo fogo" (Stromata 8,6).[7]
TERTULIANO
Tertuliano nasceu em Cartago antes do ano 160. Por volta do ano 195, se converteu ao Cristianismo e chegou a se tornar em um notável escritor eclesiástico. Infelizmente, por volta do ano 207, aderiu abertamente à seita herética de Montano e acabou fundando sua própria seita (a dos Tertulianistas).
Encontram-se nos escritos de Tertuliano numerosas e claras referências ao Purgatório. Entre elas, podemos mencionar: "De Anima" (Da Alma), que fala da purificação da alma após a morte; em "De Carnis Resurrectione" (Da Ressurreição da Carne), chega ao extremo de afirmar que apenas os mártires viverão diretamente na presença de Deus; em "De Monogamia" (Da Monogamia), fala como as orações pelos falecidos podem ajudá-los; e em "De Corona" (Da Coroa), menciona o costume da Igreja celebrar a Eucaristia pelo descanso eterno dos falecidos:
"Por isso, é muito conveniente que a alma, sem esperar a carne, sofra um castigo pelo que tenha cometido sem a cumplicidade da carne. E, igualmente, é justo que, em recompensa pelos bons e piedosos pensamentos que tenha tido sem a cooperação da carne, receba consolos sem a carne. Mais ainda: as próprias obras realizadas com a carne, ela é a primeira a conceber, dispor, ordenar e pô-las em alerta. E ainda naqueles casos em que ela não consente em pô-las em alerta, no entanto, é a primeira a examinar o que logo fará no corpo. Enfim, a consciência não será nunca posterior ao fato. Consequentemente, também a partir deste ponto de vista, é conveniente que a substância que foi a primeira a merecer a recompensa seja também a primeira a recebê-la. Em suma: já que por esta lição que nos ensina o Evangelho entendemos o inferno, já que 'por esta dívida, devemos pagar até o último centavo', compreendemos que é necessário purificar-se das faltas mais ligeiras nesses mesmos lugares, no intervalo anterior à ressurreição; ninguém poderá duvidar que a alma recebe logo algum castigo no inferno sem prejuízo da plenitude da ressurreição, quando receberá a recompensa juntamente com a carne" (Da Alma 58: PL 2,751).[8]
"Ao deixar o seu corpo, ninguém vai imediatamente viver na presença do Senhor - exceto pela prerrogativa do martírio, pois então adquire uma morada no paraíso e não nas regiões inferiores" (Da Ressurreição da Carne 43).[9]
"Certamente, ela roga pela alma de seu marido; pede que durante este intervalo ele possa encontrar descanso e participar da primeira ressurreição [...] Oferece, a cada ano, o sacrifício no aniversário de sua dormição" (Da Monogamia 10).[10]
"O sacramento da Eucaristia, encomendado pelo Senhor no tempo da ceia e para todos, o recebemos nas assembléias, antes do amanhecer, e não das mãos de outros que não sejam os que as presidem. Fazemos oblações pelos falecidos, a cada ano, nos dias de aniversário" (Da Coroa 3: PL 2,79).[11]
Não se pode deixar de observar que Tertuliano escreveu isto muitos anos antes de São Gregório Magno "sonhar" em nascer...
CIPRIANO DE CARTAGO
São Cipriano nasceu em torno do ano 200, provavelmente em Cartago, de família rica e culta. Dedicou-se, em sua juventude, à retórica. O desgosto que sentia diante da imoralidade dos ambientes pagãos contrastados com a pureza de costumes dos cristãos o induziu a abraçar o Cristianismo por volta do ano 246. Pouco depois, em 248, foi eleito bispo de Cartago. Durante a perseguição de Décio, em 250, julgou melhor afastar-se para outro lugar, para continuar a se ocupar com seu rebanho de fiéis. Dele conservamos uma dezena de opúsculos sobre diversos temas de então e, particularmente, uma coleção de 81 cartas.
Em São Cipriano encontramos, da mesma forma que nos anteriores, referências ao Purgatório feitas séculos antes de São Gregório Magno:
"Uma coisa é pedir perdão; outra coisa, alcançar a glória. Uma coisa é estar prisioneiro sem poder sair até ter pago o último centavo; outra coisa, receber simultaneamente o valor e o salário da fé. Uma coisa é ser torturado com longo sofrimento pelos pecados, para ser limpo e completamente purificado pelo fogo; outra coisa é ter sido purificado de todos os pecados pelo sofrimento. Uma coisa é estar suspenso até que ocorra a sentença de Deus no Dia do Juízo; outra coisa é ser coroado pelo Senhor" (Epístola 51,20).[12]
São Cipriano também atesta o comum costume de se fazer orações e oferecer a Eucaristia pelo descanso eterno dos falecidos, o que seria inútil caso as orações não pudessem ajudá-los:
"Oferecemos por eles sacrifícios, como percebeis, sempre que na comemoração anual celebramos os dias da paixão dos mártires" (Epístola 33,3).[13]
No seguinte texto também podemos ver São Cipriano atestando de maneira implícita o costume de se oferecer a Eucaristia pelos falecidos. É negado para o caso particular de Victor em razão da violação das decisões conciliares, por ter ordenado ilegitimamente Gemínio Faustino como presbítero:
"...E quanto a Victor, visto que contrariamente à forma prescrita pelo recente Concílio dos sacerdotes se atreveu a constituir tutor ao presbítero Gemínio Faustino, não há razão para que se celebre, entre vós, a oblação pela sua morte ou se reze por ele qualquer oração na Igreja; desta forma, observaremos nós o decreto dos sacerdotes, elaborado religiosamente e por necessidade, dando-se, ao mesmo tempo, exemplo aos demais irmãos, para que ninguém deseje as moléstias mundanas aos sacerdotes e ministros de Deus dedicados ao seu altar e Igreja" (Epístola 65,2).[14]
Outro texto similar:
"Finalmente, anotai também os dias em que eles morrem, para que possamos celebrar suas comemorações entre as memórias dos mártires; por mais que Tertuliano, nosso fidelíssimo e devotíssimo irmão, com aquela solicitude e cuidado que reparte com os irmãos sem se orgulhar da sua atividade, e como no cuidado dos cadáveres remanescentes ali, tenha escrito e me faça saber, entre outras coisas, os dias em que nossos ditosos irmãos partiram do cárcere para a imortalidade através de uma morte gloriosa, celebramos aqui nossas oblações e sacrifícios em comemoração deles, as quais prontamente celebraremos convosco, com a ajuda de Deus" (Epístola 36,2).[15].
ORÍGENES
Ilustre teólogo e escritor eclesiástico. Nascido em Alexandria por volta do ano 231, foi reconhecido como o maior mestre da doutrina cristã em sua época, exercendo uma extraordinária influência como intérprete da Bíblia.
Orígenes enxerga em 1Coríntios 3 uma alusão ao Purgatório:
"Pois se sobre o fundamento de Cristo contruístes não apenas ouro e prata mas pedras preciosas e ainda madeira, cana e palha, o que esperas que ocorra quando a alma seja separada do corpo? Entrarias no céu com tua madeira, cana e palha e, deste modo, mancharias o reino de Deus? Ou em razão destes obstáculos poderias ficar sem receber o prêmio por teu ouro, prata e pedras preciosas? Nenhum destes casos seria justo. Com efeito, serás submetido ao fogo que queimará os materiais levianos. Para nosso Deus, àqueles que podem compreender as coisas do céu, encontra-se o chamado 'fogo purificador'. Porém, este fogo não consome a criatura, mas aquilo que ela construiu: madeira, cana ou palha. É manifesto que o fogo destrói a madeira de nossas transgressões e logo nos devolve o prêmio de nossas grandes obras" (P.G. 13, col. 445,448).[16]
LACTÂNCIO
Loarte comenta que foi chamado "o Cícero cristão" por seu elegante manejo da língua latina. Nasceu no norte da África por volta do ano 250, de pais pagãos. Provavelmente converteu-se ao Cristianismo na Nicomédia. Durante a última grande perseguição, por volta do ano 303, viu-se obrigado a abandonar sua cátedra e exilar-se na Bitínia. Após o Edito de Milão, Constantino o chamou a Tréveris, para confiar-lhe a educação de Crispo, seu filho mais velho. Pouco mais conhecemos da vida de Lactâncio, que deve ter falecido por volta do ano 317.
Em suas "Instituições Divinas", livro 7, enxerga 1Coríntios 3 da mesma forma que Orígenes: como uma referência ao Purgatório...
"Porém, quando julgar os justos, Ele também os provará com fogo. Então aqueles cujos pecados excederem em peso ou número, serão chamuscados pelo fogo e queimados; mas aqueles a quem imbuiu a justiça e plena maturidade da virtude não perceberão esse fogo porque eles têm algo de Deus neles mesmos, que repele e rejeita a violência da chama" (Instituições Divinas 7,21).[17]
EFRÉM DA SÍRIA
Nasceu por volta do ano 306, no povoado de Nísibis (hoje chamada Nusaybim, na Turquia). Diácono, Doutor da Igreja e escritor eclesiástico. Estima-se que faleceu por volta do ano 373, embora alguns autores afirmem que viveu até 378 ou 379.
Em seu testamento, solicita que orem por ele e cita o livro dos Macabeus como evidência de que as orações dos vivos podem ajudar a expiar os pecados dos falecidos:
"Quando se cumprir o trigésimo dia [da minha morte], lembrai-vos de mim, irmãos. Os falecidos, com efeito, recebem ajuda graças a oferenda que fazem os vivos (...) Se como está escrito, os homens de Matatias encarregados do culto em favor do exército expiaram, pelas oferendas, as culpas daqueles que tinham perecido e eram ímpios por seus costumes, quanto mais os sacerdotes de Cristo, com suas santas oferendas e orações, expiarão os pecados dos falecidos" (Testamento, 72,28:EP 741).[18]
BASÍLIO MAGNO
Nasceu por volta do ano 330, do seio de uma família profundamente cristã. No ano 364 foi ordenado sacerdote e, 6 anos depois, sucedeu a Eusébio, bispo de Cesaréia, metropolita da Capadócia e exarca da diocese do Ponto. Faleceu no ano 379.
Fala como aqueles atletas de Deus, logo após terem sido salvos, podem ser "detidos" se por acaso conservarem algumas manchas de pecado:
> "Penso que os valorosos atletas de Deus, os quais durante toda a sua vida estiveram frequentemente em luta contra os seus inimigos invisíveis, após terem superado todos os seus ataques, ao chegarem ao fim de suas vidas serão examinados pelo príncipe do século, a fim de que, se em consequência das lutas tiverem algumas feridas ou certas manchas ou vestígios de pecado, sejam detidos; porém, se são encontrados imunes e incontaminados, como invictos e livres encontram o descanso junto a Cristo" (Homilias sobre os Salmos 7,2: PG 29,232).[19]
CIRILO DE JERUSALÉM
Nasceu em Jerusalém ou em sua circunvizinhança, em torno do ano 313 ou 315. Foi Padre da Igreja e arcebispo de Jerusalém. Estima-se que morreu em 386.
Em sua catequese reafirma a imemorial Tradição da Igreja de orar pelos falecidos por seu eterno descanso:
"Recordamos também de todos os que já dormiram; em primeiro lugar, os patriarcas, os profetas, os apóstolos, os mártires, para que, por suas preces e intercessão, Deus acolha a nossa oração. Depois, também pelos santos padres, bispos falecidos e, em geral, por todos cuja vida transcorreu entre nós, crendo que isso será da maior ajuda para aqueles por quem se reza. Quero vos esclarecer isso com um exemplo: visto que muitos ouviram dizer: para que serve a uma alma sair deste mundo com ou sem pecados se depois faz-se menção dela na oração? Suponhamos, por exemplo, que um rei envia ao desterro alguém que o ofendeu; porém, depois, os seus parentes, afligidos pela pena, lhe oferecem uma coroa. Por acaso não ficarão agradecidos pelo relaxamento dos castigos? Do mesmo modo, também nós apresentamos súplicas a Deus pelos falecidos, ainda que sejam pecadores. E não oferecemos uma coroa, mas sim Cristo morto por nossos pecados, pretendendo que o Deus misericordioso se compadeça e seja propício tanto com eles quanto conosco" (Catequese 13,9-10).[20]
EPIFÂNIO DE SALAMINA
Nasceu por volta do ano 315 na Judéia. Fundou um mosteiro que dirigiu por quase 30 anos. Foi bispo de Salamina e metropolita do Chipre. Morreu no ano 367.
Testemunha, da mesma maneira que os anteriores, a utilidade das orações pelos falecidos para obter de Deus o perdão das suas culpas:
"Quanto a recitação dos nomes dos falecidos, o que pode haver de mais útil e que seja mais oportuno e digno de louvor, a fim de que os presentes percebam que os falecidos continuam vivendo e não foram reduzidos ao nada, mas continuam existindo e vivem junto do Senhor, restando assim afiançada a esperança daqueles que rezam por seus irmãos falecidos, considerando-os como se tivessem emigrado para outro país? São úteis, com efeito, as preces que são feitas em seu favor, mesmo que não possam eliminar todas as suas culpas" (Panarion 75,8: PG 42,513).[21]
GREGÓRIO DE NISSA
Nasceu entre os anos 331 e 335. Era irmão de São Basílio Magno, que o consagrou bispo de Nissa em 371. Faleceu no ano 394.
O seguinte texto é uma referência tão clara ao Purgatório que não necessita de nenhum comentário:
"Quando ele renuncia a seu corpo e a diferença entre a virtude e o vício é conhecida, não pode pode se aproximar de Deus até que seja purificado com o fogo que limpa as manchas com as quais a sua alma está infectada. Esse mesmo fogo em outros cancelará a corrupção da matéria e a propensão ao mal" (Sermão sobre a Morte 2,58).[22]
JOÃO CRISÓSTOMO
São João Crisóstomo é o representante mais importante da Escola de Antioquia e um dos quatro grandes Padres da Igreja no Oriente. Nascido por volta do ano 350, talvez antes, foi ordenado sacerdote no ano 386 e em 397 foi consagrado bispo de Constantinopla. Morreu em 407.
Atesta que foram os próprios Apóstolos que instituíram a celebração da eucaristia pelo descanso eterno dos falecidos e exorta a não cessarmos de ajudar os defuntos com nossas orações, já que, graças a elas, recebem consolo:
"Não sem razão foi determinado, mediante leis estabelecidas pelos Apóstolos, que na celebração dos sagrados e impressionantes mistérios se faça a memória dos que já passaram desta vida. Sabiam, com efeito, que com isso os falecidos obtêm muito fruto e tiram grande proveito. Quando todo o povo e os sacerdotes estão com as mãos estendidas e se está celebrando o santo sacrifício, por acaso Deus não se mostrará propício com aqueles em favor dos quais lhe imploramos? Tratam-se daqueles que morreram conservando a fé" (Homilias sobre a Carta aos Filipenses 3,4: PG 62,203).[23]
"Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai, 'porque deveríamos duvidar que quando nós também oferecemos [o sacrifício] pelos que já partiram, recebem eles algum consolo'? Já que Deus costuma atender aos pedidos 'daqueles que pedem pelos demais', não cansemos de ajudar os falecidos, oferecendo em seu nome e orando por eles" (Homilias sobre 1Corintios 41,8).[24]
SANTO AGOSTINHO
Doutor da Igreja nascido em Tagaste (África) no ano 354, filho de Santa Mônica. Após uma vida ímpia, converteu-se no ano 387 e, posteriormente, foi eleito bispo de Hipona, ministério que exerceu durante 34 anos. É considerado um dos Padres mais influentes do Ocidente e seus escritos são de grande atualidade. Morreu no ano 430.
As descrições do Purgatório por parte de Santo Agostinho também são bastante anteriores a São Gregório Magno e são tão claras que tampouco necessitam de explicações:
"Senhor, não me interpeles na tua indignação. Não me encontres entre aqueles a quem haverás de dizer: 'ide para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus anjos'. Nem me corrijas em teu furor, mas purifica-me nesta vida e torna-me tal que já não necessite do fogo corretor, atendendo aos que hão de salvar-se, ainda que, não obstante, como que através do fogo. Por que acontece isto se não é porque edificam aqui sobre o cimento, lenha, palha e feno? Se tivesse edificado sobre o ouro, a prata e as pedras preciosas, estariam livres de ambas as classes de fogo, não apenas daquele eterno, que atormentará os ímpios para sempre, mas também daquele que corrigirá aos que hão de salvar-se através do fogo" (Comentário ao Salmo 37,3: BAC 235,654).[25]
"Quando alguém padece algum mal, pela perversidade ou erro de um terceiro, peca, certamente, o homem que por ignorância ou injustiça causa um mal a alguém; porém não peca Deus, que por um justo mas oculto desígnio, permite que isto ocorra. Contudo, há penas temporais que alguns padecem apenas nesta vida, outros após a morte, e outros agora e depois. De toda forma, estas penas são sofridas antes daquele severíssimo e definitivo juízo. Mas nem todos os que hão de sofrer penas temporais através da morte cairão nas eternas, que terão lugar após o juízo. Haverá alguns, de fato, a quem se perdoarão no século futuro o que não se lhes foi perdoado no presente; ou seja, que não serão castigados com o suplício eterno do século futuro, como falamos mais acima" (A Cidade de Deus 21,13: BAC 172,791-792).[26]
"A maior parte [das pessoas], uma vez conhecida a obrigação da lei, se veem vencidas primeiramente pelos vícios que chegam a dominá-las; tornam-se, assim, transgressoras da lei. Logo buscam refúgio e auxílio na graça, com a qual recuperarão a vitória, mediante uma amarga penitência e uma luta mais vigorosa, submetendo primeiro o espírito a Deus e obtendo depois o domínio sobre a carne. Quem quiser, pois, evitar as penas eternas não deve apenas se batizar; deve ainda se santificar seguindo a Cristo. Assim é como quem passa do diabo para Cristo. Quanto às penas expiatórias, não pense ninguém em sua existência se não será antes do último e terrível juízo" (A Cidade de Deus 21, 16: BAC 172,798.[27]
"Não se pode negar que as almas dos falecidos são aliviadas pela piedade dos parentes vivos, quando oferecem por elas o sacrifício do Mediador ou quando praticam esmolas na Igreja. Porém, estas coisas aproveitam aquelas [almas] que, quando viviam, mereceram que se lhes pudessem aproveitar depois. Pois há um certo modo de viver, nem tão bom que aproveite destas coisas depois da morte, nem tão mal que não lhes aproveitem; há tal grau no bem que o que possui não aproveita de menos; ao contrário, há tal [grau] no mal que não pode ser ajudado por elas quando passar desta vida. Portanto, aqui o homem adquire todo o mérito com que pode ser aliviado ou oprimido após a morte. Ninguém espere merecer diante de Deus, quando tiver falecido, o que durante a vida desprezou" (Das Oito Questões de Dulcício 2, 4: BAC 551,389).[28]
"Lemos nos livros dos Macabeus que foi oferecido um sacrifício pelos falecidos. E apesar de não podermos ler isto em nenhum outro lugar do Antigo Testamento, não é pequena a autoridade da Igreja universal que reflete este costume, quando nas orações que o sacerdote oferece ao Senhor, nosso Deus, sobre o altar encontra seu momento especial na comemoração dos falecidos" (Do Cuidado devido aos Mortos 1,3: BAC 551,439).[29]
"Na pátria (=céu) não haverá lugar para a oração, mas apenas para o louvor. Por que não para a oração? Porque nada faltará. O que aqui é objeto de fé, ali será objeto de visão. O que aqui se espera, ali se possuirá. O que aqui se pede, ali se recebe. Contudo, nesta vida existe uma certa perfeição alcançada pelos santos mártires. A isto se deve o uso eclesiástico, conhecido pelos fiéis, de se mencionar os nomes dos mártires diante do altar de Deus; não para orar por eles, mas pelos demais falecidos de que se faz menção. Seria uma injúria rogar por um mártir, a cujas orações devemos nos encomendar. Ele lutou contra o pecado até derramar seu sangue. Aos outros, imperfeitos todavia, mas sem dúvida parcialmente justificados, diz o Apóstolo na Epístola aos Hebreus: 'Todavia não resististes até tombar em vossa luta contra o pecado'" (Sermão 159,1: BAC 443,498).[30]
GREGÓRIO MAGNO
Papa e doutor da Igreja, é o quarto e último dos originais Doutores da Igreja latina. Defendeu a supremacia do Papa e trabalhou pela reforma do clero e da vida monástica. Nasceu em Roma por volta do ano 540 e faleceu em 604.
Enxergava em Mateus 12,32 uma referência implícita ao Purgatório:
"Tal como alguém sai deste mundo, assim se apresenta no Juízo. Porém, deve-se crer que exista um fogo purificador para expiar as culpas leves antes do Juízo. A razão para isso é que a Verdade afirma que se alguém disser uma blasfêmia contra o Espírito Santo, isto não lhe será perdoado nem neste século nem no vindouro. Com esta sentença se dá a entender que algumas culpas podem ser perdoadas neste mundo e algumas no outro, pois o que se nega em relação a alguns deve-se compreender que se afirma em relação a outros (...) No entanto, tal como já disse, deve-se crer que isto se refere a pecados leves e de menor importância" (Diálogos 4,39: PL 77,396).[31]
CONCLUSÃO
Isto é apenas uma seleção parcial de textos patrísticos referentes ao Purgatório. Na verdade, torna-se difícil entender, à luz das sentenças anteriores, como ainda existem pessoas que afirmam que o Purgatório foi invenção da Idade Média. Peço a Deus que isto se dê por ignorância e não por malícia. Felizmente, estes textos estão ao alcance de todos e oferecem uma evidência indiscutível quanto a fé da Igreja primeira... a nossa Igreja [católica]